C6 Fest na sua trilha

De pop eletrônico ao jazz raiz, indicamos artistas para quem quer curtir o festival segundo o mood musical

Claudia Assef Colaboração para Splash, de São Paulo Callum Walker Hutchinson/Divulgação

Com "apenas" 27 atrações no line-up e somente no segundo ano de vida, o C6 Fest conseguiu uma façanha: já é um dos festivais com mais moral no mercado da música.

Isso não tem nada a ver com novidades nas ativações ou com pirotecnias no palco. Esse peso vem diretamente da programação artística, escolhida com faro para talentos (sejam eles novíssimos ou quase pendurando as chuteiras) sem se importar com nomes ultrapopulares.

As aspas usadas no "apenas 27 atrações" no início do texto servem como ironia quando se compara o cardápio musical do C6 Fest com aqueles estampados nos cartazes de grandes festivais, que chegam a beirar uma centena de opções espalhadas por inúmeros palcos.

Se não tem nomes que estão no topo das listas das mais tocadas, o C6 Fest tem variedade e qualidade de sobra. Nossa missão aqui foi atuar como um algoritmo humano, indicando os artistas que estarão no festival para quem prefere escolher as atrações como se fosse uma trilha sonora. Lá vamos nós.

Cassanova Cabrera/Divulgação

Neo Soul

Quem curte Lauryn Hill, Erykah Badu, The Roots e John Legend precisa ver Daniel Caesar

O canadense Daniel Caesar cresceu em uma família profundamente religiosa e começou a compor músicas ainda adolescente. Em 2014, lançou de forma independente seu primeiro EP, "Praise Break", chamando atenção por seu som denso e letras introspectivas. Mas foi o primeiro disco, "Freudian", lançado em 2017, que o levou aos holofotes. Com as bombásticas "Get You" e "Best Part", o disco levou a voz afinada e marcante de Caesar mundo afora, em composições poéticas e marcadas de emoção. Aos 29 anos, Caesar é um dos maiores talentos do neo soul, gênero que salpicou jazz, música eletrônica e hip hop na soul music criada nos anos 60 nos EUA. Um baita artista, que também vai agradar aos fãs da faceta mais "love songs" de Bruno Mars.

Daniel Caesar toca domingo, 19 de maio, na Arena Heineken

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House Music

Quem curte Roger Sanchez, Todd Terry e The Blessed Madonna precisa dançar David Morales

David Morales é um dos DJs mais importantes da cena eletrônica de Nova York. Hoje, aos 62 anos, segue "pregando" house music pelo mundo afora, como vem fazendo desde os anos 80. Além de ser um DJs extremamente habilidoso, com mixagens perfeitas, sua fama se alastrou internacionalmente graças a um caminhão de remixes para artistas pop que explodiram nas paradas. Suas mãos já remodelaram faixas de Michael Jackson a Aretha Franklin.

Morales lançou seu primeiro álbum, Needin' U, em 1998, ajudando a derrubar o mito de que DJ não lança álbum autoral. Como um líder de multidões que é, Morales lançou na pandemia a sua versão da missa de Domingo, a live Sunday Mass, pelo Twitch. A live virou uma febre no lockdown e depois se materializou em forma de um show que viaja pelo mundo —e chega agora ao Brasil.

David Morales toca domingo, 19 de maio, na Arena Heineken

Andrew Whitton/Divulgação

Synthpop

Quem gosta de Pet Shop Boys, The Human League e Gary Numan precisa curtir Soft Cell

Formada por Marc Almond e David Ball, o Soft Cell é uma dupla inglesa de synthpop que ganhou fama no início dos anos 1980, especialmente depois do estouro de de "Tainted Love", seu hit mais conhecido até hoje, lançado em 1981, que na verdade é uma cover da gravação original de Gloria Jones, de 1964.

Desde o álbum de estreia, "Non-Stop Erotic Cabaret", que se tornou disco de platina, o Soft Cell faz letras combativas, especialmente anti-homofobia, misturando timbres eletrônicos a elementos orgânicos da soul music.

O anúncio do show no C6 Fest foi festejado pelos fãs da dupla, já que o Soft Cell nunca se apresentou no Brasil, apesar de inúmeras tentativas. Um dos golaços do festival este ano e, como o duo tem comentado em entrevistas por aí, talvez um dos últimos shows da carreira.

