Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O ator Paulo José morreu nesta quarta-feira no Rio, vítima de uma pneumonia. Ele estava internado havia quase três semanas
Paulo Guimarães Gomez de Souza, gaúcho de Lavras, morreu aos 84 anos e também sofria de mal de Parkinson.
Apesar da doença, esse grandioso ator nunca reduziu sua produção dramatúrgica, nem mesmo depois de ser diagnosticado com a doença degenerativa.
Paulo José virou até personagem em primeira pessoa numa novela da Globo. Dizem que Manoel Carlos, o Maneco, lhe pediu autorização para incluir o personagem Benjamim na novela exibida em 2014 "Em Família". Benjamim então sofria havia 20 anos com a doença (Paulo morreu após 28 com ela)..
Paulo não só autorizou o autor a descrevê-lo, como também faria o papel --aliás, como quaisquer outros que lhe ofereceram nos 50 anos anteriores.
Parkinson em estágio avançado
À época, ele já estava com a doença em estágio avançado. E muitos telespectadores se chocaram com a impossibilidade de entender até o que o personagem falava.
Em boa parte das cenas, Paulo se manifestava com grunhidos, além de uma movimentação peculiar que tiravam do personagem sua roupa e voltavam a vesti-lo com a pele de Paulo José.
A doença foi diagnosticada em 1993. Depois de uma noitada, o ator acordou sem movimentos, com dificuldade de falar. Procurou um médico que fez dezenas de exames e, por eliminação, o diagnosticou com o degenerativo Parkinson.
Boni o ajudou em tudo
Um dos que mais o apoiou na doença foi José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. O então manda-chuva da Globo o mandou para consulta nos Estados Unidos, no hospital mais especializado do mundo em Parkinson.
Paulo passou meses fazendo exames.
Poucos anos depois, ainda descobriria ser portador de outra doença crônica: um enfisema pulmonar, provavelmente causado pelo fumo —hábito que reduziu, mas nunca abandonou, nem mesmo quando descobriu o Parkinson.
Gauchinhos destemidos
Poucos sabem que Paulo começou a carreira na música, no grupo musical vocal Gauchinhos Destemidos. Ele tinha por volta de 8 anos.
Segundo o site "Memória Globo", seu currículo conta com quase 30 novelas, 13 minisséries, alguns programas infantis, juvenis, humorísticos, quase 50 longas e documentários para o cinema e um número incalculável de peças de teatro.
Fez uma "penca" de "Casos Especiais" e dirigiu atrações para a Globo.
Ganhou três vezes o Candango de melhor ator, um Kikito, uma vez melhor ator no Festival de Cinema de Miami e também no Grande Prêmio Brasil.
No teatro, fez de tudo
Interpretou de Chico de Assis a Brecht ("O Testamento do Cangaceiro" e "Os Fuzis da Senhora Carrar", respectivamente); de Molière a Kondoleon ("A Mandrágora" e "Delicadas Torturas"); de Tiago Santiago a Augusto Boal; ("A Fonte Eterna da Juventude"; e "Revolução na América do Sul").
Fora suas próprias obras ou primorosas adaptações.
Paulo José foi não só ator, mas também produtor, diretor, roteirista, escritor, cenógrafo, iluminador e figurinista.
Foi também empresário, dono de teatro, praticamente fundou o Teatro de Equipe e também foi investidor do teatro Arena.
No cinema, a mesma coisa.
Humano Amoroso
Foi casado várias vezes. Oficialmente, com Dina Sfat, com Zezé Polessa e com Kika Lopes.
Teve três filhas com espírito também artístico (Ana, Clara e Bel Kutner), mas teve muitos outros relacionamentos, longos, porém sem "oficialização".
"Eu adoro casar", dizia.
Também tocava piano, fazia aulas de canto, de técnicas vocais, de terapia corporal, yoga, e centenas de sessões de fonoaudiologia.
Deixa vários roteiros prontos e ditou até um audiobook.
E fumava. Vá lá, dois ou três cigarrinhos por dia, mas fumava. Quando alguém se surpreendia com o vício, respondia a la Mario Quintana: "Fumar é uma maneira disfarçada de suspirar".
Entre seus personagens saudosos, deixa não só Benjamim, mas Shazan ("O Primeiro Amor"); Ivan ("Vamp"); Marcelo ("Supermanoela") e Celso Rezende de "Roda de Fogo".
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.