Ele é conhecido como Padrinho, e muita gente acha que o apelido tem ligação com o mundo do crime. Angelo Canuto, 47 anos, passou um terço da vida na cadeia, com condenações que incluem sequestro e organização criminosa. Hoje trabalha como empresário de futebol e de funk. Negocia em nome de atletas como Luciano (São Paulo) e Davó (Corinthians). Na música, representa MC Caveirinha, Kayblack e Kawe, entre outros.
O primeiro artista que conheceu foi o rapper Dexter —ainda na prisão. Aproximaram-se e passaram a trabalhar juntos. Padrinho de casamento do amigo, ganhou o tal apelido.
Canuto nasceu em Guaianases, na zona leste de São Paulo. Sua referência de pai era o traficante da quebrada. "Foi o cara que me ensinou a lei da favela, a me comportar. Ajudou a formar o meu caráter enquanto homem. E eu via na pessoa dele um porto seguro, era o cara que me orientava, que me ajudava."
Veio do "pai" a ideia de virar policial. Canuto, que sempre gostou de estudar e sonhava em ser jogador de futebol, passou no concurso e foi trabalhar no 2º Batalhão de Choque. De lá, "fazia alguns favores". Ganhou muito dinheiro, mas, como ele mesmo diz, "a conta chegou" e teve duas longas passagens pela prisão. Escreveu um livro sobre a própria caminhada e, ainda atrás das grades, decidiu estudar. Fez faculdade, MBA, virou palestrante e começou a trabalhar com música. Na sequência, passou a se dedicar ao futebol, que tanto amava.
A ligação com a origem humilde de tantos atletas e cantores é, segundo ele, seu diferencial. "Tenho essa empatia, essa troca. A gente chora junto, a gente fala de quebrada junto. Ofereci merda para Deus, em tudo o que fiz na minha vida. Aí, Deus foi lá, fez uma alquimia e me devolveu ouro. É a minha capacidade de trocar uma ideia, é a minha habilidade de passar para os meninos que a gente é capaz de fazer e não importa."
Leia, abaixo, trechos da entrevista ao UOL.