Bolsonaro gasta para divulgar TV que prometeu fechar
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Ao contrário do que prometeu diversas vezes na campanha eleitoral, todo mundo já sabe que o presidente Jair Bolsonaro não vai fechar a TV Brasil. Pelo contrário: está até gastando dinheiro público para divulgá-la.
O governo está investindo em publicidade em displays para divulgar o novo número de sintonia na TV Brasil na TV digital.
No último dia 22, em São Paulo, da atual posição 62.1 no "dial", a TV Brasil passou a ser sintonizada no 1.1.
O objetivo desse tipo de mudança é a busca por mais ibope —facilitando o acesso dos telespectadores à emissora e colocando-a na posição mais privilegiada possível no "dial".
"TV Brasil agora é canal 1 - Alegria em Primeiro Lugar" diz a propaganda com uma menininha feliz, exposta em relógios termômetros nas ruas de São Paulo —Estado governado pelo arquiinimigo João Dória (PSDB).
Bolsonaro não apenas deixou de cumprir a promessa de fechar o que chamava (com razão, diga-se) de cabide de emprego petista. Ele duplicou a TV Brasil ao criar um segundo canal com o mesmo nome na antiga NBR.
Além disso passou a aparelhar a emissora com filhos de apoiadores, como esta coluna publicou com exclusividade no início do ano.
Ou seja, passou a fazer exatamente aquilo que acusava o PT.
Não há dados precisos, mas estima-se que só a TV Brasil original custe de R$ 600 milhões por ano, sendo que a produção de conteúdo próprio é ínfimo.
A maioria absoluta dos programas é adquirido de outras emissoras (como desenhos e séries) e seu jornalismo é irrelevante.
No ibope, a TV Brasil está em 7º lugar no Painel Nacional de Televisão entre as TVs abertas, atrás da TV Cultura.
Sua audiência média nacional em maio nas 24 horas do dia foi de 0,25 ponto e 0,63% de share. Em São Paulo é ainda menor: 0,10 ponto e 0, 21% de share, atrás da RecordNews (0,15 e 0,31%)
Isso representa tecnicamente traço de ibope. A TV Brasil 2 (ex-NBR) nem aparece nas medições mais recentes.
Não há dados dos valores investidos na campanha publicitária sobre a mudança de posição na TV digital.
Por que não fechou
O presidente Jair Bolsonaro prometeu o que não poderia cumprir. A TV Brasil foi criada por meio de lei e conta com uma estrutura gigantesca, que inclui centenas de funcionários concursados.
Essa estrutura inclui a Agência Brasil, sites e emissoras de rádio, sem falar na NBR que virou TV Brasil 2.
O desmonte mesmo que de parte dessa imensa parafernália teria um custo imenso e Bolsonaro teria problemas imensos para demitir não só os concursados ("aqueles petistas"), mas também colaboradores.
É como diz o novo ditado democrático que tem sido dolorosamente aprendido dia a dia por Bolsonaro: um presidente da República até pode, mas não pode tudo.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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