PE-DRO SAM-PAI-O

DJ foi de festas com cachê de R$ 50 ao topo dos streamings e hoje é melhor amigo de famosas como Anitta e Gkay

Fernanda Talarico e Renata Nogueira De Splash, em São Paulo Rodolfo Magalhães/Divulgação

Pedro Sampaio está à vontade. De boné para trás, casaco, mas sem camisa. O estilo despojado conversa com aquele que ele tenta imprimir também nas músicas. Na pausa entre uma declaração e outra a Splash, ele segura um coco verde. A bebida escolhida não deixa dúvidas: estamos diante de um menino do Rio.

Inserido no bregafunk e de mãos dadas com Anitta, o artista começou a ganhar mais força pouco antes da pandemia, no comecinho de 2020, e conseguiu se moldar a ela. Dos palcos gigantes que já estava se acostumando se ajeitou na varanda do apartamento na Barra da Tijuca para não ficar sem tocar.

Passados quase dois anos — de sucesso e pandemia —, Pedro Sampaio acaba de lançar seu primeiro disco com feats com gente do pop, do funk, do pagode e até do piseiro. A música "Dançarina", com MC Pedrinho, ocupa a primeira posição das mais tocadas no Brasil no ranking do Spotify.

Nesta entrevista a Splash, Pedro relembra o começo de sua trajetória, fala da amizade com Anitta e conta alguns segredos como a origem de um bordão que você já ouviu por aí, algumas vezes.

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Comigo sempre foi acontecendo assim, fui evoluindo. Me sentia pronto? Passava de nível. Está sendo assim até hoje.

Pedro Sampaio, DJ

Nicolas Batata

A pedra preciosa

O "Pe-dro Sam-pai-o" surgiu a partir de uma das várias tentativas de inovar e "passar de fase". O DJ estava atrás de novidades para as suas apresentações, quando lembrou de um macete do funk e pediu ajuda para um de seus amigos do Rio, MC Jefinho.

Me manda umas vozes aí, cara. Falando meu nome, voz para a galera dançar

"Isso é muito comum no funk, sabe? Ele mandou um arquivo de uma hora. Falando, cantando, fazendo um som para eu pegar o que quisesse. É a mesma sensação de você garimpar. De procurar ouro, a pedra preciosa."

No meio da uma hora de gravação tinha o tal do "Pe-dro Sam-pai-o". "Quando eu ouvi eu falei nossa, isso é incrível. Peguei isso, montei e levei para o meu show."

O público aprovou, adotou e o bordão virou até campanha publicitári. "A princípio ia ser uma coisa só para o meu show, mas tomou uma proporção tão grande que é aquele famoso ditado, a voz do povo é a voz de Deus. Começou a ficar gigante, e botei isso nas minhas próprias músicas".

São duas versões: a com a voz do Jefinho e outra com a voz de criança, estampada na maioria das músicas. Há também variações, como Luísa Sonza chamando o nome dele em "Atenção" e Anitta em "No Chão Novinha".

"É uma história muito maneira"

DJ explica de quem é a voz de criança da vinheta de suas músicas

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Benção da patroa

A amizade com Anitta também já passou de fase. A cantora, que apresentou Pedro Sampaio a alguns de seus patrocinadores, também participou de um dos maiores hits do Verão de 2022, "No Chão Novinha".

Com direito a clipe cinematográfico gravado em Belém, no Pará, a ideia da poderosa era levar a música mais longe ainda. No dia da entrevista, Pedro contou que Anitta ligou para ele com uma proposta.

"Hoje ela me ligou. 'Você tem visto de trabalho?' Aí eu falei: 'Não sei'. Pra ir pra fora, né. Acabou que a gente viu que eu não tinha. Aí ela falou: 'Pô, que vai ter um prêmio aqui semana que vem, um dos prêmios mais importantes e eu vou cantar 'No Chão Novinha'. Queria que você estivesse aqui.'"

Anitta acabou cantando sozinha no prêmio Lo Nuestro, em Miami, no último dia 24, mas não deixou de repetir o nome do amigo e parceiro musical para o mundo todo ouvir. "Pe-dro Sam-pai-o". Do Brasil, o DJ retribuiu: "Te amo!"

A Anitta é uma pessoa que sempre vai ser muito importante. Não só no sentido profissional, mas no pessoal também. Aprendi muita coisa com ela. Ela tem essa característica de abrir portas.

