Análise: Libertadores no SBT vai mexer com toda a TV aberta
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O anúncio feito na semana passada pelo SBT, de que adquiriu os direitos da Libertadores e da Conmebol, é obviamente uma ótima notícia para o SBT, para o telespectador que gosta de futebol.
Só que a notícia vai mexer não com a TV de Silvio Santos, mas com toda a TV aberta.
O motivo é que o futebol é o ativo mais valioso da TV brasileira, à frente de novelas e jornalismo. Escrevi "valioso" mas pode ser "caro" também.
Os preços da publicidade em campeonatos como a Libertadores (Até o ano passado na Globo) estão entre os mais altos da TV brasileira —seja aberta ou fechada.
Isso sem falar nos direitos da Copa do Mundo, que pela primeira vez em décadas poderão ser comprados por qualquer emissora que não a da família Marinho.
Para o SBT, obviamente, a compra tem um significado imenso.
Afinal, o Grupo Silvio Santos como um todo, injustamente até, foi um dos mais atingidos pela pandemia de coronavírus. Em todos os sentidos.
É como se a emissora renascesse com a Libertadores.
Ao mesmo tempo, a recente aquisição vai atingir e obrigar a mudanças em toda a TV aberta em horário nobre.
Para começar, vai atingir diretamente a Globo (e vice-versa, claro).
A emissora carioca já estuda estratégias (como a exibição de jogos do Corinthians) para amenizar o impacto que será enfrentar um campeonato que sempre foi seu, e que agora foi para a concorrência.
A Libertadores no SBT também atingirá diretamente a Record, a principal rival da TV de Silvio Santos pela vice-liderança.
A Record terá obrigatoriamente que investir em marketing e em algum conteúdo para fazer frente à novidade.
No ano passado a Record mudou sua grade e iniciou um grande investimento em jornalismo, mas do ponto de vista de audiência não mudou nada (seu jornalismo também não é e nunca foi grande coisa, convenhamos).
A compra dos direitos pelo SBT também deve incomodar a Band, já que a emissora tem um histórico de público afeito aos esportes que pode migrar nas noites de jogos.
Novos tempos
Muita gente acredita que por trás do "renascimento esportivo e financeiro" do SBT está somente o dedo do ministro das Telecomunicações, Fábio Faria, genro de Silvio Santos.
Na verdade o renascimento começou semanas atrás, quando o SBT comprou os direitos da final do Campeonato Carioca.
No entanto essa mudança tem outro protagonista: o chefe da Secom, Fabio Wajngarten.
Quando Jair Bolsonaro ainda estava em campanha eleitoral, Wajngarten era apenas um membro da campanha e "consultor" do atual presidente para assuntos de comunicações.
Na época, o hoje líder da Secom (submetido a Faria) disse a esta coluna que seu objetivo principal era sugerir a Bolsonaro a "redução de tamanho da Globo, além da reorganização e redistribuição de dinheiro na publicidade brasileira".
Defensor apaixonado da TV aberta, Wajngarten disse que era imperativo que um novo governo "redemocratizasse" as forças na TV aberta.
Não sei se podemos usar "redemocracia" para o caso, mas não deixa de ser algo que se realizou.
Para encerrar, lembremos que, a despeito do grande negócio, o SBT não pode cantar nenhuma vitória ainda.
vamos recordar que a Band já teve ótimos jogos de futebol em sua grade e nem por isso ameaçou o status quo do ibope na TV aberta.
Além disso o SBT precisará criar uma identidade junto ao público que ama esporte, sem falar em contratações de peso.
Ou seja, é uma grande notícia para o SBT, mas ainda há muito trabalho à frente.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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