FORÇA BLACK

C6 Fest, que aconteceu neste fim de semana em SP, evidencia o poder e a influência da música negra

Thiago Ney Colaboração para Splash, em São Paulo Mariana Pekin/UOL
Mariana Pekin/UOL

Dá para tirar várias conclusões sobre este C6 Fest que rolou entre sexta (17/5) e domingo (19/5) no parque Ibirapuera, em São Paulo. Mas algo ficou evidente: o evento foi empurrado para cima por uma Força Black.

Foi uma decisão consciente ou coincidência a concentração de artistas negros no palco Arena Heineken, o maior do festival? No palco Tenda MetLife, estavam os nomes brancos —à exceção das paraenses Jaloo e Gaby Amarantos.

Isso falando apenas do braço pop do C6 Fest. Porque a Força Black também esteve no braço jazz, no Auditório Ibirapuera, com apresentações memoráveis de Dinner Party (um supergrupo com Kamasi Washington, Robert Glasper e Terrace Martin) e Chief Adjuah. A dupla de artistas, que se apresentou no domingo, protagonizou uma catarse no auditório.

Se tivermos que fazer uma lista com os melhores shows pop deste C6 Fest, certamente vão entrar também Paris Texas e Young Fathers.

Paris Texas é o nome de uma dupla de MCs norte-americanos que faz um rap explosivo, com uma bem-vinda pegada roqueira. Música que faz dançar e faz pular muito —até uma roda de pogo foi aberta ao final do show.

Os escoceses Young Fathers podem até não serem muito conhecidos aqui no Brasil, mas o show no C6 Fest fez o grupo ganhar fãs. Com quatro discos nas costas, a banda mostra influências de rap, disco-punk e folk. É um som por vezes caótico, mas com uma potência que quase nos deixa em transe.

O palco Heineken abrigou ainda apresentações bem competentes de gente como Cimafunk (músico cubano que levantou o público no sábado), Ayra Starr (nigeriana que mostrou em São Paulo por que os afrobeats estão em alta no mundo) e Daniel Caesar (que fez gente até chorar com um som épico que encerrou o palco, no domingo).

E teve espaço ainda para uma bonita homenagem ao grande Cassiano, compositor que ajudou a construir a música black brasileira principalmente nas décadas de 1960 e 1970. O show, comandado por Daniel Ganjaman, teve a presença de vocalistas como Negra Li, Preta Gil e Liniker.

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Cimafunk, músico cubano duas vezes indicado ao Grammy, fez o seu primeiro show no Brasil e já fez história. Dono de uma performance invejável, digna da comparação sempre presente com o mestre James Brown, Cimafunk trouxe ao palco do C6 Fest uma apresentação potente e contagiante. Misturando elementos de funk, soul, hip hop, jazz e pop, o cubano é aquele tipo de frontman magnético, do qual você não consegue tirar os olhos, a não ser que ele assim queira. E ele só quer quando abre espaço para a banda ou, como ele diz, sua "tribo". E que banda!

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JAZZ EM 3 VERTENTES

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Pelo menos três vertentes foram abertas no jazz dos anos 1960: a política, que se manifestava inequivocamente sobre questões raciais (um álbum emblemático é "We Insist!", de Max Roach); a espiritual, que buscava a transcendência e o êxtase místico pela música (como no John Coltrane de "A Love Supreme" e discos posteriores); e a fusão com a música negra popular, como o R&B, soul e funk (numa infinidade de gravações). Todas estiveram presentes no encerramento do C6 Fest, com Chief Adjuah e Dinner Party.

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DEU BOM x DEU RUIM

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Pedro Messias, 23

Os palcos são muito distantes. A gente tem que sair do festival para acessar um ou outro.

Adriana Rosário Cabral, 42

OUTRO LADO

[Era preciso sair do festival para ir de um palco ao outro] porque a Marquise está interditada agora, isso que mudou. O ano que vem não vai ter mais isso. Tivemos que fazer a volta, porque já não podia fazer os túneis debaixo dela. Ela está em obra. Para a gente foi ruim. Aí a volta é grande, porque desde aqui em frente à Oca já começa o bloqueio. Não é à toa, não é uma opção. Então essa sensação de sair e entrar é porque a passagem não é por dentro, você tem que passar por onde outras pessoas do parque passam. Mas não teve jeito.

Monique Gardenberg, empresária da Dueto, produtora que bota de pé o C6 Fest

Fernando Souza/Divugação

PACUBRA NÃO PEGOU NO DOMINGO

Mas a culpa não foi dos DJs

Apesar de ter música eletrônica espalhada pela programação de seus dois palcos grandes, a Tenda MetLife e a Arena Heineken, os DJs do C6 Fest foram alocados para o Pacubra, um pavilhão afastado da espinha dorsal do festival. Além da distância, o prédio tem uma arquitetura um tanto ingrata para se transformar numa pista de dança; pé direito alto e estrutura de mármore e cimento queimado, materiais que fazem o som alto que sai da cabine dos DJs rebater como lanças de volta aos ouvidos dos dançarinos. No domingo, apesar de ter uma escalação de nomes fortes (os DJs Meme e o americano David Morales), o local permaneceu com cara de vazio, com alta circulação, porém sem liga para se tornar uma pista de verdade. A culpa não era nem de longe dos DJs, que fizeram lindamente seu trabalho, mas por esse soma de fatores (distância, som versus tratamento acústico e line-up forte nos outros palcos), o Pacubra não virou pista este ano. (CLAUDIA ASSEF)

JAMAIS ESQUECEREMOS

Mariana Pekin/UOL

Resort musical

Festival com curadoria. Público com crianças e cachorros. Letras de show com tradução para libras. Uísque puro malte com gelo. Restaurante com prêmio Michelin. Artistas seminais com novatos promissores. [...] No meio dos maníacos por música, via-se muita gente que estava só para ver e ser vista e não viajou para a praia ou a montanha para ocupar o final de semana ensolarado no resort musical montado entre tapumes e seguranças no privatizado parque Ibirapuera.

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Letícia Parron/UOL

Casal do swing

Acompanhada do marido, Taty curtiu o segundo dia do C6 Fest com uma máscara cor de gelo e cheia de strass. Ninguém consegue ver seus olhos e nem sua boca. "Ninguém conhecia a gente, todos ficaram curiosos para saber quem eu era. Desde então, eu uso quando dá ou quando estou fora da minha cidade." Os dois estão em um site de swing.

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