Uma menina de chapéu cor-de-rosa chora ao som de um batidão rural. Um garoto de camisa preta chuta o ar numa roda punk onde não se ouve guitarras. Elas são tocadas depois, por senhores barulhentos. Seja bem-vindo à Cidade do Rock; sua idade não importa.
O Rock in Rio 2024 foi um aniversário antecipado da cena que ocorre há 40 anos: alguém olha para a TV e reclama: "Ué, não era só rock?". Não. Dos B-52s em 1985 ao 21 Savage em 2024, só os números mudaram — o festival continua a buscar engolir de tudo.
A décima edição no Brasil foi especial para chutar limites que nunca existiram. O primeiro dia já foi um choque para os desavisados. Na sexta-feira, 13, uma jovem multidão (apelidada "tropa dos Enzos") foi ver o brasileiro Matuê, o norte-americano Travis Scott e outros ídolos do trap, variação popular do rap.
Veigh (se não conhece, procure saber com seu sobrinho) deu a aspa do final de semana a Toca: "Acredito que o trap é o novo rock".
Quem ficou mordido com o atrevimento se consolou com o showzaço do Deep Purple. O vocalista Ian Gillan, 79 anos, poderia ser bisavô do MC Chefin, 20. Causaram furor do mesmo jeito.