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Nem três horas haviam se passado desde a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, no último domingo, quando o canal pago bolsonarista JP News deu início a um "passaralho" histórico.
Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, iniciou o desmanche no final do domingo. A emissora acaba de completar um ano.
O primeiro da lista foi Caio Coppolla, no final da noite de domingo.
Ontem, após a ressaca da derrota de seu candidato, Tutinha elevou o tom do desmanche.
Nunes, Fiuza e Cecato fora
O corte de ontem começou com Augusto Nunes, que estava no Grupo JP desde 2016.
Minutos depois, o demitido foi outro direitista convicto, o escritor Guilherme Fiúza, um dos maiores malabaristas retóricos em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) da mídia brasileira.
No final do dia, um telefonema determinou a saída de Carla Cecato, jornalista que estava afastada da Jovem Pan temporariamente para apresentar a campanha de Bolsonaro no horário eleitoral e que agora foi dispensada em definitivo.
Mas, nem só os "fiéis" do candidato derrotado "rodaram". O jornalista Guga Noblat, por exemplo, foi punido, talvez, justamente por não sê-lo.
Segundo Guga, sua demissão foi causada porque ele não saiu em defesa da emissora após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mandar investigar as falas dos comentaristas, que distorceram informações e ofenderam Lula.
Não coincidentemente, todos os demitidos de ontem estavam entre os detratores de Lula que desafiavam o TSE e ignoravam algumas regras básicas da civilização.
Segundo fontes na emissora, ouvidas sob anonimato, o clima é de terror na redação. Há certeza de que haverá muito mais demissões.
Tutinha = Bolsonaro
Ninguém na Jovem Pan faz ideia do que está se passando na cabeça de Tutinha.
Mas, conhecendo um pouco da sua trajetória, presumo que tenha a ver única e exclusivamente com poder e dinheiro (não nessa ordem).
Só isso explica por que, em cinco anos, ele transformou uma das emissoras com o jornalismo mais confiável do país em um veículo de mídia parcial e deplorável.
Notem: o que Tutinha está fazendo é exatamente a mesma coisa que seu ídolo Bolsonaro fez ao longo de quatro anos: sacrificar colaboradores e abandoná-los sangrando pelo caminho assim que vê seu reino ameaçado.
Não duvido que nos próximos meses a JP News mude todo seu quadro de colaboradores e se torne a mais "esquerdista" das emissoras do Brasil. Afinal, o governo federal é o grande anunciante da publicidade nacional.
A ideologia de Tutinha, convenhamos, nunca foi de esquerda ou de direita. A ideologia dele é a do dinheiro.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram, site Ooops e YouTube
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