Cancelamento do "discurso do trono" reforça temores sobre fragilidade da saúde de Rainha Elizabeth II
Pela primeira vez desde 1963, a abertura da sessão formal dos trabalhos do parlamento britânico não será feita pela rainha Elizabeth II. O cancelamento de sua participação reforça os temores sobre a fragilidade da saúde da monarca, que completou 70 anos de reinado.
Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres
Esta é uma das suas tarefas mais importantes. Simboliza a relação do monarca constitucional com a democracia representativa. É a abertura dos trabalhos do legislativo. Uma cerimônia com rígido protocolo de Estado em que ela faz a leitura do tradicional "discurso da rainha". Não se trata de um texto escrito pela monarca, ou sequer pelo Palácio de Buckingham. É o programa do governo para o ano. É um ato em que a monarquia, ao legitimar os planos do governo democraticamente eleito, legitima a si própria.
Em suas sete décadas de reinado, o mais longevo da história, ela só não abriu a sessão do parlamento duas vezes por estar grávida. A primeira foi em 1959, e a segunda, em 1963. A leitura do discurso desta terça-feira (10) será feita por seu filho Charles, o príncipe-herdeiro, que, pouco a pouco, vai se preparando para assumir as funções da mãe. O Palácio de Buckingham só anunciou que a monarca não estaria na cerimônia na véspera desta segunda-feira (9). Mas já havia rumores de que isso poderia acontecer. Na semana passada, foi divulgado que, se ela fosse, não haveria imagens do seu trajeto dentro do parlamento.
Aos 96 anos, ela tem tido dificuldades de mobilidade. No último evento público de que participou, no mês passado, a missa em homenagem ao marido Phillip, o duque de Edimburgo, morto no ano passado aos 99 anos, Elizabeth II usava uma bengala.
Na cerimônia do parlamento deste ano, embora a monarca não esteja presente, sua coroa será levada para o salão e o seu trono ficará vazio. Charles e o filho William, o duque de Cambridge, segundo na linha de sucessão, vão se sentar de frente para os parlamentares.
Na semana passada, Buckingham já havia avisado que a rainha não participaria tampouco das tradicionais "Garden Parties", realizadas nos jardins do Palácio de Buckingham, em Londres, desde os tempos da rainha Vitória. As festas, que foram canceladas nos dois anos anteriores por conta da pandemia do coronavírus, costumam ser oferecidas para oito mil convidados, a quem são servidas 27 mil xícaras de chá, 20 mil sanduíches e 20 mil fatias de bolo. As deste ano serão conduzidas por outros integrantes da família real, que representarão a monarca.
Elizabeth II também não participou de eventos na Páscoa, como estava previsto. O palácio informa, contudo, que ela não vai suspender o resto da agenda dos próximos dias, que inclui a reunião semanal com o primeiro-ministro e o seu conselho. Mas esses encontros podem ser virtuais ou por telefone.
De todos os modos, é crescente a preocupação com a fragilidade da saúde da rainha, que reduziu significativamente seu ritmo de trabalho desde que foi hospitalizada em outubro do ano passado. A informação de que havia passado uma noite no hospital foi revelada por um tabloide, confirmada somente depois pelo palácio, o que provocou dúvidas sobre o estado de saúde da monarca.
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