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Apenas pessoas mais próximas de Yara, a mulher e musa de Juca Chaves por quase 50 anos, sabiam que ele estava sofrendo de vários problemas de saúde havia anos, inclusive o Alzheimer.
Juquinha, como era chamado por todos os amigos, morreu ontem (25) em Salvador, segundo o boletim do hospital, de complicações respiratórias, aos 84 anos.
Tive sorte de fazer parte por algum tempo do círculo dos Chaves e poder "filar" um almoço no apartamento deles, aqui em São Paulo, no Itaim.
Foi ali que conheci as duas meninas adotadas pelo casal, a Maria Moreno e a Maria Clara. Ainda eram crianças e bagunceiras adoráveis.
Top model
Além de inteligente, sarcástica, linda e cheia de personalidade, Yara também é uma cozinheira fantástica e eu tive a sorte de provar. Foi bailarina e modelo, com os seus lindos olhos que parecem duas grandes bolas de gude.
Juquinha conta que se apaixonou por ela "antes de existir amor à primeira vista" e nunca mais desgrudou.
Foi para Yara que ele compôs a linda "A Cúmplice", nos anos 70, que tocava em rádios do Brasil ("Eu quero uma mulher / que seja diferente / de todas que eu já tive / todas tão iguais").
Isso era raro porque Juca sempre esteve no radar dos militares, que ficavam procurando pelo em ovo em suas músicas, e as rádios também não queriam problemas.
Meus leitores
Conhecer Juca e Yara foi um dos maravilhosos momentos que o jornalismo me proporcionou.
Tudo porque Juquinha e Yara se tornaram fãs e leitores assíduos de uma coluna que eu assinei na Folha Online (hoje Folha.com) nos anos 2000, a coluna Ooops (dos patinhos). Em muitas quintas-feiras (dia em que a coluna era publicada) eles me ligavam para comentar e debochar dos "noticiados" da semana.
Anualmente eu premiava celebridades no Troféu Quem Irrita, com categorias debochadas como a "Não Sei Cantar, Mas Meu Pai Tem Dinheiro"; ou o "Prêmio Juliana Paes de Atriz Que Faz a Mesma Personagem em Todas as Novelas".
Ele não só morria de rir, como ainda me dava ideias para outras categorias piores ainda, no troféu do ano seguinte.
Meu pai era fã
Além do sarcasmo em comum, acabamos nos afeiçoando por outros motivos.
Quando eu era criança, meu pai sempre tocava em seu Fusca uns cartuchos (pré-históricas "pré-fitas cassete", quase do tamanho de um VHS) com shows ao vivo do Juca. Eram gravações piratas de gente que ia aos shows dele, gravava escondido e depois revendia.
Meu pai, José Augusto, era "doente" pelo Juca e eu devo ter ouvido aqueles cartuchos dezenas de vezes com ele. Quando vi o casal pela primeira vez, meu pai já havia partido. E eu pensei o quão feliz ele estaria se estivesse vendo na casa de quem eu estava entrando.
Juca era completamente obcecado pelo show business e chegou a arrendar teatros, nos quais se apresentava e alugava para outros artistas, a preços módicos.
Algum tempo atrás, escrevi para Yara "me convidando" para ir passar uns dias na casa deles, que ficava numa praia não muito distante de Salvador.
Sabia que Juquinha não estava bem, e queria vê-lo mais uma vez, antes que esquecesse de mim. Infelizmente, não deu tempo. Ela ficou do seu lado até o fim. Juquinha morreu nos braços de sua linda e única musa.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram, site Ooops e YouTube
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