Louro José, o bichinho que uniu mães e filhos na frente da TV
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Resumo da notícia
- Tom Veiga virou Louro José quando Ana ainda estava na Record
- Ana criou o personagem para tentar atrair o público infantil
- Antes de seu programa a Record exibia uma faixa de desenhos
- O boneco ganhou "vida" e uniu crianças e mães diante da TV
A história é razoavelmente conhecida: o personagem Louro (ou Loro) José surgiu na segunda metade dos anos 90 na Record justamente por causa dos desenhos da emissora.
O "Note & Anote", de Ana Maria Braga, entrava no ar diariamente depois de uma faixa de desenhos animados. Ou seja, eram públicos muito diferentes.
Intuitiva, Ana percebeu que só tinha um jeito de reduzir o impacto dessa transição de telespectadores entre as duas faixas: atrair (e segurar) as crianças diante da TV.
Explico: o total de TVs ligadas no período da manhã e início da tarde (horário do "Note & Anote") é muito limitado. Para efeito de comparação, ele é quase o mesmo das madrugadas.
Ou seja, há um "teto" de público e o artista/diretor tem de trabalhar com isso e acabou.
A criativa Ana Maria teve então uma ideia simples e genial: contracenaria com um boneco.
Para agradar aos pequenos, ela quis desde o princípio algo fofo, do tipo "Topo Gigio" (personagem de origem italiana que Agildo Ribeiro contracenava no final dos anos 60).
O papagaio nasceu assim: uma ideia na cabeça (de Ana Maria) e um boneco na mão (Tom Veiga).
Tom, que morreu neste domingo (1º) aos 47 anos, no Rio de Janeiro, foi escolhido no meio da equipe do "Note & Anote" mesmo.
A dupla, que já se dava muito bem como empregado e patroa, "casou" imediatamente também em vídeo.
Os anunciantes amaram, assim como o público.
E a apresentadora conseguiu fazer aquilo que planejou: atraiu crianças, que agora não saíam da frente da TV quando a sessão de desenhos acabava na Record.
Com público maior os "merchans" aumentaram de preço. A quantidade, idem. O departamento Comercial da Record ficou em festa.
Em uma época que só a Globo dava as cartas na TV, Louro José foi alento para a Record e também para outras emissoras.
Logo, outros programas (na Record e fora dela) começaram a ter bonecos também.
Com tino comercial, visão de longo prazo e perspicácia, Ana ainda teve o cuidado de registrar o papagaio em seu nome.
O problema é que, além do Comercial da Record, a dupla logo também chamaria a atenção da Globo.
Foi assim que ela mudou de mala, cuia, papagaio e um caminhão de dinheiro para a emissora carioca em 1999.
A contratação foi uma "bomba". E foi o começo de uma era de aquisições de estrelas da concorrência pela Globo.
A ave virou febre. Ele era fofinho, besteirento, malicioso, reclamão e muito engraçado.
Tentava seduzir as convidadas bonitas; debochava dos convidados homens; e não raro dava respostas atravessadas em Ana Maria.
Num tempo em que a inocência de um personagem não era atacada pelas "patrulhas", ele era adorável e politicamente incorreto.
Uma vez, na Globo, ensinou ao Brasil sua receita de "pizza corintiana" (seu time de coração").
A receita: ponha fatias de pão em uma forma; depois jogue em cima uma lata de molho de tomate.
Por fim espalhe um pouco de mussarella picada em cima de tudo, antes de levar ao forno.
O papagaio justificou: Era uma pizza barata de fazer porque "corintiano geralmente é pobre".
Se fizesse isso hoje talvez corresse o risco de ser "cancelado" nas redes sociais. Ou coisa pior.
Tudo isso era o poder de improviso e de interpretação de Tom, um talento inato descoberto e criado por outro, Ana.
De certa forma, o "Encontro com Fátima" só existe porque antes houve um "Mais Você" desbravando e experimentando fórmulas e formatos.
Ainda que "invisível" para o público, Tom Veiga foi e sempre será parte de tudo isso.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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