Gears of War: Judgment
"Judgment" foi criado ao mesmo tempo como um prólogo e uma conclusão para "Gears of War", uma das mais emblemáticas franquias desta geração. Goste você ou não, o impacto de "Gears" nos games atuais não pode ser negado. A série apontou tendências e serviu de cartão de visitas para o motor gráfico Unreal Engine 3.
A tarefa de "Judgment", portanto, não era nada fácil: a responsabilidade pesou para o lado do estúdio People Can Fly. A produtora fez bonito em seu passeio pelo passado de "Gears of War", com uma campanha frenética e cheia de desafios, pontuada por cenários deslumbrantes - muito além dos '50 tons de cinza' tão criticados nos games anteriores. O multiplayer, porém, perdeu sua modalidade mais festejada: o novo Overrun é uma ótima adição, mas não faz sentido a ausência do modo Horde.
Com várias novidades e o ajuste fino nos controles, "Judgment" pode não ser a chave de ouro que fecharia a franquia, mas ainda é um excelente capítulo de "Gears of War".
Introdução
Ambientado 14 anos antes do primeiro "Gears of War", "Judgment" deixa Marcus e Dom de lado para mostrar uma aventura do passado de Baird e Cole, quando ainda eram membros do Kilo Squad, pouco tempo após a invasão dos monstruosos Locust começar.
O jogo conta com elementos quase 'arcade', com desafios e um sistema de pontuação durante a campanha, além de novos controles que tornam a experiência mais ágil - uma necessidade diante da horda Locust que avança sem piedade em todos os capítulos. Há também uma mini-campanha intitulada "Aftermath", que se passa na mesma época de "Gears of War 3" e faz a ligação entre os 2 jogos.
No multiplayer, o destaque é o modo Overrun e seu sistema de classes. As partidas combinam elementos dos tradicionais Horde e Beast - que ficaram de fora no game - com captura e defesa de objetivos. Outras modalidades novas, como Free for All e Survival são legais, mas não acrescentam muito.
Pontos Positivos
Prólogo da guerraSuperar a trilogia "Gears of War" original não é uma tarefa fácil e "Judgment" faz bem em não tentar. Ao invés disso, o jogo serve como uma apresentação deste universo para os recém-chegados ao Xbox 360, narrando os eventos nos primeiros dias após a invasão dos Locust
A história é contada por Baird, Cole e os novatos Paduk e Sofia, em formato de flashback: os quatro COGs estão em um tribunal por terem desobedecido ordens superiores.
Muito da mitologia de "Gears of War" é apresentado pelo cenário: cartazes nas paredes, objetos no Museu da Glória Militar e personagens mortos em situações trágicas contam uma história já conhecida, mas com novas perspectivas. São detalhes que passarão batidos para os não iniciados, mas que compõem a ambientação de maneira caprichada.
A campanha de "Judgment" tem um ritmo bastante diferente de um "Gears of War" tradicional: não tem o ritmo cinematográfico da trilogia original mas sim uma pegada 'arcade': você acumula pontos e estrelas em cada trecho do jogo, que são apresentados em placares que mostram sua pontuação, número de execuções, tiros na cabeça, quantas vezes foi derrubado e assim por diante.
Ao acumular estrelas, você ganha experiência e sobe de nível, desbloqueando extras - desde a mini-campanha "Aftermath" até 'skins' para as armas e personagens extras para o multiplayer. Se achar que pode fazer melhor, você pode jogar novamente cada trecho do jogo, até alcançar o placar desejado.
O ritmo frenético dos combates, que trazem muitos Locust para cima dos jogadores, é acompanhado por uma reformulação nos controles: ajustes pequenos, como o uso de um botão para trocar de armas e outro para lançar granadas garantem uma velocidade maior aos comandos, sem remover o tradicional uso de cobertura e outras táticas típicas de "Gears of War".
Também são constantes os arquivos confidenciais, que oferecem desafios extras - valendo mais pontos e elevando a dificuldade com alterações significativas na fase. Ao optar por desconfidencializar uma missão, você pode encarar coisas como jogar apenas com escopetas e pistolas, começar a fase sem munição, lutar contra Locust mais poderosos, ter gases tóxicos nublando a visão e muito mais.
É um desafio extra que pode ser ignorado sem prejudicar a compreensão da história, mas que certamente agradará aos jogadores mais calejados, sempre em busca de fortes emoções.
