Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Resumo da notícia
- Há 7 anos a Record fez uma aposta nas novelas bíblicas
- Ideologia da Universal, porém, limitou opções de tramas
- Hoje a emissora se vê encurralada por falta de público
A Record está com um problemão para resolver no horário nobre, o mais importante para a TV aberta. O problema se chama "novelas bíblicas" (ou séries).
Em 2015 a Record decidiu fazer uma grande aposta nesse ramo inexplorado da dramaturgia brasileira. Começou com "Os Dez Mandamentos" e já se deu bem.
Guardadas as proporções de audiência da Record, a novela estrelada por Moisés rendeu média de 16,3 pontos. Um fenômeno.
No capítulo da travessia do Mar Vermelho, por exemplo, chegou a impressionantes 28 pontos na Grande São Paulo (hoje cada ponto são 78 mil domicílios na região).
As tramas religiosas seguintes também foram muito bem. Para se ter ideia, a reprise de "Terra Prometida" (2019) dava mais de 11 pontos de média.
Fonte secou
A partir de "Jezebel" (2019) a coisa começou a degringolar. A trama mal passava dos 7 pontos.
Atualmente em cartaz, "Reis" muito raramente chega aos 5 pontos.
Sob o domínio de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, a emissora da Barra Funda tentou manter a aposta, ao tentar trazer o proselitismo cristão (do Velho Testamento, diga-se) para os dias atuais com "Todas as Garotas em Mim".
Foi um fiasco. A novelinha adolescente afundou a Record a um tal ponto que o SBT voltou a encostar na vice-líder em ibope em horário nobre, após anos.
Chegou a dar 3 pontos de média, um quinto do que a primeira novela bíblica.
Para se pensar
Bom, mas por que isso aconteceu? Como esse estilo foi do sucesso ao fracasso em sete anos?
São alguns motivos:
A Record jogou praticamente todas as suas fichas no Velho Testamento. Mesmo o que houve baseado no Novo Testamento ("Jesus") foi submetido ao crivo da filha do líder da Universal e à liturgia da igreja.
Depois de Adão, Moisés e o apóstolo João há poucos personagens icônicos suficientes para virar grandes histórias. Para reduzir ainda mais as opções, a Record ignora histórias de santos —mesmo sendo fantásticas— ou da Virgem Maria, por exemplo.
Ainda há alguns profetas e os apóstolos, mas há poucas informações de fato sobre a vida pregressa de cada um deles. Uma novela sobre Judas? Maria Madalena? São João Batista? Complicado.
A menos que inventem a própria "narrativa" neopentecostal sobre esses personagens.
Sinuca de bico
Após sete anos, a aposta da Record da dramaturgia religiosa a colocou em uma sinuca. Como sair dela?
Dobrar a aposta na Bíblia?
Difícil, como mostram os argumentos acima.
Voltar ao passado?
Vejo poucas chances de sucesso. Voltar a investir em novelas laicas parece algo hoje distante da emissora.
Além disso, há pouquíssimos autores talentosos no mercado. Uma possibilidade seriam os "remakes", mas o leque de opções é pequeno.
Substituir as novelas por outro conteúdo?
Pode até ser, mas vão colocar o que no lugar? Filmes? Reality shows? Improvável que dê certo.
Conclusão
O problema é que a própria Record, dominada inteiramente por uma ideologia (religiosa), criou seus limites (proselitistas) na dramaturgia.
Caberá à emissora encontrar uma saída para a teia em que se enredou.
Caso contrário, daqui em diante, será um Deus nos acuda (com trocadilho, gente).
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.