Em crise, igrejas demitem e tentam baixar "aluguel" nas TVs
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A pandemia de coronavírus continua fazendo vítimas econômicas em série no Brasil. Inclusive em igrejas.
Alguns líderes de evangélicos neopentecostais já demonstram desespero com os principais efeitos da quarentena: templos vazios e cofres cada vez com menos dinheiro.
A reação de boa parte desses líderes não tem sido muito variada.
Alguns (como Silas Malafaia) estão apelando diretamente ao presidente Jair Bolsonaro ou para membros do governo para que seja feito o relaxamento da quarentena e a permissão de reabertura imediata de templos.
Aliás, isso deve ocorrer de forma controlada já neste final de semana em capitais como Goiânia.
Demissões e cortes em massa
Outros religiosos, porém, estão agindo de forma mais enfática: demitem em massa funcionários de seus veículos de comunicação (como a Igreja Renascer); apelam por doações on-line (como a Igreja Mundial); ou então ameaçam rescindir ou não renovar contratos com emissoras de TV nas quais "arrendam" ou "alugam" horários na programação.
Nesse último caso, as igrejas querem renegociar e baixar o valor da locação (caso da Igreja Internacional da Graça).
As duas emissoras mais ameaçadas por essa última "tática" são a Band e a RedeTV.
Das emissoras abertas, elas são as que mais têm dependência do aluguel de horários para igrejas. E vice-versa, claro.
Nas duas estão presentes a Igreja Universal, do bispo Macedo, e a Internacional da Graça, do pastor R.R.Soares.
Segundo esta coluna apurou, emissários da Universal e Internacional já estão tentando baixar o valor do aluguel.
A RedeTV pode ser a mais afetada no curto prazo, já que ela tem tanto a Universal como a Internacional como locatárias de horários.
No caso da Band o risco pode ser ainda maior não só em curto, mas em médio e longo prazos.
Isso porque boa parte do faturamento do Grupo Band hoje vem não só da hora diária comprada pelo pastor R.R.Soares (fala-se em não menos de R$ 80 milhões anuais), mas também do arrendamento do canal 21 (UHF) para a Universal.
Nesse último caso a estimativa mais baixa de especialistas do mercado é algo em torno de R$ 130 milhões anuais.
Ainda há o caso da RecordTV, que há décadas tem parte de suas madrugadas arrendada para a Universal.
Mas, nesse caso, não há negociação de fato: a igreja paga quanto quer (especula-se que até o ano passado não seriam menos de R$ 350 milhões anuais).
Enquanto discutem tudo isso, a maioria dos líderes religiosos continua cortando na carne.
Na carne alheia, claro.
Depois de demissões em massa na Rede Gospel, que pertence à Igreja Renascer, a RIT (Rede Internacional de Televisão), do pastor Soares, também começou a demitir.
Vários funcionários da TV da igreja foram demitidos nos últimos 15 dias em várias capitais. Uma das sedes mais afetadas foi a de Belo Horizonte.
O mesmo tem ocorrido na TV e nas rádios da Igreja Mundial, do apóstolo Valdemiro Santiago, que também está demitindo ou reduzindo salários.
Esta semana Santiago lançou mais uma campanha midiática destinada a angariar R$ 70 milhões em doações imediatamente, segundo ele, para evitar que a igreja "quebre".
No ano passado, mesmo sem pandemia, ele já tinha lançado outra campanha para "doações emergenciais".
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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