Indústria musical da Coreia do Sul tem um problema maior do que o BTS
O K-pop pode até parecer um vencedor financeiro das paradas musicais, a julgar apenas por alguns números. O pop sul-coreano teve um ano marcante em 2023, com suas quatro maiores agências registrando vendas recordes de álbuns e receitas com streaming somadas de 1,3 bilhão de dólares, segundo estimativa do Citigroup.
Mas essas mesmas companhias, incluindo a Hybe e a SM Entertainment, perderam um total de 6,2 bilhões de dólares em valor de mercado desde o pico de junho do ano passado.
Relacionadas
A causa mais óbvia seria a longa ausência de palco e gravações de estúdio do BTS, a cara global do K-pop, cujos membros atualmente estão prestando serviço militar obrigatório por pelo menos 18 meses. Esse hiato corresponde a outra razão pela queda nas ações: a venda de CDs começou a cair no meio do ano.
Para a maioria do mundo, o destino de um formato obsoleto e de pouca fidelidade pode ser irrelevante. Mas, na Coreia do Sul, é algo grandioso: no ano passado, 80% das vendas de músicas gravadas pelo selo JYP Entertainment, por exemplo, vieram das mídias físicas, segundo o HSBC. Isso ocorre porque fãs do K-pop correm para comprar o mais recente CD de seus grupos favoritos para impulsionar as vendas na primeira semana, a principal métrica do sucesso de uma banda.
Além disso, houve uma queda de exportação de álbuns para a China. As remessas evaporaram em junho do ano passado e ainda não se recuperaram, mostram dados da aduana sul-coreana.
O BTS não é a única explicação, já que o selo que os representa, a líder de mercado Hybe, fez com que membros da banda gravassem trabalhos solo para serem lançados durante e após a sua ausência. Especialistas do HSBC dizem que o principal obstáculo é a inflação, que forçou os fãs a cortar gastos e deve fazer a contração nas vendas físicas no segundo semestre do ano passado durar até o final de 2024.
Enquanto isso, a Hybe está errando algumas notas por aí. A sua novidade de "girl group", NewJeans, está no centro de uma disputa de propriedade entre a empresa e seu sub-selo, chamado Ador.
A volta do BTS no próximo ano não deve consertar esses problemas. Para tal, será necessário apostar mais no streaming, suavizar cronogramas de lançamento interrompidos pelo recrutamento militar e investir ainda mais em mercados estrangeiros, como os EUA e o Japão. Só então a indústria poderá aumentar sua resistência.