Memórias de Salman Rushdie sobre ataque a faca em 2022 serão publicadas no próximo ano
Por Kanishka Singh
WASHINGTON (Reuters) - Salman Rushdie, o romancista nascido na Índia que passou anos escondido depois que o Irã instou os muçulmanos a matá-lo em razão de seus escritos, publicará um livro de memórias sobre o atentado a faca que sofreu em Nova York em 2022, disse a editora Penguin Random House na quarta-feira.
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O novo livro de memórias de Rushdie, "Knife: Meditations After an Attempted Murder", será publicado em 16 de abril de 2024.
“Este foi um livro necessário para eu escrever, uma forma de assumir o controle do que aconteceu e de responder à violência com arte”, disse Rushdie, cujas aparições públicas foram limitadas desde o ataque do ano passado, em comunicado divulgado pela editora.
Rushdie, 76 anos, recebeu o prêmio "Freedom to Publish" do British Book Awards em maio.
Um ataque no palco em agosto de 2022, durante uma palestra no estado de Nova York, deixou o autor britânico cego de um olho e afetou o uso de uma das mãos. Seu agressor, um muçulmano xiita americano de Nova Jersey, declarou-se “inocente” das acusações de tentativa de homicídio e agressão em segundo grau.
Rushdie lançou um novo romance, "Victory City", quase seis meses após seu ataque com faca.
O escritor enfrenta há muito tempo ameaças de morte relacionadas ao seu quarto romance, "Os Versos Satânicos", que foi proibido em muitos países com grandes populações muçulmanas após sua publicação, em 1988, devido a passagens consideradas blasfemas por alguns.
Rushdie passou anos escondido depois que o líder supremo do Irã na época, o aiatolá Ruhollah Khomeini, pronunciou uma fatwa, ou édito religioso, conclamando os muçulmanos a matá-lo.
Embora o governo pró-reforma do presidente iraniano, Mohammad Khatami, tenha se distanciado da fatwa no fim da década de 1990, a recompensa multimilionária que pairava sobre a cabeça de Rushdie continuou a crescer e a fatwa nunca foi levantada.
O sucessor de Khomeini, o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, disse certa vez que a fatwa contra Rushdie era “irrevogável”.
(Reportagem de Kanishka Singh em Washington)