3ª temporada de 'Succession' é 'Capitão América: Guerra Civil' dos adultos
Em uma primeira impressão, "Succession" pode enganar. Uma série ambientada no mundo executivo sobre uma família bilionária, dona de um conglomerado de mídia com estúdios de cinema, parques, cruzeiros e canais de notícias, a princípio, não deveria ser tão engraçada. Mas "Succession" não veio para cumprir expectativas.
Por isso, a terceira temporada, que chega à HBO e à HBO Max a partir de hoje após um hiato de um ano por causa da covid-19, não perde tempo e vai direto ao ponto. Estamos em guerra. Roy contra Roy.
Succession
Lançamento: 2018 Pais: EUA Status: Em cartaz Direção: Mark Mylod, Matt Shakman, Cathy Yan, Andrij Parekh Roteiro: Jesse ArmstrongPontos Positivos
- Os diálogos são afiados, velozes e bem-humorados
- O elenco está mais entrosado que nunca, com Brian Cox e Sarah Snook dando shows à parte
- Um drama divertido e ao mesmo tempo sério nas feridas em que toda
Pontos Negativos
- Expositiva demais quando trata de política e eleições
Veredito
Numa mistura perfeita entre comédia e drama, "Succession" explora o 'vale tudo' do 1% mais rico do planeta. A 3ª temporada declara guerra total e provoca reações hilárias ou de partir o coração, dependendo do ponto de vista.
No fim do segundo ano, Kendall Roy (Jeremy Strong) denunciou publicamente os crimes acobertados na divisão de cruzeiros da Waystar Royco, e anunciou para o mundo que seu pai, Logan (Brian Cox), sempre soube de tudo. Ele abriu um buraco nos laços familiares e dividiu a terceira temporada da série em duas.
Se "Capitão América: Guerra Civil" (2016) separou os fãs da Marvel entre "Time Capitão América" e "Time Homem de Ferro", os novos episódios de "Succession" fazem o mesmo jogo, mas pegam mais pesado nas consequências.
Dois times
No lado Kendall da briga, vimos um homem impulsivo, energizado pela atenção que recebe ao ser o rosto de um conflito que não deve em nada aos do "Casos de Família". Sedento por holofotes, Kendall não sabe exatamente o que fazer com a infinidade de esquetes, tuítes contra ou a favor e matérias de jornais sobre ele.
Em constante êxito, o segundo filho de Logan se delicia com tanto interesse sobre sua figura. A série não o poupa dos devidos questionamentos:
Qual é seu plano de ação? Ele é realmente o herói que acredita ser? Quer romper com um ciclo vicioso ou é o mesmo bebê louco pela aprovação do papai?
No lado Logan da história, as conversas são mais rígidas e conduzidas com o punho de ferro de um homem que, habituado a estar no controle e a jamais perder, briga consigo mesmo por ver este controle lhe escapar, sobretudo com o filho que, para o bem ou para o mal, mais se assemelha a ele.
O CEO está mais autocentrado do que nunca, o que causa ainda mais rupturas, mesmo dentro de suas alianças. Ladeado por Roman (Kieran Culkin), Shiv (Sarah Snook) e Connor (Alan Ruck), Logan mostra que suas justificativas de fazer tudo "pela família" só valem até a página 2 — ele se preocupa mais com as projeções de si mesmo que com a individualidade de suas proles.
'Não é o papai de 20 anos atrás'
Disputando o último lugar na lista de afeições de Logan, Shiv é quem provavelmente tem o arco narrativo mais forte da temporada. Sua enorme ambição, catapultada após as promessas de sucessão que vieram na segunda temporada, a colocam em um lugar frágil e, por isso, de muita evolução.
Ao escolher apoiar o pai e tentar salvar a família de uma catástrofe, Siobhan é constantemente questionada: por ser a mais nova, por não ter experiência prática dentro da companhia, por divergir das inclinações políticas de Logan e acreditar que ele erra o tempo todo, por crer no poder da finesse.
As contradições em que Shiv cai, ao se ver gradualmente cada vez mais fora do lugar dentro das decisões que tomou, são abraçadas com ferocidade por uma Sarah Snook disposta a reaver o Emmy que perdeu em 2020. Há um misto de crueldade, frieza e vulnerabilidade na forma que se comporta que dá mais força a uma outra ruptura, indigesta e dolorosa.
Aos poucos, a ironia da hostilidade entre Shiv, Kendal e Roman sai de cena, deixando apenas as observações maldosas que um faz sobre o outro, a cada episódio com menos pudor. Neste sentido, a temporada não é mais "time Logan" contra "time Kendall". É cada um por si e todos contra todos.
É como o Capitão América lutando contra o próprio Capitão América em "Vingadores: Ultimato" (2019).
E mesmo por trás de tantos diálogos rápidos e absurdos, "Succession" chega à terceira temporada mais engraçada do que nunca. Greg (Nicholas Braun) e Tom (Matthew Macfayden) estão em um universo paralelo, obcecados com prisões e como evitá-las, o que por si só é um show à parte.
O lado divertido de conhecer personagens tão ricos que podem se dar ao luxo de serem descaradamente cruéis nunca sai de cena em "Succession". Na temporada, cada membro da família Roy alterna entre planos brilhantes e absurdos, provocando reações que são hilárias ou de partir o coração, dependendo do ponto de vista. O episódio 5 é provavelmente o maior ato de comédia do ano na televisão.
Por isso, "Succession" ainda é a série insana que era há dois anos, mas com consequências maiores e que nunca perdem de vista que seu grande ato de rebeldia é encarar o 1% de frente e rir na cara dele.
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