De Splash, em São Paulo
Parafraseando Deus, aquele interpretado pelo Rafael Infante no Porta dos Fundos, no céu só tem polinésio e... Hebe Camargo. E, assim como Ele, a gente adora Hebe também! A apresentadora morreu há oito anos e continua fazendo muita falta na TV, de várias maneiras possíveis. E nós temos como provar.
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim. Hebe era de um afeto acalentador com os convidados de seu programa. E, em tempos de ódio e polarização, esse amor faz falta —distanciamento social à parte. Fora que o selinho dela virou uma baita marca registrada.
Precisamos admitir. Nem todo apresentador tem humildade e segurança para se colocar de igual para igual com QUALQUER entrevistado. Hebe fazia isso com generosidade e uma curiosidade genuína. Não importava o assunto. Isso rendeu entrevistas memoráveis.
Antes dos programas populares e de estilos segmentados, Hebe dava um espacinho de seu sofá a pessoas de várias tribos sonoras. Sem preconceito. E era demais ver apresentações tão diferentes, de Belchior a Raça Negra. De Plácido Domingo a Mamonas Assassinas.
Hebe era conservadora, sim. Mas também tinha uma cabeça MUITO aberta para seu tempo. E não ficava só no discurso. Em 2001, ela, defensora dos LGBTQ+, convidou a drag queen Nany People para ser repórter de seu programa no SBT, dando credibilidade a esse tipo de arte.
Hebe não era só apresentadora. Era radialista, humorista, atriz, cantora. Aliás, ela começou mesmo foi na música e lançou mais de dez discos. Passou pelo rock clássico, jazz, pop tradicional. Uma artista completa, Quantos e quantas têm esse talento na TV de hoje?
Apesar de ter nascido em uma época mais machista e patriarcal, Hebe dava exemplo sendo uma mulher de mentalidade livre. E dava para notar ao vivo. Ela já se vestiu de Chacrinha, de metaleira e já trocou de lugar com Rita Lee, em uma apresentação hilária com a amiga.
Sim! Hebe quebrou esse tabu permanecendo seis décadas na televisão. Claro que temos Ana Maria Braga, mas, infelizmente, até hoje é difícil ver mulheres acima de 60 anos comandando atrações na TV aberta. Hebe faz falta demais.