Sem bombeiro e com gerador pifando, Cinemateca vira bomba-relógio em SP
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A mesma tragédia que ocorreu no Rio em 2 de setembro de 2018 com o Museu Nacional pode se repetir em São Paulo a qualquer instante.
Não em um museu de história, mas de audiovisual: a Cinemateca federal se tornou uma bomba-relógio incendiária instalada na Vila Clementino, e, São Paulo.
Sem dinheiro devido ao calote do governo federal em uma dívida que já passa de R$ 13 milhões (aumenta mais de R$ 1 milhão a cada mês), o maior museu do audiovisual e do cinema da América do Sul é um rastilho de pólvora.
Importante lembrar que o contrato do governo com a Roquette Pinto vai até 2021. O governo Bolsonaro simplesmente deixou de pagar e quer rescindir o contrato sem ônus algum. A Cinemateca tem cerca de 70 funcionários.
Ou melhor, de nitrato de celulose e outras substâncias químicas altamente inflamáveis com as quais são feitos filmes até meados do século passado.
A coluna apurou que um importante gerador da Cinemateca está falhando e apresentando vários problemas nos últimos dias.
Para piorar, a brigada de bombeiros teve de deixar o local por falta de salários, além de o sistema de câmeras ter desligado. Não há seguranças para dar alerta em caso de problemas, e a energia elétrica só está garantida até o próximo dia 10.
A questão da energia é tão assustadora quanto o risco de incêndio: sem ela não há controle de temperatura e umidade, e podem se deteriorar centenas de milhares de registros do cinema, da TV e até da publicidade brasileira no último século.
Uma faísca e toda essa história vai virar fumaça.
Com o beneplácito de um governo federal que não honra nem sequer sua dívida passada com a fundação Roquette Pinto, e não tem nenhum plano para a Cinemateca —exceto o de fechá-la, como esta coluna informou com exclusividade no mês passado.
Ofícios estão sendo feitos
Para evitar a mesma situação ocorrida no Museu Nacional, quando ninguém queria assumir a culpa do incêndio, a direção da fundação vem registrando seguidos ofícios.
Neles, alerta as autoridades que não pode fazer mais nada, além de armazenar e manter a estrutura da forma atual.
A fundação já se comprometeu a cortar custos continuar com a guarda do material de qualquer forma, mas é preciso um mínimo de dinheiro até para manter a situação em suspenso.
A história e a memória visual do país estão em risco no exato em que tiver lido este texto.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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