Armeira de 'Rust' é acusada de negligência em caso de morte nas filmagens

Um promotor do Novo México responsabilizou a principal armeira do filme "Rust", Hannah Gutierrez, pelo disparo que matou em 2021 a diretora de fotografia da produção, enquanto seu advogado disse que ela estava sendo usada como bode expiatório da tragédia.

Gutierrez, 27, ouviu calmamente as declarações iniciais da Promotoria em seu julgamento por homicídio culposo. Ela é acusada de ter levado balas de verdade para o set — o que é estritamente proibido há quase um século.

Ela se declarou inocente e seus advogados disseram a um júri com cinco mulheres e sete homens que ela estava sendo culpada por uma produção caótica e de baixo orçamento, na qual estava sobrecarregada de trabalho.

Os advogados argumentam ainda que seus pedidos por treinamento adicional com armas de fogo foram ignorados e que o ator Alec Baldwin quebrou regras básicas de segurança de armas, ao apontar o revólver a uma pessoa e puxar o gatilho.

Alec Baldwin nos bastidores de 'Rust' após acusação de homicídio culposo
Alec Baldwin nos bastidores de 'Rust' após acusação de homicídio culposo Imagem: Reprodução/Instagram

Hutchins recebeu um tiro fatal após Baldwin ensaiar em um set em Santa Fé com uma reprodução do revólver "Peacemaker" Colt. 45, que Gutierrez havia carregado com munição real. O diretor Joel Souza, ferido no incidente, sobreviveu.

As acusações contra Baldwin foram retiradas em abril do ano passado, mas foram apresentadas novamente em 19 de janeiro. Seus advogados querem um julgamento em junho.

Baldwin, que também era um dos produtores de "Rust", negou responsabilidade e disse que a arma disparou sem que ele puxasse o gatilho. Acrescentou que a segurança de armas não era seu trabalho.

Tanto o FBI quanto um teste independente do revólver concluíram que ele não dispararia sem que o gatilho fosse puxado.

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"Não é porque houve uma tragédia que significa que um crime foi cometido", disse Jason Bowles, advogado de Gutierrez, em seus argumentos iniciais.

A morte de Hutchins foi o primeiro disparo fatal em um set desde que o ator Brandon Lee, filho de 28 anos do falecido lutador de artes marciais e ator Bruce Lee, morreu em 1993, quando um colega atirou nele enquanto filmava.

"Nós acreditamos que foram os atos negligentes e falhas da ré, senhora Gutierrez, que contribuíram para a morte da senhora Hutchins e para o fato de munição verdadeira ter sido levada ao set", disse o promotor especial Jason Lewis, nomeado há quase um ano, após dois antecessores renunciarem em função de uma série de erros legais.

Gutierrez se declarou inocente da acusação de homicídio e também de uma denúncia por adulteração de provas, por supostamente ter entregado uma sacola de cocaína para um membro da equipe em 21 de outubro de 2021, após o disparo, para impedir que a polícia a encontrasse. Cada acusação tem pena de até 18 meses de prisão.

A Promotoria alegou que o uso de drogas de Gutierrez à noite, após as filmagens, fez com que ela ficasse com ressaca no trabalho e incapaz de perceber a diferença entre munições verdadeiras e falsas.

Lewis mostrou fotos de munições verdadeiras encontradas no set e disse que elas deveriam ter sido facilmente detectadas, porque tinham espoletas de níquel brilhantes, ou tampas na extremidade, enquanto as falsas tinham espoletas de latão opacas e pareciam envelhecidas.

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Ele disse ainda que as balas falsas tinham buracos no lado ou bolas de rolamento na parte de dentro que chacoalhavam quando eram sacudidas.

Bowles rebateu que muitas balas falsas no set tinham espoletas de níquel e algumas não tinham bolas de rolamento e eram indistinguíveis da munição real.

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