A direção de arte de "Gears of War" sempre seguiu o conceito de 'beleza arruinada'. As cidades de Sera possuíam uma arquitetura fantástica, com prédios cheios de detalhes, mas tudo foi destruído muito tempo atrás, quando os Locust emergiram do solo. Por isso a trilogia original traz uma paleta de cores limitada, composta de tons de cinza e marrom.
Em "Judgment", temos um vislumbre de como era esse mundo antes do Emergence Day. O game traz paisagens cheias de cores, com efeitos de luz, vento e fumaça sensacionais. Para completar, o nível de detalhes tanto nos prédios e ruas quanto no cenário ao fundo é excelente, passando a impressão de ser um mundo muito maior do que aquele onde de fato jogamos.
Para os fãs de "Gears of War 3", jogar "Aftermath" é um passeio que se faz com um sorriso estampado no rosto. Você acompanha Baird e Cole em busca de reforços - e de um navio - enquanto Marcus e o resto do Delta Squad partem para o estágio final do jogo.
A mini-campanha parece até um DLC de "Gears 3": saem de cena o sistema de pontuação, estrelas e o ritmo mais pausado. Volta o clima sombrio, a predominância do cinza e marrom e a narrativa cinematográfica. A dupla volta para Halvo Bay e se encontra com Paduk, ainda mais amargo do que em "Judgment".
A aventura, com ares de 'survival horror', traz ambientes sinistros, combates vorazes e a narrativa dramática de "Gears of War 3", ao mesmo tempo em que permite observar as consequências das ações do Delta Squad no resto do mundo e o destino dos personagens de "Judgment", tantos anos depois.
Entre as modalidades multiplayer de "Judgment", o grande destaque é o modo Overrun. Trata-se de um jogo de ataque e defesa, em que os jogadores se revezam no controle dos COG e Locust.
O time COG precisa defender três bases ao longo da partida, até que o tempo termine. Cada jogador escolhe entre uma das 4 classes disponíveis, cada qual com seu papel: o médico pode curar e reviver aliados, o soldado joga munição para os colegas e assim por diante.
Já a equipe Locust precisa destruir as bases para vencer. As unidades disponíveis para o jogador são divididas em dois níveis, desbloqueadas conforme o progresso na partida e oponentes abatidos. Cada uma possui um poder especial e algumas limitações.
Na prática, é uma mistura interessante dos modos Horde e Beast dos "Gears" anteriroes, com a adição dos sistemas de classes e captura/defesa de objetivos. É uma modalidade bastante tática, que rende partidas emocionantes.
"Judgment" é o primeiro "Gears" totalmente localizado para o Brasil, com legendas, menus e dublagem em português. A dublagem é muito boa, melhor do que títulos recentes do Xbox 360, como "Halo 4", por exemplo. O trabalho de localização preservou o estilo de cada personagem, adaptando a interpretaçao ao público brasileiro.
O melhor exemplo disso é o fanfarrão Cole Train, que no original tem um estilo "mano do hip-hop" e na versão nacional, soa como um cara malandro, preservando seu senso de humor e as tiradas divertidas.
Ainda assim, os veteranos podem estranhar as vozes de velhos conhecidos, como Baird e o próprio Cole. Nesse caso, é fácil remediar a situação: basta alterar o idioma do Xbox 360 para inglês e aproveitar a aventura em seu idioma original.
Pontos Negativos
Multiplayer limitado"Gears of War: Judgment" traz muita coisa nova para a franquia da Epic Games, mas deixa de fora modalidades icônicas como os modos Horde e Beast - substituidos pelas batalhas do modo Overrun e Survival.
Essa segunda modalidade é uma versão do Overrun em que se joga apenas com o time COG, encarando 10 ondas de inimigos Locust, cada vez mais fortes. Ainda é preciso defender as três bases e escolher entre as classes de personagem. Não há todo o conteúdo do Horde original, nem a opção de estabelecer defesas como em "Gears of War 3".
Saem de cena também modos divertidos, como Wingman e Execution. O que sobra? "Judgment" oferece em seu lugar duas variações de "Free for All", em que os jogadores disputam partidas cada um por si, um modo de captura de objetivos ao estilo "King of the Hill" e o tradicional "Team Deathmatch". Em todas essas modalidades, agora a luta é entre dois times de humanos: um azul e um vermelho. COGs e Locust só se enfrentam em Overrun, Survival e na campanha.
Os mapas tem traçados divertidos, que geram partidas empolgantes, mas são poucos: quatro para Overrun e Survival, quatro para os modos Versus. Assim, se pegar "Judgment", uma boa dica é não se desfazer de "Gears of War 3", para quando bater a vontade de uma boa e velha partida de Horde.
Nota: 9 (Excelente)
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