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Ricardo Feltrin

Ignorada por Bolsonaro, TV católica vai atrás de PT e PSDB

João Monteiro de Barros, CEO da Rede Vida, disse que Bolsonaro era "uma grande esperança" - Reprodução YouTube
João Monteiro de Barros, CEO da Rede Vida, disse que Bolsonaro era "uma grande esperança" Imagem: Reprodução YouTube

Colunista do UOL

28/10/2020 06h12

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Resumo da notícia

  • TVs católicas ofereceram apoio a Bolsonaro meses atrás
  • Em troca desse "apoio" esperavam verbas publicitárias
  • Como o dinheiro que queriam não entrou, elas mudaram a tática

Em junho passado o "Estadão" mostrou com exclusividade que uma "liga" de TVs católicas havia iniciado um movimento para oferecer apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

À frente dessa "liga" estava a Rede Vida, maior TV católica do país e a quarta maior rede do país.

Seu presidente, João Monteiro de Barros, chegou a declarar que Bolsonaro era "a grande esperança" e cobrou "investimentos" do governo (leia-se gastos publicitários) em sua emissora.

Foi oferecido apoio em uma "live" com Bolsonaro, e que contou com a participação da Vida e um punhado de outras emissoras católicas.

Não foi uma tática coletiva das TVs católicas, porém. A TV Aparecida, por exemplo, não endossou e tampouco participou da manobra.

Os midiáticos se deram mal duas vezes: primeiro foram desautorizados por lideranças da própria Igreja Católica a falar em nome dela; a manobra caiu mal junto aos próprios fiéis.

Além disso a iniciativa não vingou dentro do próprio governo, pois foi bombardeada por parlamentares da bancada evangélica no Congresso.

Líderes evangélicos (muito ouvidos por Bolsonaro) também passaram a atacar a proposta. Lembraram que, historicamente, essas emissoras apoiaram os petistas, entre outras coisas.

Monteiro de Barros e outros daquele grupo acabaram entendendo que do governo do "terrivelmente evangélico" Bolsonaro não deve sair nada, então eles passaram a planejar o próprio futuro.

Barros, com o apoio de Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro dos governos Lula, tem se reunido com lideranças petistas e do PSDB nas últimas semanas (o ex-ministro, por meio de nota, nega qualquer relação com o caso, porém; veja íntegra da nota abaixo).

Objetivo do CEO da Rede Vida?

Ampliar não só sua rede de TV, mas também a Rede Vida Educação —emissora dedicada ao ensino a distância (pela TV).

O único problema é que tanto PT como PSDB estão fora do poder e hoje têm pouca influência no sentido de obter os "investimentos" que ele tanto precisa.

Trata-se de mais um "plot twist" (reviravolta) na política —e na televisão— brasileira.

Nesse caso, parece que causado por desespero. Leia-se: falta de dinheiro.

Outro lado

"A assessoria do ex-ministro Walfrido Mares Guia, citado nesta coluna, enviou nota negando qualquer participação nos interesses da Rede Vida:

"O empresário Walfrido dos Mares Guia nega enfaticamente ter qualquer envolvimento ou conhecimento a respeito da movimentação de TVs independentes e/ou de orientação católica, ao contrário do que foi informado na nota "Ignorada por Bolsonaro, TV católica vai atrás de PT e PSDB", publicada no dia 28/10.

Mais que isso, Mares Guia sequer tem relacionamento com as pessoas e instituições citadas e jamais conversou com o senhor João Monteiro de Barros Neto, pessoalmente ou por outro meio.

O empresário Walfrido dos Mares Guia está afastado da vida pública desde 2017 e seu único envolvimento é com as áreas de educação e biotecnologia, a partir de empresas das quais é acionista e conselheiro."

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