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Metroid: Other M

31/08/2010 15h31

Fruto de inédita parceria entre a Nintendo e o estúdio Team Ninja, da Tecmo, responsável pelos episódios 3D da série "Ninja Gaiden", "Metroid: Other M" é um jogo ousado, criativo e competente, mas com falhas evidentes.

Ainda assim, as qualidades superam os problemas e o título honra com mérito de sobra o legado da série, criada em 1986.

Trailer de lançamento
De forma inteligente, o título consegue unir nos controles aspectos marcantes das aventuras em 2D com elementos consolidados nas aventuras em 3D, da trilogia "Prime", mas nem tudo funciona tão bem como deveria.

Além disso, "Other M" marca o maior esforço da Nintendo até hoje em criar um enredo elaborado e pontuado por animações extensas feitas em computação gráfica e repletas de diálogos - por exemplo, pela primeira vez a heroína Samus é dublada. Apesar de interessante, principalmente para fãs veteranos, o resultado é simplório e até um tanto quanto ingênuo.

Problemas pontuais e muita tradição

A história acontece logo depois de "Super Metroid", contando inclusive com uma recriação em CG de cenas marcantes do desfecho. Samus eliminou os Piratas Espaciais, organização criminosa que pretendia usar os alienígenas Metroids como arma biológica. No processo, os Metroids também foram extintos, incluindo um que salvou a vida de Samus por considerá-la mãe dele - quando nasceu, a moça foi o primeiro ser vivo que a criatura viu.

Inimigos fortes no trailer da Gamescom
Muito tempo passou depois disso e Samus recebe em sua nave espacial um pedido de socorro não identificado que a leva para uma estação espacial aparentemente abandonada. Lá se reencontra com um grupo de soldados do qual já fez parte, que estão também investigando o que aconteceu no lugar.

Pouco depois, a caçadora de recompensas, guiada por rádio por outro personagem, já está explorando os diversos ambientes do lugar, incluindo cavernas de gelo, rios de lava e florestas tropicais, encontrando eventualmente alguns dos soldados e outras figuras importantes na trama. Aliás, a progressão lembra muito "Metroid Fusion", do Game Boy Advance, em que Samus também explora uma nave espacial com ambientes naturais e guiada

Nos controles o que se vê é uma tentativa de misturar os melhores elementos das aventuras 2D e 3D do passado, tudo isso usando apenas o Wii Remote, o controle básico do Wii. Os gráficos são todos tridimensionais e a movimentação é livre, mas o jogo sugere uma espécie de eixo invisível pelo qual se pode percorrer segurando apenas uma direção. Ou seja, mesmo que uma curva apareça no caminho, basta segurar para frente a fim de que Samus faça a curva direitinho. Para colaborar com a sensação de 2D, a mira é automática e basta apertar o botão de tiro para que Samus acerte inimigos próximos.

Conheça a história da série "Metroid"
Dos jogos com visão em primeira pessoa, a trilogia "Prime", é que vem uma das variações mais interessantes de "Other M", mas também a mais problemática. Apontando o controle para a TV a qualquer momento, a perspectiva muda para primeira pessoa e permite vasculhar em detalhes os cenários. Além disso, é apenas assim que é possível lançar mísseis, mais poderosos que os tiros convencionais e essenciais para abrir algumas portas e derrotar certos tipos de inimigos. O problema maior é que nesta posição Samus fica travada no lugar, podendo apenas olhar em volta e atirar, mas não andar ou pular.

Ainda que a transição da visão externa para primeira pessoa seja ágil e o ponteiro funcione de forma rápida e precisa, o jogo exige uma agilidade que não consegue oferecer. Sem contar que, durante os combates, é uma solução desengonçada. No frenesi de uma luta contra chefão, acaba atrapalhando a necessidade de, rapidamente, apontar para a tela, mirar e ainda atiraro míssel ou coisa do tipo. Talvez, a opção de acoplar o Nunchuk permitisse fazer essa transição com menos traumas, mas o jogo permite usar apenas o Wii Remote sozinho.

Apesar dessa falha bem incômoda, a mecânica não estraga a experiência e ainda traz novidades bacanas. O Team Ninja deixa sua marca ao propiciar combates com desafios e com golpes coreografados empolgantes. Dando um toque no direcional pouco antes de ser atacado é possível realizar uma esquiva que ainda ajuda a carregar o tiro mais rápido. Com o inimigo quase abatido, caído no chão, é só chegar perto e atacar para uma cena de execução cheia de energia.

No mais, é a batida, mas bem sucedida, fórmula padrão de "Metroid": um grande mapa a explorar com poderes especiais para obter. Quanto mais poderes, mais forte fica a heroína e novas áreas podem ser visitadas, o que faz a história progredir.

Comercial mistura atriz com CG
Falando no enredo, ele se apoia bastante em referências vários episódios anteriores da franquia. Há explicações breves, mas novatos devem ficar perdidos no turbilhão de cenas de corte e informações. Isso porque "Other M" revela também episódios inéditos da passado da heroína Samus, explicando melhor os motivos dela para se tornar uma caçadora de recompensas solitária.

De forma geral, o roteiro é interessa, mas peca pela narrativa. As primeiras três horas de jogo bombardeiam o jogador com animações, jogando-o depois na típica solidão de "Metroid". As últimas duas, mais ou menos, recobram o fôlego e jogam um monte de novas revelações, tornando a história um pouco pesada de acompanhar.

Para complementar, a dublagem não é das melhores e as próprias linhas de diálogos cheias de clichê e melodramáticas. Novamente, tal qual acontece nos controles, é um ponto negativo, mas que é ultrapassado por um número maior de acertos e não compromete a brincadeira.

Nota: 8 (Ótimo)