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Ricardo Feltrin

Funcionários da TV Escola vão para 2º mês sem salário

Logotipo da TV Escola - Reprodução
Logotipo da TV Escola Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

29/05/2020 11h25

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Os cerca de 150 funcionários da TV Escola já sabem que não vão receber salários pelo segundo mês consecutivo.

A situação da emissora, mantida pela Fundação Roquette Pinto, é desesperadora: no final de dezembro, o Ministério da Educação decidiu não renovar contrato de mais de duas décadas com a TV, que fornece conteúdo de alta qualidade em UHF.

Sem esse contrato (e o da Cinemateca) a TV não tem como se bancar por muito mais tempo.

Desde janeiro a direção da TV Escola vem mantendo a emissora no ar a duras penas, com o pouco caixa que tinha.

No entanto, esse dinheiro já acabou. Desde abril os salários deixaram de ser pagos. Em março, eles já tinham sido reduzidos em 25%. A situação se agravou ainda mais com a pandemia de coronavírus.

Com a rescisão do contrato, o objetivo do ministro da Educação, Abraham Weintraub, era assumir a programação da TV e trocar seus funcionários e seu conteúdo por programação mais alinhada com a de seu guru, Olavo de Carvalho.

Ele chegou a tentar fazer isso. Weintraub achava que a emissora era pública que sua concessão pertencia ao governo federal.

No entanto, após a rescisão ele descobriu que tanto a concessão como a "marca" TV Escola pertencem à Roquette Pinto, uma fundação sem fins lucrativos. Um erro crasso.

Funcionários da emissora ouvidos sob anonimato afirmam que desde abril só receberam um "vale-alimentação no valor de R$ 500.

Sindicato de Jornalistas e Radialistas estão pressionando a emissora a pagar os salários, mas o problema é que por 25 anos a emissora foi mantida basicamente pelo contrato com o governo. Ou seja, não há mais dinheiro.

Na tarde de hoje (29), a direção da TV Escola e representantes do sindicato se reúnem em Brasília para discutir o assunto. Alguns senadores e militares tentam salvar a emissora, quiçá criando um novo contrato não com o Ministério da Educação, mas com a secretaria Especial da Cultura —a qual fazia parte Regina Duarte.

Em seu auge "orçamentário", a TV Escola custava cerca de R$ 70 milhões anuais. Chegou a funcionar, no entanto, com menos de R$ 40 milhões para levar uma programação de alto nível, além de fornecer material didático gratuito a prefeituras e Estados.

Para comparação, a TV Brasil custa mais de 10 vezes isso por ano.

Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro prometeu extinguir a TV Brasil, chamada (com razão) de cabide de empregos.

No entanto, desde que assumiu Bolsonaro não só manteve a emissora, como a está "aparelhando" com aliados. Ou seja, fazendo exatamente o que acusava o PT.

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