Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A Anatel acaba de divulgar os últimos números da TV por assinatura no Brasil. Os dados se referem a julho e, pasmem, senhoras e senhores leitores, mas foi anunciado que a TV paga "ganhou" 2,5 milhões de assinantes em apenas um mês.
Ou seja, de junho para julho a base de assinantes "cresceu" cerca de 17%.
Das periclitantes 13,8 milhões de assinaturas registradas em junho, como num passe de mágica, as operadoras passaram a ter 16,3 milhões de "novos assinantes" no mês seguinte.
Antes que todos os queixos caiam de uma vez, explicaremos a "mágica", uma obra da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Boxes "oficiais"
Uma resolução da agência tomada um ano e meio atrás permitiu que, a partir de julho de 2021, as operadoras pudessem adicionar quem compra as caixas receptoras delas (tipo Sky Pré-Pago, Oi Livre, Claro Livre —ou Claro Box, como é chamada— etc) como sendo "assinantes".
Bem, há dois aparentes erros: nem todo mundo que compra as caixas paga mensalidades, para muitos é como se comprassem uma antena digital. Então não são (todos, pelo menos) assinantes de fato. Ponto.
Claro que é possível assinar serviços e pacotes por meio das caixas, mas não existe nenhuma obrigatoriedade. A pessoa pode comprar a caixa e usá-la apenas como receptora de sinal, por exemplo.
Dá para pagar pacotes
Segundo, os proprietários dessas caixas não têm necessariamente nenhum canal pago. Exceto se pagarem, claro.
E nos novos números da Anatel não há discriminação se esses 2,5 milhões de "novos" assinantes são de fato ativos. Ou seja, se todos estão pagando recargas após adquirirem as caixas (boxes).
Essa "resolução" foi tomada já na esteira da enorme perda de assinantes por parte das operadoras. A decisão era que ela passaria a valer em julho de 2021. Pois é, está valendo.
Enfim, de uma maneira questionável, e de um mês para outro, a TV por assinatura do Brasil "recuperou" os mais de 2,5 milhões de assinantes que havia perdido nos últimos três anos.
Afinal, quantos desses 2,5 milhões de "novos assinantes" estão pagando recargas e realmente são usuários de TV paga? Falta a Anatel nos trazer detalhadamente essa informação.
Por que fazer isso?
Nenhuma operadora nem a Anatel, procuradas pela coluna, se manifestou até a publicação deste texto, mas as operadoras também parecem estar "jogando para a torcida" (leia-se anunciantes).
Talvez queiram mostrar que ainda são enormes e relevantes, mas a verdade é que a TV paga no Brasil continua sangrando e abaixo dos 14 milhões de assinantes —6 milhões a menos do que tinha no final de 2014.
Só os serviços de streaming já têm mais audiência que todas as operadoras somadas.
Eis uma realidade nenhuma resolução pode apagar ou esconder.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.