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Ricardo Feltrin

"Acabou a mamata"? Globo pagou R$ 2,4 bi em impostos em 2019

Roberto Irineu Marinho, presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo. - Reprodução/TV Globo
Roberto Irineu Marinho, presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo. Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

19/08/2020 00h27Atualizada em 19/08/2020 18h36

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Muitos bolsonaristas radicais têm dificuldades em agregar alguma lógica ou mesmo números reais ao seu repúdio (ou mesmo ódio) contra a TV Globo.

O próprio presidente Jair Bolsonaro sofre um pouco desse mal, como esta coluna já ponderou no mês passado.

Aparentemente muito desse pensamento está distorcido por paranoia, desinformação e também, não raro, má-fé.

Afinal, a Globo já foi tratada como inimiga de vários governos. Bolsonaro não é o primeiro e não será o último.

#AcabouAMamata

Um dos ataques preferidos da turba "ideológica" dos governistas contra a TV Globo e o Grupo Globo é o clichê "acabou a mamata."

A suposta "mamata" da Globo, segundo estes radicais, seria ter se alimentado das "tetas" do governo e da publicidade federal nas últimas décadas.

Com Bolsonaro, pregam, isso acabou. Daí a emissora ter se tornado inimiga figadal do presidente e de seus comandados.

Mesmo a emissora já tendo reiterado diversas vezes que a média histórica de publicidade federal é de 4% (do faturamento publicitário, não comercial), os bolsonaristas não acreditam e seguem batendo na mesma tecla.

Longe de ter a pretensão (ou mesmo interesse) de mudar a forma de pensar dos radicais, a coluna traz hoje dados reais e exclusivos de valores pagos pela Globo em impostos em 2019.

R$ 2,2 bilhões só em impostos federais

O valor pago em impostos é uma espécie de termômetro para se saber se uma empresa é ou não saudável. Pelos balanços da Globo, tudo leva a crer que ela é, sim.

Conforme o site "Notícias da TV" informou com exclusividade no início do ano, só a TV Globo faturou mais de R$ 10 bilhões no ano passado; todo o grupo passou de R$ 14 bilhões em receitas.

Pois bem, se analisarmos a partir dos impostos pagos pela TV e o grupo, a tal "mamata" pode ser lida de forma contrária: na verdade é o governo federal que "mama" nas tetas da emissora.

Assim como mama nas tetas de milhões de empresas e de brasileiros pagadores de impostos, é preciso acrescentar.

Dos cerca de R$ 14 bilhões que todo o grupo Globo arrecadou no ano passado —com tudo—, cerca de R$ 2,4 bilhões foram pagos ao governo como impostos.

Desse total, R$ 2,2 bilhões foram pagos apenas em impostos federais, segundo a emissora informou à coluna.

Dilma foi recorde de publicidade

Embora a média histórica de receita com publicidade federal esteja entre os 4% e 5%, ela já foi maior que isso: em 2013 o governo Dilma (PT) gastou quase R$ 800 milhões, o que à época equivaleria a cerca de 8% do faturamento.

Bolsonaro, estimam fontes do mercado, deve gastar por volta de R$ 50 milhões na sede da Globo em anúncios diretos (campanhas do governo federal, CEF e Banco do Brasil) em 2020.

E deve gastar outros milhões nas afiliadas, mas esse número ainda não foi revelado à coluna, que o pediu à Secom (Secretaria de Comunicação).

O governo investe em mídia aproximadamente 3% do que arrecada em impostos.

Apenas para mais uma comparação, a Globo pagou no ano passado 4.400% mais em impostos do que aquilo que recebeu em mídia.

Em "web-entrevista" a este colunista na semana passada, o diretor de Comunicação da Globo, Sergio Valente, e o diretor Financeiro, Manuel Belmar, lembraram que a emissora e o grupo são muito mais do que pagadores de impostos.

E que, mesmo se fosse ponderado só esse ponto, seria justo lembrar que ela também paga impostos indiretos por meio dos salários a seus milhares de funcionários e contratados como prestadores de serviços.

A TV Globo diz ter cerca 15 mil funcionários nas divisões TV, ex-canais Globosat, Globo Play, Som Livre e Globo.com.

Para Sergio Valente, há muito mais que dinheiro envolvido na existência de um grupo como o Globo: ele causa um impacto imensurável na economia criativa, no trabalho social, e num sem-número de outras empresas que passam a viver e co-depender do "organismo" Globo.

Leia a entrevista exclusiva de Valente e Belmar ao UOL.

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