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Nascido 56 anos atrás no "italianado" bairro da Moóca, Ciro Bottini virou vendedor aos 23. Antes disso teve uma passagem como radialista na lendária rádio 97FM, uma rádio roqueira do ABC paulista, e na Transamérica.
Oriundo de uma família humilde, filho de um taxista e de uma dona de casa, Bottini se descobriu e se encontrou no ramo das vendas.
"Compre, compre, compre" é um de seus "slogans" que hoje virou um clássico dos "memes". E também o famoso "Aiii, Bottini", quando imita a voz de suas telespectadoras (e grandes compradoras).
Mal sabia ele que, poucos anos depois de entrar nessa profissão, ganharia a fama (com suas brincadeiras no canal Shoptime) e o título (merecido) de maior vendedor do Brasil.
Casado há 22 anos com sua cara-metade, a psicóloga Aline, já são mais de 30 anos como garoto-propaganda de uma infinidade de produtos, muitos milhões no bolso, uma belíssima casa na Barra da Tijuca (entre outros imóveis), além de uma produtora e agência em franca ascensão (a Máquina de Propaganda Bottini; bem, que outro nome seria?)
Veja abaixo a entrevista da coluna com essa lenda das vendas no Brasil.
Caro Ciro, resuma sua infância, adolescência e maturidade. Diga a idade, se é casado e com quem? Como você virou vendedor? Quando estreou na TV?
Ciro Bottini - Há mais de três décadas minha atividade profissional é ser garoto-propaganda de milhares de empresas por todo o Brasil. Vivo da confiança que as pessoas depositam em mim. Faço sucesso sendo vendedor e amo vender. Mas, até chegar aqui, o caminho foi longo, acidentado e cheio de alegrias.
Não me arrependo de nada. Sou um cara de sorte, pois além de tudo isso tenho uma família maravilhosa.
Sou da Moóca, SP, assim como toda a "italianada" com o sobrenome Bottini. Casado desde 98 com a Aline, que é psicóloga. Em 2002, nasceu o Daniel, nosso único filho.
Moramos no Rio há mais de vinte anos. Mudei por causa do Shoptime. A Aline veio em seguida e nós nos apaixonamos pela cidade, tanto que moramos aqui até hoje. Daniel é o carioca da família.
Comecei como locutor de um shopping de atacado no Brás, depois fui para a rádio 97FM, emissora pequena de Santo André que tocava rock and roll. Eu fazia de tudo, desde café, até programação e locução.
Eu não sabia na época, mas já estava vendendo a mim mesmo. Sempre tive o espírito das vendas. Consegui a vaga e fiz a minha estreia na TV anunciando carros no Auto Shop, na TV Gazeta.
Anos depois, a Globo lançou o Shoptime e fui contratado. Foi uma experiência maravilhosa estar desde o início de um projeto super inovador e que mudou a cara do varejo no Brasil. A química foi incrível. Todos nós podíamos liberar a criatividade ao máximo, a empresa era muito receptiva
Criamos uma nova linguagem de vendas e rapidamente ganhamos bastante audiência, com as vendas crescendo gradualmente. Fiquei 25 anos no Shoptime.
De onde acha que surgiu essa obstinação por vendas?
Ciro Bottini - Quer autonomia e liberdade? Entre para o mundo das vendas. Eu adoro isso, está no meu sangue. O "super vendedor" não pensa em limites de horário, número de clientes ou faturamento, ele quer vender sempre mais, sem obstáculos.
Eu sou, sim, meio obsessivo e me realizo todos os dias. Comigo funciona muito bem porque enquanto falo com clientes, fecho contratos e gravo minhas propagandas, me divirto ao mesmo tempo. Tenho também um forte senso de oportunidade que me faz procurar maneiras de crescer o tempo todo.
Sou adepto do marketing pessoal, sei o quanto construir uma imagem verdadeira, positiva e forte ajuda na carreira e nos negócios. Afinal vivemos da nossa credibilidade. É o que tenho feito nos últimos 33 anos: trabalhado duro para criar e manter uma marca de valor.
Sempre fiz questão de apresentar os produtos de um jeito diferente, queria ser o vendedor televisivo que eu mesmo gostaria de ver na TV, mas não encontrava.
Além de repetir meu sobrenome com frequência durante os discursos de venda ("Torradeira Bottini", "Panela Bottini" etc), fui inventando bordões para chamar a atenção da audiência, vários deles baseados em coisas simples do dia a dia.
A voz fininha da telespectadora falando comigo, por exemplo, foi inspirada numa vizinha de porta que, toda vez que me via, perguntava, com aquela voz fininha, se os produtos que eu vendia eram realmente bons.
"Aiii, aquela panela é boa mesmo, Bottiniiii"? E eu respondia: 'Claro que é, pode comprar'. Acabei levando essa brincadeira para os programas meio sem querer, e deu muito certo.
