Entrevista: Danielle Colby, a força atrás dos "Caçadores de Relíquias"
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Dançarina, designer de moda e executiva, Danielle Colby-Cushman também virou um ícone da TV.
Ela é a força, o "espírito" e, como ela mesma diz, a pá por trás de um dos reality shows mais aclamados do mundo: "Caçadores de Relíquias" (American Pickers), no ar há exatos 10 anos pelo canal History.
Todas as segundas-feiras, 20h40, o canal exibe episódios inéditos da 16ª temporada da atração.
Nascida em Davenport, Iowa, considerada uma daquelas cidades "caipironas" dos EUA, Danielle, 44 anos, é quem pesquisa, escarafuncha e batalha para encontrar pessoas nos EUA dispostas a vender objetos que colecionaram —ou acumularam— nas últimas décadas.
Ou, quiçá, séculos.
Quem conhece o programa, especialmente nós brasileiros, não deixa de se espantar com a impressionante quantidade de famílias que vivem apenas para acumular coisas em suas casas, garagens, quintais e celeiros nos EUA. É realmente de cair o queixo.
Quando Dany acha uma fonte de relíquias —disposta a vender, o que não é fácil— lá se vão os amigos de adolescência Mike Wolfe e Frank Fritz rodar centenas ou milhares de quilômetros por estradas vicinais e localidades ermas para fazer propostas aos donos desses objetos.
Os dois são acompanhados por equipes de filmagem do History.
Muita gente acha que Mike e Frank não passam de dois vasculhadores de lixo alheio, e isso, convenhamos, não está totalmente errado.
Só que nesse lixo já encontraram tesouros como relógios Rolex, motores e peças de motos do início do século e carros raros e valiosíssimos, além de objetos de decoração que hoje são vendidos a peso de ouro nas lojas que os "American Pickers" mantêm nos EUA.
Os amigos também encontram às vezes pessoas beligerantes quando não realmente agressivas. Há uma diferença entre colecionadores, acumuladores e colecionistas. Este último tipo é de longe o mais difícil com que lidam.
É Danielle quem gerencia as lojas com mão de ferro, mas coração mole.
Para essa risonha e tatuada estrela, o mundo da TV está mudando nos últimos anos, graças às mulheres que tomando à frente e ocupando cargos. Ela é uma delas.
Dany diz que, segundo nota pela reação das pessoas à sua presença, seu sucesso tem sido uma inspiração para milhares de outras mulheres no mundo —inclusive, diz ela, tendo despertando muitas para a caça às antiguidades.
Na semana passada ela deu entrevista por telefone a um grupo de jornalistas de vários países da América Latina. Entre eles, este colunista.
Dany falou sobre seu trabalho, sobre como a pandemia está afetando as lojas, o programa e, claro, sobre seus dois parceiros de estrada e de vida: Mike e Frank.
O programa nasceu na década passada de um projeto de Mike, que já era um caçador de objetos desde a infância (foi incentivado pela mãe).
Um dia, durante as inúmeras viagens que faziam pelos EUA, Mike percebeu que, mais do que objetos inanimados, eles estavam conhecendo um universo humano incrível nessa caçada.
E sugeriu a Frank que deveriam investir e começar a gravar as viagens e as entrevistas com as pessoas de cada lugar em que pisavam. Claro, desde que elas autorizassem.
O rabugento Frank (um colecionador compulsivo de latas de óleo de motores) não ficou empolgado no começo, mas não demorou muito para mudar de ideia.
Daí nasceu "Caçadores de Relíquias", que é exibido quase que diariamente no History, na TV paga, e é um dos programas mais vistos no canal em todo o mundo.
A entrevista abaixo traz um fato pouco conhecido sobre os fãs do programa.
Questionada por esta coluna, Dany revela os acidentes e apuros que todos já passaram durante as "caçadas". Muitas inclusive terminaram no hospital.
Veja trechos da entrevista:
Danielle e seu papel
"Com o programa, meu papel mudou na vida e no trabalho. Estou orgulhosa com as mudanças que estão ocorrendo no mundo em geral e especialmente com as mulheres no mundo da TV. (pela reação que percebo) Sei que me tornei hoje uma inspiração, um estímulo para outras mulheres saírem a campo no mundo das antiguidades e das coleções."
Sobre Mike Wolfe, o idealizador do programa
"Mike é meu irmão há 20 anos. Não irmão de sangue, mas meu irmão de vida há duas décadas. Ele é um cara apaixonado, e não só pela família e pelas antiguidades, mas também pela comunidade É isso que eu amo nele. O que eu trago de diferente para o programa? A perspectiva e o olhar femininos. E é a perspectiva de uma garota de cidade pequena (Davenport tem pouco mais de 100 mil habitantes), que não nasceu em ambiente rico. Eu sou tipo a pá (do negócio), mas são eles que vão cavar."
Sobre Frank Fritz, ranzinza mas brincalhão
"Ah, o Frank é engraçado, sarcástico. Ele é muito, mas muito engraçado e tenho sentido uma falta enorme dele durante essa quarentena. Poxa, uma saudade enorme. É o jeito dele, a personalidade e eu gosto demais disso."
A antiguidade dos sonhos
"Os objetos que mais procuro hoje em dia são sobre striptease e a história da dança burlesca (Danny é dançarina). Essa história do burlesco é o que mais me fascina, mas atualmente também estou trabalhando num projeto sobre nudez e striptrease. A gente vai falar de artistas exóticos, burlescos, strippers, profissionais do sexo e seu mundo. Então isso, na caça às relíquias, é o que mais chama a minha atenção atualmente."
Coronavírus e quarentena
Temos a sorte de ter compradores em todo o mundo, de vender pela internet. E muitas dessas pessoas podem gastar dinheiro com ou sem coronavírus. São pessoas que têm renda disponível independentemente de qualquer coisa. Mas, honestamente, meu objetivo e foco neste momento é procurar pessoas que realmente não vão poder apoiar (só os) nossos negócios rapidamente, porque, você sabe, precisamos filmar tudo. De qualquer forma, no momento estamos tentando "caçar" tudo em Iowa (sua terra natal e de Mike e Frank). Mas, quem sabe quanto tempo essa quarentena vai durar? De qualquer forma nós estávamos em uma posição realmente boa em relação ao resto do mundo. Temos muitos itens (no inventário) e todos os dias (desde que a quarentena começou) agradecemos a Deus por isso."
Acidentes do trabalho
Sim, os acidentes acontecem, e são muitos. Quero dizer, regularmente, todos nós saímos no campo e vamos parar no médico quando voltamos para casa. Podemos ficar infestados de carrapatos, por exemplo. (e temos que prestar atenção nisso) Porque eu e Frank temos muitas tatuagens. Então, às vezes você pode não ver os carrapatos e nem senti-los. Eu já estive no hospital várias vezes por causa de picadas de aranha, que por acaso sou alérgica. Cobras também são constantemente um problema ... Cascavéis, meu Deus, cascavéis! E outro bicho, a toupeira preta! Descobrimos agora esse problema (o bicho solta uma toxina durante a mordida). O Frank recentemente teve de ficar internado por causa de uma delas. Nosso trabalho é realmente perigoso."
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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