Pedro Sampaio, DJ

Rodolfo Magalhães/Divulgação

Diferentemente de outros nomes de DJs brasileiros que explodiram na cena nos últimos anos, como Alok e Bhaskar, Pedro Sampaio não cresceu atrás das pick-ups nem tocando em festivais de música eletrônica.

A carreira começou como uma brincadeira de adolescente que foi ganhando contornos profissionais. Pedro era chamado para tocar nas festas de amigos, parentes e no boca a boca foi conquistando mais clientes. Com 15 anos, já tinha até tocado em Boda de Ouro.

"Toda a minha identidade artística foi formada nesse início. A experiência de tocar nessas festas me trouxe um know-how muito grande em relação à pista, em relação às músicas. Imagina tocar desde a música infantil para criança até Bee Gees e Elvis?"

Os cachês, que variavam de R$ 50 a R$ 100 por seis horas de trabalho, ele reinvestia em equipamento e luzes para deixar sua apresentação cada vez mais atraente. Segundo o DJ, até hoje os shows são seu lado forte. E os cachês, claro, foram multiplicados por até mil.

Sempre tratei o show como um diamante.

"Mandamos fazer na gringa algumas fantasias infláveis que ficaram muito surpreendentes. As pessoas não esperam que vão entrar, do nada, um abacaxi, um cogumelo. É muito maneiro".

Reprodução/Instagram

"Os paparazzi ficaram putos"

Outra parceria do cantor que deu o que falar foi com a comediante GKay, com quem mantém uma relação bem próxima. Pedro, inclusive, foi uma das atrações da Farofa da GKay, evento que aconteceu em dezembro de 2021 e chamou a atenção.

A dupla protagonizou um momento de bastante descontração durante a festa de lançamento do álbum "Chama Meu Nome". Usando roupas pretas que os cobriam da cabeça aos pés, os dois se inspiraram no ex-casal Kanye West e Kim Kardashian.

"A gente tem uma piada interna que por eu ser fã do Kanye West e ela se inspirar muito em toda a família Kardashian. A gente tinha essa brincadeira desde sempre. No dia do lançamento do meu álbum, quisemos fazer uma coisa diferente e decidimos ir desse jeito."

No entanto, a zoeira não foi tão bem recebida. "Os paparazzi ficaram putos com a gente, ficaram bravos porque não conseguiam tirar foto do nosso rosto porque a gente estava com o rosto tampado".

"Só que na minha cabeça isso é até mais interessante porque chama mais a atenção para a galera clicar lá e ver a imagem. Foi um momento muito maneiro, foi um momento de descontração muito legal. A intenção foi justamente essa."

Rodolfo Magalhães/Divulgação Rodolfo Magalhães/Divulgação

A ilha fantástica

Pedro foi por um caminho pouco explorado pelos artistas masculinos solo no Brasil. Para o primeiro disco, apostou em uma identidade visual tão forte e como a musical.

Está colhendo frutos com o sucesso das músicas. Mas também enfrenta o lado negativo, como acusações de plágio. Fãs do rapper americano Lil Nas X encontraram semelhanças nos trabalhos mais recentes dos dois artistas.

"Eu me inspiro na cena como um todo, não só lá de fora, como aqui também. O Brasil me inspira muito mais que o gringo."

Pedro ainda acrescenta que algumas ideias surgem de situações banais, como quando sua irmã estava assistindo ao filme "A Fantástica Fábrica de Chocolate".

"Eu estava ouvindo 'Atenção' e meu olho bateu na TV. No meu cérebro, combinou. Fui e convidei o oompa loompa.", relembra sobre a participação do ator Deep Roy.

Para "Chama Meu Nome", Pedro criou uma ilha que representasse a energia que sente do público. A ilha está no clipe de "Bagunça".

"Quando você entra em contato com a minha arte, fica em um estado de espírito tão elevado, que vai para essa ilha. Sua alma vai para lá, como se tivesse esquecido todos os problemas. É o Jardim do Edén, o paraíso."

Veja o clipe de "Bagunça"

O gringo só está em uma fase acima, a galera já entende coisas que aqui a gente ainda não entende. Mas a música brasileira é muito mais rica ritmicamente e melodicamente.

Pedro Sampaio, DJ

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