O Soft Cell toca sábado, 18 de maio, na Arena Heineken

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Indie Rock

Quem curte PJ Harvey, Yo La Tengo e Sheron Van Etten precisa ver Cat Power

A cantora norte-americana Cat Power tem uma história antiga com o Brasil. Já se apresentou em festivais, na Virada Cultural e até fez uma apresentação numa estação de metrô em São Paulo. Seu som é conhecido especialmente por letras profundas e por sua voz marcante, fazendo com que desde o início da carreira, em 1990, ela venha aumentando seu poder de dominação no universo indie e adjacências.

Desde os primeiros álbuns, "Moon Pix" e "What Would the Community Think", Cat Power mostrou principalmente a capacidade de se transmutar, levando sua guitarra indie para passear pelo folk, blues e rock, mantendo sempre sua profundidade, muitas vezes, melancolia.

Neste show do C6, os fãs poderão ver uma apresentação dedicada ao músico Bob Dylan, mais exatamente baseada no álbum "The 1966 Royal Albert Hall Concert", que a cantora gravou ao vivo em 2023.

Cat Power toca domingo, 19 de maio, na Arena Heineken

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Jazz moderninho

Quem curte Thundercat, Esperanza Spalding e BADBADNOTGOOD precisa ver Dinner Party

Dinner Party é um projeto colaborativo que reúne quatro ícones do jazz contemporâneo: Terrace Martin, Robert Glasper, Kamasi Washington e 9th Wonder (este último não virá ao Brasil). Com grandes CVs em suas carreiras individuais, juntos os integrantes do grupo entregam o que o nome sugere, um grande "jantar dançante" no qual o menu degustação passa por uma fusão perfeita de influências de jazz, soul e hip hop.

A ideia do Dinner Party nasceu de um desejo comum de criar música que transcende as fronteiras do jazz e celebra o espírito de colaboração. Com base nas suas experiências coletivas com músicos e produtores gigantes, Martin, Glasper, Washington e 9th Wonder uniram forças para criar o álbum "Dinner Party", lançado em 2020 com faixas que agradaram em cheio a um público fã de jazz com aquela pitada forte de modernidades. O show de São Paulo promete ser um dos mais concorridos do C6 Fest.

Dinner Party toca domingo, 19 de maio, no Auditório Ibirapuera

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Jazz raiz

Quem gosta de John Coltrane, Brad Mehldau e Pharoah Sanders precisa ver Charles Lloyd Quartet

Charles Lloyd é literalmente uma lenda viva do jazz. Nascido em Memphis, em 1938, Lloyd começou a carreira como um jovem e brilhante musicista com habilidades extraordinárias no saxofone e na flauta, porém seu talento o catapultou para o posto de uma das figuras mais inovadoras e influentes do jazz, como criador e líder. Na década de 1960, Lloyd ganhou destaque como membro do icônico Quinteto Chico Hamilton, onde chamou atenção pelas improvisações aventureiras e formou bases para seguir com sua própria banda.

Em 1965, formou o Charles Lloyd Quartet, com o qual lançou uma série de álbuns inovadores. Ao longo das últimas décadas, Lloyd se consolidou como um dos nomes mais criativos e constantes do jazz —além de lhe render indicações ao Grammy, entre outros prêmios. Sua apresentação no C6 Fest vai ser celebrada pelos fãs como um culto.

Charles Lloyd Quartet toca sexta, 17 de maio, no Auditório Ibirapuera

Reprodução/Instagram

Pop eletrônico

Quem não resiste a Charlie XCX, Dua Lipa e Tove Lo precisa ver Raye

A londrina Raye acaba de entregar um showzaço no festival Coachella e chega ao Brasil cheia de moral. Aos 25 anos, ela segue a tradição de boas cantoras e compositoras de pop eletrônico do Reino Unido, linhagem que vem desde Sophie Ellis-Bextor, com a típica mistura de r&b com beats eletrônicos, e já compôs para nomes como Beyoncé, John Legend e Ellie Goulding.

Raye despontou para a fama com seu EP de estreia, "Welcome to the Winter", lançado em 2014. Nesses 10 anos de carreira, a cantora já colaborou com artistas como Jonas Blue, Jax Jones e David Guetta e vem entregando performances cheias de energia, como a que esperamos ver no C6 Fest.

Não à toa, ela foi a recordista de nomeações para o Brit Awards, o "Grammy britânico", em 2024, com sete indicações.

Raye toca sábado, 18 de maio, na Arena Heineken

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