Em defesa da Amazônia

Gisele Bündchen fala a Splash de sua relação com a natureza e revela promessa que fez ao filho, Benjamin

Marina Marini De Splash, em São Paulo Lalo de Almeida

Gisele Bündchen sempre será lembrada por sua carreira nas passarelas mais famosas do mundo. Mas, atualmente, a modelo também inspira com seu estilo de vida sustentável e seu ativismo em defesa da Amazônia.

Mesmo vivendo longe do Brasil há mais de 20 anos, ela se abala com os números do desmatamento da maior floresta tropical do mundo e pensa em formas de acabar com o que chama de "desmatamento criminoso" — inclusive cobrando o governo Bolsonaro sobre o tema.

Reforçando seu papel como aliada da natureza, Gisele se tornou a nova embaixadora da Natura Ekos, promovendo a união entre beleza, inovação e natureza, em uma rede sustentável de economia de floresta em pé.

Destacando a causa "Amazônia Viva", a top model adota pequenas ações no dia a dia, conversa com os filhos — Benjamin, de 11 anos, e Vivian, de 8 — sobre seu ativismo ambiental e sonha em levar a família para conhecer a floresta. Essa, inclusive, foi uma promessa feita ao filho mais velho, que acabou sendo adiada pela pandemia do novo coronavírus.

Em conversa com Splash, Gisele também falou sobre o início de sua relação com a Amazônia, progressos em prol da natureza, engajamento e conscientização da população brasileira com o tema, além de metas ambiciosas.

O governo precisa desenhar uma política mais severa de combate ao desmatamento criminoso e também de preservação das nossas florestas

Gisele, sobre a atuação do governo Bolsonaro em relação à natureza

Uma viagem ao Xingu mudou tudo

Splash: Como e quando começou sua relação com o ativismo ambiental e com a Amazônia?
Gisele Bündchen:
Desde pequena sempre sonhava em visitar a Amazônia. Em 2004 tive a oportunidade de visitar uma tribo indígena no Xingu, sempre tive curiosidade de saber como aquelas comunidades viviam em harmonia com a natureza. Mas, ao chegar lá, vi os problemas que eles vinham enfrentando devido ao desmatamento e à poluição das águas. Naquele momento senti que eu estava lá por um motivo maior e que precisava fazer algo a respeito. Desde então, estou envolvida profundamente com a defesa do nosso meio ambiente. Acredito que a mãe natureza nos provê tudo aquilo de que precisamos para sobreviver e é nosso dever preservá-la. Somos todos parte da natureza.

Desde então, você consegue ver e apontar progressos no tema? Quais?
Acredito, sim, que muita coisa já mudou desde. Hoje há uma consciência coletiva muito mais forte sobre o tema. A nova geração já se posicionou em favor da natureza e em defesa da floresta em pé. Isso me dá muita esperança, pois quanto mais houver cobrança da sociedade para que haja processos mais sustentáveis e que respeitem e preservem a natureza, mais as empresas terão que se adaptar a esta nova maneira de fazer as coisas e, então, conseguiremos ver grandes mudanças.

Como você se sentiu acompanhando os recordes negativos de desmatamento da Amazônia atingidos em 2020?
Essas notícias me entristecem muito. É muito decepcionante saber que ainda hoje se tenha uma visão extrativista em que só alguns poucos se beneficiam com a derrubada da floresta. Precisamos usar todo o conhecimento e a tecnologia adquiridos para fazer melhor uso da terra. Nossos recursos naturais são finitos e temos que encontrar formas de usufruir da floresta em pé, o que pode ser muito mais lucrativo, além de beneficiar as comunidades e a natureza. As atividades econômicas ligadas à floresta precisam ser sustentáveis para que possamos continuar usufruindo de todas as maravilhas que a natureza nos oferece. Não há futuro próspero para nós sem as florestas.

O que você espera de atitudes do governo brasileiro em relação a esse assunto?
Entendo que o governo precisa desenhar uma política mais severa de combate ao desmatamento criminoso e também de preservação das nossas florestas. Enquanto desenvolvimento e sustentabilidade não andarem juntos, todos seguiremos perdendo.

É meu sonho. Aliás, já prometi isso ao Benjamim. Ele é encantado com a floresta. Nós havíamos planejado ir no ano passado, mas, por conta da pandemia, nossos planos foram adiados

Gisele, sobre levar família à Amazônia

Lalo de Almeida Lalo de Almeida

Exemplo se aprende em casa

Como você aplica valores e ações sustentáveis no seu dia a dia?
Em casa, fazemos as coisas mais simples, como reciclar, não desperdiçar comida ou água, evitar o uso excessivo de plástico, achar novos usos ou destinos para o que não precisamos mais... Essas coisas podem parecer pequenas, mas são hábitos que as crianças se acostumam a ter desde cedo. Eles crescerão ainda mais conscientes quanto ao destino do lixo que geram e do efeito negativo que isso tem sobre o meio ambiente, por exemplo. Também mantemos uma horta em nosso quintal, o que tem sido um grande aprendizado, pois permite que as crianças observem quanto tempo e quanto esforço é necessário para uma semente crescer e se transformar em alimento no prato. Proporcionar estas experiências aos meus filhos enquanto ainda são pequenos ajudará com que compreendam melhor como podemos prejudicar os ciclos da vida ou colaborar com eles.

