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No mês passado, um número dentro do ranking de ibope da TV brasileira chamou a atenção: a Record News superou a RedeTV em audiência mensal.
Com isso, virou o 6º canal aberto mais visto, atrás de Globo, Record, SBT, Band e TV Cultura.
Foi por pouquinho, claro, pois canais de notícias (sejam abertos ou pagos) têm índices na casa dos décimos e centésimos de ibope.
Em janeiro ficou Record News 0,282 x RedeTV 0,280 em São Paulo, segundo os dados da Kantar Media.
Porém, o simbolismo desse resultado foi grande, porque não foi por acaso. Ele foi e vem sendo construído.
Para explicar o porquê, é preciso voltar um ano no tempo.
A guerra: Em fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, para perplexidade do mundo e do jornalismo.
A região é complexa, e sua história de séculos, mais ainda. Surpreendidos, apesar dos muitos indícios por meses e anos, de que o ataque poderia ocorrer, os canais de TV brasileiros ficaram numa sinuca. Afinal, não há muitos jornalistas com conhecimentos profundos em geopolítica, muito menos a do leste europeu.
Os efeitos da invasão russa também não se limitariam ao solo ucraniano, mas à economia mundial. A batata assou nas redações.
Arroz com feijão
A GloboNews fez o que sempre faz nesses momentos, seu "arroz com feijão". Escalou a mesmíssima equipe de jornalistas e comentaristas do dia a dia para analisar o que estava acontecendo do outro lado do mundo
O resultado nos primeiros dias foi tenso. Era evidente que, muita gente ali, gabaritadíssima para falar de qualquer coisa sobre o Brasil, não tinha conhecimento suficiente para enveredar em análises geopolíticas do outro lado do mundo.
O mesmo ocorreu na Bandnews, num primeiro momento; e o mesmo com os canais abertos comerciais. Até mesmo a grife CNN tropeçou no início da cobertura.
Quem poderá explicar?
Sabia-se que estava ocorrendo uma guerra com duração e efeitos imprevisíveis. Mas, se o telespectador "leigo" estivesse diante desses canais por horas, provavelmente continuaria confuso.
No entanto, se ele sintonizasse um pequeno canal aberto considerado desimportante e tido como "suspeito" pelo público "influenciador", não se decepcionaria: a Record News.
Enquanto comentaristas da Globo, Globo News, Band News e CNN Brasil provavelmente estavam passando horas na internet, tentando entender o contexto de tudo aquilo, o canal noticioso da Record agiu de forma incrivelmente rápida.
Correria na redação
Mobilizou sua redação para escarafunchar as universidades do Brasil do mundo atrás de brasileiros que fossem experts naquela região específica do mundo.
Historiadores, Geógrafos, sociólogos, economistas, doutores, mestres foram escalados para entradas ao vivo. A partir do primeiro dia de guerra, eles se tornaram, de certa forma, os "apresentadores" do que estava acontecendo ao público da Record News.
Eram 24 horas por dia com especialistas falando de cada possível efeito e desdobramento que o conflito teria na região e no mundo. Chamou a atenção como a redação descobriu tanta gente especializada em tão pouco tempo. E como a agenda e exibição das entrevistas foi precisa.
Didatismo 100%
Havia cruzamento de temas, debates e, o mais importante: os apresentadores da Record News estavam surpreendentemente bem preparados. Muito mais até que os da "matriz" da Barra Funda.
O fato de a maioria absoluta desses estudiosos também serem professores ajudou, e muito, no didatismo e na compreensão para o telespectador.
Eram praticamente 24 horas por dia com professores dando "aulas" sobre Rússia, Ucrânia, Europa oriental e adjacências.
Ataques do 08/01
No último dia 8 de janeiro, quando milhares de imbecis golpistas invadiram, depredaram patrimônio público e rasgaram a Constituição (literalmente, inclusive) em Brasília, a Record News estava de novo a postos.
Ao contrário da "mãe", ela exibiu tudo sem meias palavras e novamente se destacou entre os "grandes" canais de jornalismo. Inclusive um de seus repórteres foi um dos primeiros a usar o termo "terrorismo" para designar a barbárie que estava acontecendo na Praça dos Três Poderes.
Enquanto o Brasil sofria uma tentativa de golpe de Estado por um bando de celerados, a RecordTV mantinha no ar o "Hora do Faro", com tímidos boletins sobre os atos criminosos que estavam em andamento.
A propósito, durante todo o governo de Jair Bolsonaro, o jornalismo do canal teve um comportamento muito mais equilibrado que o da "matriz".
Pois, se essa "matriz" não impedir, esse canal que nasceu como UHF há 15 anos, vai continuar a crescer, ainda que seja nas casas decimais e centesimais.
A Record News se tornou, ao mesmo tempo, a única e melhor opção de jornalismo 24 horas da TV aberta. Se tornou também a única opção de informação clara e isenta para mais de 62 milhões de brasileiros que vivem na linha de pobreza; os "excluídos" que não têm banda larga e não podem assinar TV paga ou serviços de streaming.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram, site Ooops e YouTube.
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