Mesmo malvisto, Marcão do Povo sobe ibope do SBT
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O apresentador Marcão do Povo, do SBT, é conhecido pelo sensacionalismo, pelas asneiras que fala e já falou na TV e também por ser um bolsonarista convicto.
Marcão é desprezado, ignorado, detestado e/ou mal visto tanto por jornalistas como por dirigentes do SBT desde que pisou na sede da casa, em Osasco. Não sem motivos, é bom lembrar.
Recentemente foi suspenso do SBT por ter sugerido ao presidente Jair Bolsonaro que criasse "campos de concentração" para confinar ali os contaminados pela covid-19.
Anos atrás chamou Ludmilla de "macaca", o que lhe rendeu demissão da Record, uma investigação do Ministério Público e um processo milionário que a cantora move contra ele —com grandes chances de derrota.
As únicas pessoas que gostam realmente de Marcão no SBT são seu proprietário, Silvio Santos, e alguns funcionários da emissora, como faxineiras, seguranças e motoristas.
O "povão" também gosta de Marcão, vale dizer.
Onde vai ele provoca quase sempre tumultos "positivos" com sua presença: é cercado, lhe pedem autógrafos, fotos, abraços. Apesar de tudo, esse jornalista goiano é sempre afável, simpático e disponível para os fãs.
Ibope
Dito isso é preciso admitir que tem seus méritos: desde que assumiu as 3h15 finais do "Primeiro Impacto" (que começa às 4h com Dudu Camargo), Marcos Paulo Ribeiro de Morais, 40 anos, elevou o ibope do telejornal em quase 15%.
Antes dividia a apresentação das suas 3h15 com Marcia Dantas —"promovida" para o "SBT Brasil" este mês.
Com ele em tempo integral o ibope imediatamente subiu da média dos 3 a 3,4 pontos para 4 pontos na Grande SP (cada ponto equivale a cerca de 75 mil domicílios).
Seu pico tem sido de 5 pontos.
Ainda é pouco, é verdade, e na média o telejornal acaba perdendo para a Record e especialmente o "Hoje em Dia". Mas ao menos já deu uma encostada na rival.
Isso não deve mudar em nada a opinião de quem não gosta dele, mas para Silvio certamente faz grande diferença.
Aliás, esse é outro motivo de Marcão não ser bem-quisto: o fato de ter sido "apadrinhado" por Silvio, contra tudo e contra todos. Assim como ocorre com seu antecessor no telejornal, Dudu Camargo.
Marcão sabe que não é bem quisto e até desprezado na emissora em que trabalha.
Não tem cenário, Ele apresenta tudo de um "canto" do estúdio. Não pode se mexer, não tem espaço para se movimentar nem sentar.
Certa vez chegou a se queixar em altos brados que seu camarim não tinha água e nem café. "Tenho de trazer pó de café de casa e eu mesmo fazê-lo se quiser", protestou.
A queixa pegou mal nos bastidores e, segundo a coluna apurou, hoje ele tem água e café. Pelo menos isso.
Dinheiro
Marcão também irrita porque se gaba de ter ajudado a aumentar o faturamento do SBT com "merchans". O problema? É a mais pura verdade.
São cinco "merchans" diários para até mais no "Primeiro Impacto".
De alguns contratos Marcão foi pessoalmente atrás. Silvio não queria saber de "merchan" no jornalismo nem a cúpula logo abaixo dele.
Pois o teimoso apresentador foi bater na porta do "patrão" e conseguiu convencê-lo a deixá-lo fazer propaganda de iogurteiras e outros produtos populares.
O Sikêra Jr. do SBT
Mais que isso: conseguiu também autorização para estrear um novo programa diário em seu YouTube pessoal que vai se chamar apenas "Marcão do Povo".
Nele vai ouvir queixas de pessoas comuns e colocar os queixosos ao vivo em telas divididas (no mesmo modelo que emissoras como CNN, GloboNews e BandNews têm feito hoje com convidados remotos devido à pandemia de coronavírus.
Ou seja: o potencial para acontecer alguma bobagem em tempo real é grande e ele aparentemente está ciente disso.
De qualquer forma o jeito exagerado e histriônico de apresentar já lhe rendeu um novo apelido nos bastidores: ele é o "Sikêra Jr. do SBT".
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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