Você já levou sua família à Amazônia? Se ainda não, pretende levar um dia?
Esse é meu sonho. Aliás, já prometi isso ao Benjamin. Ele é encantado com a floresta. Nós havíamos planejado ir no ano passado, mas por conta da pandemia nossos planos foram adiados. Também quero poder estar lá quando plantarmos as mais de 260 mil árvores que arrecadei na campanha em comemoração ao meu último aniversário, de 40 anos. Estamos apenas esperando tudo isso passar para podermos visitar a Amazônia em família. Não vejo a hora!

Você tem conversas sobre ativismo e a importância da proteção ambiental com seus filhos? Eles entendem o momento que vivemos hoje?
Sim, converso bastante com eles. Mas mais do que conversas, acredito que a melhor forma de ensinar algo é por meio do exemplo. Assim, ao praticar bons hábitos em casa, isso naturalmente vai se tornando parte da rotina deles. Também procuro dar aos meus filhos a oportunidade de terem bastante contato com a natureza. Assim, percebendo todos os benefícios que traz para nossas vidas, é mais provável que criem empatia por ela e a apreciem e a defendam no futuro. Acredito que você só consegue amar e proteger algo que conhece, e é por isso que conhecer a natureza de perto é tão importante.

Lalo de Almeida Lalo de Almeida

Defendo a natureza porque sou parte dela e viver conectada e em harmonia com ela me traz alegria, faz parte da minha essência, de meu propósito de vida

Gisele explica por que defende a natureza

O futuro está em cada um de nós

De que forma os brasileiros podem se engajar mais com o ativismo ambiental?
Pequenas mudanças começam dentro de casa, reciclando o lixo, não desperdiçando recursos, exercendo consumo mais consciente... Cada um tem que fazer a sua parte para tornar este mundo um lugar melhor, afinal, todos dependemos dos recursos da natureza para sobreviver. Quanto ao ativismo, toda ação é válida, desde plantar uma árvore até promover a consciência ambiental, protestar pela natureza, destinar verba para sua recuperação e proteção. Cada um pode encontrar a sua maneira de promover mudanças, desde que seja pacífica e respeitosa.

Como a indústria da beleza e da moda podem colaborar com esse processo de conscientização?
Acredito muito na força do exemplo. Então, mais do que falar, é preciso fazer diferente. Claro que todo o processo de transformação não é fácil e demora tempo. Exige muito investimento e pesquisa, e precisa levar em consideração todo a cadeia produtiva, desde a matéria-prima, passando pelos processos de fabricação e até a logística reversa, prevendo o posteriormente manejo do descarte das embalagens ou peças produzidas. Tudo precisa ser levado em consideração para se ter um processo realmente sustentável. Este é um movimento que não tem mais volta, as empresas vão precisar se adaptar. E quanto mais o consumo consciente se tornar prioridade para os consumidores, mais rapidamente a mudança ocorrerá. A Natura Ekos há duas décadas vem trabalhando para construir um negócio com impacto social e ambiental e hoje pode se orgulhar de ter atingido mais de 2 milhões de hectares de área conservada na Amazônia, além de empoderar as comunidades da região e gerar valor conservando a floresta em pé. É um exemplo de que as coisas podem ser feitas de maneira diferente.

No seu último aniversário, você anunciou que plantaria 40 mil árvores. Pensando em metas mais ambiciosas, como você pode contribuir com o tema no futuro?
Defendo a natureza porque sou parte dela e viver conectada e em harmonia com ela me traz alegria, faz parte da minha essência, de meu propósito de vida. Acredito que para nós estarmos bem, a natureza tem que estar bem, afinal tudo que precisamos para viver vem dela, estamos todos conectados. Por isso, vou continuar usando minha visibilidade para trazer atenção para a importância da preservação e da regeneração do meio ambiente. Acredito que se dermos uma pequena ajudinha para a natureza, ela tem o poder de trazer vida de volta e continuar a nutrir a todos nós. Espero ajudar a amplificar a mensagem não só sobre a importância da preservação, mas da regeneração das florestas. Que possamos ter mais empatia e encontrar formas mais sustentáveis de fazer negócios, em que nós e o planeta saímos ganhando.

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