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Após meses de impasse, o apresentador Rodrigo Faro acabou renovando com a RecordTV no mês passado. O novo contrato tem validade "indeterminada" e não contém mais cláusula de multa, em caso de rescisão.
Ou seja, se ele ou a emissora quiser desistir do acordo a qualquer momento, não haverá custos para ninguém.
Isso mostra como as coisas mudaram desde 2008, quando o promissor ator da Globo decidiu encarar a nova profissão de apresentador. E se deu muito bem.
Atormentou concorrentes
Faro entrou nos sábados da emissora da Barra Funda e incomodou até a Globo com seu ibope. Incomodou mais ainda ao SBT de Silvio Santos, que virou freguês.
O programa era dinâmico, cheio de quadros, divertido e, principalmente, popular. Caiu no gosto das valiosas (publicitariamente falando) classes B, C e D.
Por cerca de 10 anos, o apresentador foi considerado um "talismã", e uma das mais bem-sucedidas (senão a mais bem-sucedida) apostas da Record em décadas.
Muita gente na Globo lamentou tê-lo perdido, já que ele já havia levado propostas à direção da TV da família Marinho. Tudo foi recusado.
Por cerca de 10 anos a Record temeu perder seu contratado para a concorrência.
Tempos passados
Por isso, nas renovações, sempre incluía no documento uma cláusula com enorme multa. Para desanimar não só Faro, mas também um eventual interessado.
A partir do final de 2019, tudo começou a mudar. Três dias depois de Gugu Liberato morrer, Faro e sua equipe cometeram um erro, que teve enorme repercussão.
Até então, o apresentador parecia estar chorando no programa ao vivo, feito em homenagem ao colega morto. A determinada altura, porém, deveria ter entrado os comerciais; mas, a atração continuou no ar por acidente.
O apresentador foi então flagrado perguntando à produção como estava o ibope naquele momento, sem uma lágrima sequer no rosto. Sua fisionomia triste mudara em um átimo de segundo.
Foi cancelado. Foi acusado de fingimento e falsidade, e de que estaria pouco se lixando para a morte de Gugu, e sim preocupado com audiência. Virou alvo de reprovação e também inúmeros memes.
Por até ser coincidência (não creio), mas depois disso seu ibope só decaiu.
Números de ibope
Desde então, Faro passou a ser derrotado seguidamente por Eliana, no SBT, e, da vice-liderança, caiu para o terceiro lugar. Por exemplo, desde o início de 2022, ele enfrentou a loira do SBT em 64 domingos. Ela venceu 53 (83%). Faro, 11 vezes (17%).
Em um ano, Eliana acumula uma média 6,4 pontos no ibope, 5,3 do Faro.
Em 2023, em 8 confrontos (até dia 19), Eliana venceu todos.
E o ibope de Rodrigo Faro, este ano, já caiu para 4,3 pontos em São Paulo (cada ponto = 77 mil domicílios). A última vez que ele foi vice foi em 13 de novembro de 2022, quando marcou 6,1 contra 6 de Eliana.
Conclusão
A conclusão é que, com a explosão do streaming, do YouTube e da internet como um todo, não existem mais "estrelas" intocáveis na TV.
O último quadro realmente interessante criado no programa "Hora do Faro" é, pasmem, o longínquo "Dança Gatinho".
Hoje falta ao "Hora do Faro" criatividade, novidade, humor; falta surpresa.
Faltam quadros que prendam os olhos de um público que hoje, graças a uma infinidade de formas de lazer digital domiciliar, tem o grau de atenção de um passarinho.
É bom lembrar que esse alerta vale não só para Faro, mas para todos os apresentadores de TV:
Ou esses profissionais reconstroem e redesenham suas carreiras e programas, ou estão fadados a ser engolidos por milhões de outros produtores de conteúdo.
O tempo de glória das estrelas da TV aberta já passou e não volta mais.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram, site Ooops e YouTube.
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