WandaVision não virou escada para outras produções da Marvel. Ainda bem!
Pode ter sido o reflexo de um público que passou mais de um ano sem filmes novos da Marvel, mas o fato é que "WandaVision", durante as oito semanas que ficou no ar, se tornou um terreno fértil para teorias que envolviam todo tipo de pontas e participações de outras figuras do MCU, o Universo Cinematográfico da Marvel.
Mas o episódio final da série enterrou todas elas, mostrando que seu foco era o mesmo desde o princípio: a história de amor e luto protagonizada por Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany).
Ainda bem!
WandaVision
Lançamento: 2021 Pais: EUA Direção: Matt Shakman Roteiro: Jac ShaefferPontos Positivos
- Ótimas atuações do elenco encabeçado por Elizabeth Olsen e Paul Bettany
- Produção de alto nível, com visual de cinema
- Roteiro cria um mix narrativo interessante ao tratar da jornada de Wanda com referências a séries tradiconais
Pontos Negativos
- Episódios expositivos
- Há "barrigas", os momentos em que pouco acontece
- Ambiguidade das personagens tratada com pouca sutileza
Veredito
"WandaVision" tem momentos pouco inspirados, mas brilha com narrativa inspirada em sitcom tradicionais e com a jornada genuinamente emocionante para Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen).
Não me leve a mal: nós mesmos aqui em Splash nos divertimos com algumas das teorias sobre "WandaVision", que semana a semana adicionava camadas a seu mistério. No entanto, seria uma injustiça reduzir a jornada de Wanda (sobre a qual já vamos falar mais) a uma mera escada para tudo o que vem aí no futuro da Marvel, sejam os X-Men ou o Quarteto Fantástico.
Até certo ponto, a própria série alimentou isso ao escalar Evan Peters, o Mercúrio dos X-Men da Fox, como o falso Pietro. Foi uma brincadeira que se mostrou uma jogada de marketing bem esperta, com a qual certamente o estúdio contava depois da avalanche de teorias que dominaram a internet no tempo entre "Vingadores: Guerra Infinita" (2018) e "Ultimato" (2019) e deram ao MCU uma publicidade enorme —e gratuita.
Mas a Marvel, goste-se ou não dos seus filmes, nunca foi apressada em amarrar suas histórias. Thanos (Josh Brolin), o grande vilão da Saga do Infinito, deu as caras na cena pós-créditos de "Vingadores" (2012) para só agir mesmo em "Guerra Infinita", seis anos depois. Logo, não faria sentido "WandaVision" assumir a responsabilidade de lançar as bases para toda a Fase 4 do estúdio —não teria nem tempo para isso.
(Não se preocupem: A ligação com Dr. Estranho, já anunciada há tempos, acontece).
Na essência, 'WandaVision' é uma história de origem.
A série criada por Jac Shaeffer e dirigida por Matt Shakman colocou Wanda em uma jornada para entender seus poderes, assumindo sua identidade como Feiticeira Escalarte, e para lidar com seu luto. Ela, afinal, foi a personagem que mais sofreu no MCU: perdeu os pais, o irmão e, por fim, seu grande amor.
A série fez isso muito bem desde seu início com homenagens a sitcom tradicionais como "A Feiticeira", "Jeannie é um Gênio" e "The Dick Van Dyke Show". O exercício narrativo, novidade no MCU, desagradou a uma parcela dos fãs no começo da série, mas se provou um dos grandes charmes dela, bem como um prato cheio para os espectadores que não necessariamente eram fãs assíduos dos filmes do estúdio.
E convenhamos: a jornada de Wanda entre realidade e fantasia, entendendo o que está a seu redor, sempre foi muito mais interessante do que o que acontecia do lado de fora do Hex, com exceção para a introdução de Monica (Teyonah Parris), que vamos encontrar de novo em "Capitã Marvel 2".
Muito disso é, também, virtude dos trabalhos de Elizabeth Olsen e Paul Bettany. A atriz mostrou potência ao ir da comédia ao drama, enquanto seu colega demonstrou um ótimo timing cômico.
Houve tropeços no meio do caminho, com momentos muito expositivos e outros com pouquíssima sutileza na hora de trabalhar a ambiguidade em torno das figuras de Wanda e Agnes/Agatha Harkness (Kathryn Hahn) —que não era culpada por exatamente tudo.
O conjunto, porém, foi muito bem amarrado, e teve uma conclusão à altura em um episódio final que conseguiu emocionar genuinamente e dar um encerramento digno à história ao mesmo tempo em que lança pontas importantes para o futuro (dica: há duas cenas pós-créditos).
No fim, um vilão extradimensional ou intergaláctico não fez falta nenhuma. Melhor assim: mesmo existindo em um grande universo compartilhado, uma história não precisa (e nem deve) ser só uma ponte entre outras produções.
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