Você lembra qual foi o primeeeeiro produto que você vendeu e para quem?
Ciro Bottini - Olha, o primeiro produto que eu vendi fui eu mesmo! E deu certo! O bom vendedor é aquele que acredita no produto, enxerga oportunidades onde ninguém vê nada e então vai para cima. Atitude! Foi isso que eu fiz. Detectei as possibilidades e bati em todas as portas, pois queria abrir caminhos.
Foi assim na rádio 97 FM, no Auto Shop, da Gazeta, onde vendia carros, e em vários outros lugares. Até hoje sou assim.
Precisamos ter sempre muitos clientes potenciais no radar. Nem todos irão fechar contrato, mas muitos vão.
Eu me inventei, reinventei e continuo sempre trabalhando para me manter atual, criativo, conectado com o mundo moderno e com os jovens. Hoje sou um profissional totalmente digital. O processo de vendas e de valorização da marca precisa ser contínuo.
Até os anos 80 e 90, as profissões de vendedor e comprador eram valorizadas, ao contrário de hoje. Por quê? Qual seu diagnóstico?
Ciro Bottini - As duas funções passaram por diversas mudanças nos últimos tempos, e o que é esperado de um vendedor hoje é muito diferente do que era há vinte anos. Isso é ótimo pois nos obriga a mudar e evoluir o tempo todo.
Para quem reclama de que, atualmente, as coisas mudam o tempo todo, eu respondo que era muito pior quando não mudavam nunca.
Eu vivi aquela fase e não tenho saudades. Este novo mundo dinâmico nos obriga a ser rápidos e adaptáveis, e ao mesmo tempo nos traz autonomia e liberdade de ação.
É preciso encantar as pessoas de verdade para convencê-las de que temos a melhor opção. Acredito muito que, o bom vendedor, sempre será valorizado e disputado no mercado. Sou uma prova viva disso.
Definitivamente você é hoje uma celebridade e não sai da TV 24 horas por dia, portanto há algumas "lendas urbanas" a seu respeito que eu gostaria de checar diretamente com você: 1) É verdade que em algum momento dos anos 90 você foi apontado como o "maior vendedor de DVDs DO MUNDO"? Verdade ou "fake"?
Ciro Bottini - Bem, o maior vendedor de aparelhos de DVD do mundo, não sei, mas do Brasil devo ter sido por muitos anos. Os equipamentos haviam acabado de chegar ao mercado e eram muito desejados. As vendas não paravam, por isso eles apareciam no programa todos os dias, sem exceção.
Eu ficava bastante tempo no ar falando das diferentes marcas, navegando para mostrar as funções e assistindo cenas de filmes. Tudo isso enquanto interagia com clientes ao vivo. Eram horas seguidas falando e vendendo, uma verdadeira insanidade, mas eu amava (rs).
Quando eu entrava ao vivo direto da central de atendimento, aí então era o caos, no bom sentido. Todas as linhas de telefone ficavam ocupadas, todo mundo querendo comprar ao mesmo tempo... Me diverti muito, além de vender dezenas de milhares de aparelhos.
Segunda lenda urbana: Uma assessora (supostamente) sua me ligou no final dos anos 90, no jornal em que eu trabalhava, perguntando se eu queria dar uma nota (pessoal) a seu respeito. A nota em questão era que à época você havia construído a maior casa da Barra da Tijuca? Verdade ou "fake"?
Ciro Bottini - Epa! Alguém quis se passar por meu assessor ou algo parecido. Eu moro na Barra da Tijuca, sim, mas não na maior casa de lá. Ah, e não tenho assessor... rsrs
Bom, curiosamente, o bairro ela acertou (rs)... Você já tem uma grande produtora. Acha que algum dia existirá a TV Bottini?
Ciro Bottini - Na Máquina de Propaganda Bottini todos os dias nós produzimos muitos vídeos personalizados para campanhas publicitárias de empresas em todo o Brasil. Além disso eu também faço centenas de palestras por ano. Isso tudo já me ocupa bastante, acho que a TV Bottini vai ter que esperar um pouco (hahaha).
Mas, tem uma coisa que eu ainda não fiz e adoraria fazer: apresentar um programa de auditório, no estilo do nosso ídolo maior, Sílvio Santos. Claro que seria um programa com muitas vendas e anunciantes.
Última pergunta: Existiu algum dia ou publicidade que você fez nos últimos 30 anos que você não exclamou com a bendita voz de mulherzinha: "Aaaaiiiiii, Bottini"?
Ciro Bottini - Hahahahaha! Definitivamente, não! Meus clientes pedem a voz fininha? Bottiniiiiiiiiiiii... hahaha... Eu adoro!
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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