Governo estuda nomear Regina Duarte para cargo DAS de R$ 15 mil
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Afastada da secretaria especial da Cultura no último dia 20, a atriz Regina Duarte continua em casa recebendo normalmente o salário de mais de R$ 15 mil destinado ao cargo de secretária.
E deve continuar recebendo o "mimo" ao menos até o próximo dia 8 de junho. Mas a ideia é que ela siga no governo —e com salário.
A exoneração da atriz não foi publicada no "Diário Oficial da União" e ela espera ser nomeada, no mínimo, pelo mesmo salário como suposta chefe da Cinemateca em São Paulo, mas há vários empecilhos antes que isso ocorra:
1) o cargo que ela quer não existe, teria de ser criado por decreto;
2) Ela tem zero experiência no assunto cuidados e restauração de filmes; no máximo seria uma RP (relações públicas) de luxo do órgão;
3) Para que ela assuma o cargo, o governo federal tem de renovar o contrato para a manutenção da Cinemateca com a Fundação Roquette Pinto ou outra entidade, e isso precisa ocorrer inadiavelmente até o próximo dia 8.
A atriz, que deixou um salário de mais R$ 50 mil mensais na Globo para entrar no governo, tem um acordo de "gaveta" com o presidente Jair Bolsonaro.
Esse acordo deve garantir que ela tenha algum cargo —e renda— após sua insípida passagem pela secretaria em Brasília.
Caso não "role" a vaga na Cinemateca, há uma opção em estudo para a atriz: nomeá-la para algum cargo federal nível DAS (Direção e Assessoramento Superior) em São Paulo, no montante de também cerca de R$ 15 mil mensais.
Essa nomeação poderia ocorrer na própria secretaria de Turismo (à qual a secretaria de Cultura é subordinada).
Outra opção seria sua nomeação para um cargo na própria Fundação Roquette Pinto. Mas, nesse caso, seria necessária uma contrapartida: governo e entidade precisariam renovar o contrato, no mínimo, para a manutenção da Cinemateca.
A Cinemateca tem cerca de 150 funcionários especializados, e eles estão sem receber desde abril.
O Ministério da Educação (leia-se Abraham Weintraub) cancelou o contrato no fim do ano passado, a apenas três dias de o documento expirar.
No entanto, o governo federal ainda deve cerca de R$ 11 milhões em valores atualizados à Roquette Pinto, que também cuidava da TV Escola e a TV Ines (voltada para o público surdo).
A Cinemateca é um organismo federal sediado em São Paulo, mas por causa de sua composição e regulamentos poderia ser gerida pela prefeitura ou mesmo o governo do Estado.
No entanto, em plena depressão econômica causada pela pandemia de coronavírus, dificilmente haverá verba ou interesse em mantê-la.
É bom lembrar que em seu acervo há desde filmes originais do desbravamento da Amazônia pelo Marechal Rondon, no início do século 20, até rolos de filmes da campanha Expedicionária do Brasil na 2º Guerra.
Há ainda uma infinidade de filmes e documentários que contam a história não só do cinema brasileiro, mas da história do país.
Weintraub e a TV Escola
Como esta coluna informou com exclusividade na última terça, em programa gravado no canal do UOL no YouTube, o ministro Abraham Weintraub cometeu um erro crasso no final do ano passado, quando expulsou os funcionários da TV Escola do Ministério da Educação.
Desinformado, ele achava que a TV Escola era uma emissora pública, e que bastaria mandar embora a fundação e repassar a administração e o conteúdo da emissora para os seguidores de seu mentor, o filósofo Olavo de Carvalho. E ele até tentou,
Mas, foi então que Weintraub soube que a marca e a concessão da TV Escola não pertenciam ao poder público, e sim a uma fundação sem fins lucrativos: a Roquette Pinto.
A Cinemateca acabou envolvida no "erro" do ministro porque seu contrato estava de certa forma sob o guarda-chuva do contrato da TV Escola,
A coluna está tentando entrar em contato com a atriz Regina Duarte, mas não obteve sucesso até a publicação deste texto.
Se e quando ela se manifestar, terá suas palavras incluídas aqui.
A coluna também aguarda um posicionamento do Ministério do Turismo, responsável pelo pagamento à atriz.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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