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No programa desta semana no canal do UOL no YouTube, o colunista Ricardo Feltrin aborda a "guerra" que envolve o governo de Angola, a Igreja Universal e a RecordTV —que inclusive deixou de ser transmitida naquele país.
Nos últimos meses, a cúpula brasileira da igreja fundada por Edir Macedo perdeu completamente o poder em Angola.
Num acontecimento inédito, hoje são os líderes religiosos angolanos que dominam os templos da Universal naquele país, e não mais os brasileiros.
Mas, além disso, o governo atual de Angola também declarou "guerra" contra a RecordTV, que estava estava estabelecida havia muitos anos e tinha sua programação muito forte e distribuída por rede de TV.
Ou seja, não "existe" por enquanto mais RecordTV em Angola. Há quase quatro meses a programação deixou de ser exibida. Sumiu da TV local.
Utilizando-se de elementos jurídicos específicos, o governo do presidente angolano João Lourenço meio que acabou com a emissora.
A propósito, o líder máximo brasileiro da Universal, "deposto" em Angola, era Honorilton Gonçalves —por anos o "manda-chuva" da Record no Brasil.
Outro lado
A Universal, em nota divulgada em agosto do ano passado, afirmou que Angola age com arbitrariedade.
"A igreja lamenta profundamente que sua imagem, seus membros, obreiros, pastores e bispos estejam sendo manchadas, sem possibilidade de defesa", afirma. A instituição anuncia ainda que está recorrendo do que que considera "arbitrariedades" e a "violação da liberdade religiosa".
Histórico de paz
Por décadas, a RecordTV e a Igreja Universal prosperaram em Angola, durante os governos consecutivos de José Eduardo dos Santos.
O que aconteceu então?
Bem, a verdade é que a Record e a Universal acabaram engolfadas pelo rompimento justamente entre o atual presidente, João Lourenço, e o ex José Eduardo. Inclusive há um pedido de prisão do governo atual contra a filha deste último.
Como Lourenço e Santos são inimigos figadais, Universal e Record entraram no "rolo".
Como diz o velho ditado, "quem é amigo do meu inimigo também vira meu inimigo".
De qualquer forma, Angola está usando suas próprias leis em sua própria defesa, e a Record (ou Universal) até aqui têm pouco ou nada o que fazer.
Evasão de divisas
Uma das questões mais sensíveis para o governo angolano contra a Universal é a acusação de "evasão de divisas".
Ou seja, o fato de a igreja tirar dinheiro daquele país e levá-lo para outros, inclusive para o Brasil. Isso não é uma prática exclusiva da Universal. Muitas igrejas fazem isso.
Porém, alguns países agora estão fechando o cerco a essa prática.
Angola 1 x 0 Mourão
De nada adiantou a ida do vice-presidente Hamilton Mourão até Angola, no mês passado, para conversar com o governo Lourenço.
Escalado pelo governo brasileiro para conversar com o presidente João Lourenço e tentar um acordo pacífico (afinal, Edir Macedo apoia Bolsonaro), Mourão saiu de mãos abanando.
O governo angolano parece irredutível.
África do Sul 1 x 0 Crivella
E provavelmente de nada adiantará também a indicação de Marcelo Crivella, por Bolsonaro, para a embaixada brasileira na África do Sul.
Segundo fontes consultadas por esta coluna, no momento é improvável que o nome de Crivella seja aprovado para a embaixada da África do Sul.
Isso porque esse é justamente outro país africano, além de Angola, no qual a Universal está começando a enfrentar "inimigos" poderosos.
Obviamente toda essa situação é dinâmica e depende das negociações políticas intensas que estão ocorrendo nos bastidores.
Mas, por enquanto, a situação da igreja de Edir Macedo, de sua TV e de seu sobrinho no continente africano não tem boas perspectivas.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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