Brasil "encaretou", diz Kadu Moliterno sobre triângulo em Armação Ilimitada
De Splash, em São PAulo
24/12/2020 04h00
Quando 'Armação Ilimitada' estreou, em maio de 1985, o Brasil estava saindo de uma ditadura militar que durou 21 anos. Um clima de euforia tomava conta do país. Na teledramaturgia, criadores e artistas queriam dizer tudo aquilo que, por duas décadas, ficou entalado na garganta. O programa que retratava dois amigos surfistas da Zona Sul do Rio de Janeiro veio para ousar: na narrativa, nas histórias e nos personagens.
Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biase) namoravam a mesma garota, Zelda Scott (Andréa Beltrão). Esse triângulo amoroso foi baseado no filme "Jules et Jim", de François Truffaut.
Na época, a trama em horário nobre na TV Globo foi aceita com normalidade. "Esse 'ménage à trois' de Zelda, Juba e Lula hoje seria até mais contestado", opina André. "Acho que a inocência da gente, a forma que a gente tratava desse assunto sem pesar esse contexto fluiu de uma forma tão natural que todo mundo aceitou", relembra.
Para Kadu, o Brasil "encaretou". "O preconceito hoje é muito maior do que naquela época. Nós tínhamos uma liberdade de criação muito grande", conta. Ele acha que, atualmente, a sociedade brasileira não aceitaria dois homens namorarem a mesma mulher com a tranquilidade da época. "Hoje em dia tem muito mais preconceito", afirma.