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O SBT estreou no último sábado (24) mais um reality gastronômico no já ensopado mercado desse tipo de programa nas TVs.
Versão nacional do norte-americano "Cutthroat KIitchen", lançado em 2013 pelo Food Network, o reality "Mestres da Sabotagem" começou com um ibope até que razoável para os tempos atuais de vacas magras na TV aberta.
Na média prévia (ibope não consolidado) ficou com 4,7 pontos de audiência em São Paulo, onde cada pontinho vale por cerca de 76 mil domicílios. Ficou em 2º lugar isolado, à frente da Record (3,6 pontos), e bem atrás da Globo (17,2 pontos).
A repercussão nas redes sociais foi, digamos, "mais do mesmo". Elogios aqui e ali, críticas esparsas, com certo destaque para a boa participação do ator Sérgio Marone (ex-Record), o "host" do programa.
Não é de se admirar o pouco interesse. A tonelagem de conteúdo gastronômico na TV brasileira aberta e fechada é hoje de causar congestão em qualquer sistema cognitivo ou digestivo (não peço perdão pelo trocadilho, não).
Seja de manhã, tarde ou à noite, não há uma bendita hora que não tenha algum reality com pratos, competições e disputas que há muito já ultrapassaram qualquer "overdose" proteica.
Pois bem, mas o problema de "Mestres da Sabotagem" não é o programa em si, mas o que ele simbolizou a mim, como colunista e analista de mídia e TV.
Cubro televisão há cerca de 24 anos e acho que já sou "expert" em entender e ver a forma como Silvio Santos comanda sua emissora.
Nunca tive esperanças ou expectativas de qualquer mudança de postura dele, embora sempre tenha torcido pelos bravos funcionários "sbetistas". Silvio alimenta essas famílias.
Porém, podem colocar quantos diretores quiserem no SBT, e no fundo eles nunca terão poder.
As filhas podem assumir os cargos que bem quiserem, também; ou então podem chamar consultores e consultorias internacionais, seja o que for.
Quem manda é ele e ponto final
Quem vai dar a última palavra SEMPRE será Silvio Santos.
Se no passado o dono do SBT ainda tinha um certo poder mágico nas mãos, hoje essa soberba virou mais um fardo e fonte de insegurança.
O mundo está mudando há séculos. As formas de gestão evoluíram muito. Nenhuma empresa familiar e centralizada ainda funciona direito.
O gênio sabotador
Mesmo assim é preciso ser justo: Silvio ainda faz milagres e tem um carisma inegável e que parece infinito junto ao público da TV aberta.
Reprises de seus programas dominicais dão mais ibope que 99% da grade da emissora e chegam a brigar pela vice-liderança com outras TVs. Ele ainda é um dos maiores faturamentos da casa (se não for o maior).
Mas, só isso não basta. Hoje o SBT é uma emissora devastada pela pandemia, pela crise econômica (generalizada) e também pela falta absoluta de criatividade —e que enfrenta, inclusive, sua pior fase histórica no ibope.
Sim, todo mundo sabe que Silvio não vai mudar nunca, mas é preciso deixar anotado que ele tem grande parcela de culpa nisso tudo. Está longe de ser um pobre empresário vítima das circunstâncias.
Quem, senão um verdadeiro "mestre da sabotagem", estrearia um novo (e caro) programa nos momentos decisivos do reality mais famoso do país (BBB), na concorrente Globo?
Ora, o mesmo homem que coloca um jovem sem experiência ou carisma, e que precisa fazer micagens faciais e de empostação de voz para apresentar um telejornal mambembe e sensacionalista às 4h.
É o mesmo senhor que, de repente, inventa um novo programa matinal "sobre o nada" e coloca a filha verborrágica e temerária na vaga de outra apresentadora muito mais tarimbada.
É o mesmo dono de TV que muda o nome de uma mesma atração vespertina quatro vezes em questão de semanas, e troca TODOS os seus apresentadores —sem dar a menor satisfação, motivo ou, pior ainda, sem ter qualquer resultado financeiro ou no ibope.
Notem, caros leitores, que até mesmo o "reloginho" que aparece na tela do SBT nas manhãs é graficamente analógico. Com ponteirinhos e tudo.
Diz a lenda que já tentaram mudar o formato do "reloginho" para uma versão digital, mais moderninha. O "patrão" não permitiu.
É simbólico. Silvio não vai mudar nunca. Ele sempre será teimosamente analógico como aquele "reloginho".
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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