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Ricardo Feltrin

OPINIÃO

Opinião: Band acertou ao recolocar pastor nas manhãs

Johnny Saad, presidente da Rede Band - Divulgação/Band
Johnny Saad, presidente da Rede Band Imagem: Divulgação/Band

Colunista do UOL

27/09/2022 00h09

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Na semana passada esta coluna mostrou com exclusividade os resultados de audiência das principais TVs abertas, em horário nobre. Trata-se da mais importante faixa horária tanto para anunciantes como para as emissoras.

Os números da Kantar Ibope em agosto mostraram que a Band foi o canal que mais ganhou público nesse horário.

Na comparação com agosto do ano passado, a emissora da família Saad cresceu 15% na Grande SP (principal mercado para a publicidade).

Quase todas as TVs perderam

Para comparação: a Globo cresceu 5% no mesmo período; a RecordTV perdeu 34%; o SBT caiu 7%; e a RedeTV murchou 13%.

No ano passado, a Band decidiu "sanear" seu horário nobre. Por quase 20 anos a emissora derrubou seu melhor momento nas 24 horas do dia por causa de dinheiro.

Das 20h30 às 21h30, a Igreja Internacional da Graça, do pastor R.R. Soares sangrava diariamente o ibope da casa de 4,0 ou 5,0 pontos para "traço" em menos de cinco minutos.

Como uma bola de neve, isso prejudicava toda a audiência dos programas que vinham após o religioso.

Só que, em oito meses, a chegada de Faustão acabou fazendo diferença.

O ibope hoje do "Faustão na Band" até cai após o "Jornal da Band", mas nada parecido com o que a igreja causava. Foi uma das causas do crescimento da média em horário nobre.

Investiu em plena pandemia

Apesar de ser duramente afetada por décadas de brigas familiares-judiciais, e tendo chegado ao ponto em que uma agência de classificação de risco a considerou inadimplente, a Band ressurgiu das cinzas justamente durante a pandemia.

Higienizou boa parte de sua contabilidade, fez uma reforma geral e demitiu muitos cargos sobrepostos e de altos salários.

Também fez contratações, comprou os direitos da Fórmula 1 e ressuscitou seu departamento de Esportes, além de adquirir várias séries de sucesso mundial.

Enquanto as demais emissoras abertas ficaram "paralisadas" pelo coronavírus, a Band aproveitou o mercado em baixa e foi às compras.

Obedeceu ao mais básico dos axiomas do mercado de ações: compra-se na baixa e vende-se na alta. A Band comprou no momento certo.

Pastor nas manhãs

Planejou também acabar com a presença de todas as igrejas em sua grade e seus canais, como o 21. Tudo por uma questão de imagem, e mesmo sabendo que isso lhe custaria dezenas de milhões a menos no caixa.

Infelizmente esse plano ainda não deu certo. Uma disputa judicial ainda mantém a Igreja Universal como "arrendatária" da rede 21, e o pastor Soares etá de volta à Band.

No fim, pressionada ainda por uma conta que não fecha, foi obrigada a recolocar, agora nas manhãs, R.R.Soares. Foi um preço a pagar (de novo) pelos investimentos.

Como sempre se deu bem com o líder da Igreja Internacional, voltaram a negociar e agora ele tem duas horas na grade (6h às 8h), e não mais uma hora, como antes.

Todos ganharam

Como colunista de TV, nunca pensei que diria isso, mas os números de ibope e de contabilidade mostram que todo mundo ganhou com essa troca.

Por um lado, o ibope de R.R. Soares continua o mesmo que sempre foi: 0,3 ponto. Afinal, não interessa se é de manhã, tarde ou noite. Telespectador é telespectador (ou fiel em potencial), seja em qual horário for.

Ao mesmo tempo, a Band garantiu (até o momento) a integridade editorial de seu horário nobre.

Enfim, uma decisão boa para todos: pastor (que ganhou uma hora a mais); a emissora, que reforça seu caixa com algumas dezenas de milhões a mais por ano; e o público laico ou desinteressado em pregação, que pode continuar sintonizado na emissora após o (ótimo) "Jornal da Band".

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