Topo

Metal Gear Solid: Ground Zeroes

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

18/03/2014 11h00

"Metal Gear Solid V: Ground Zeroes" é um dos games mais bonitos que você vai ver nos próximos meses. Hideo Kojima trouxe um novo ar para a série com a proposta de mostrar o como seria sob seu olhar um jogo de mundo aberto - estilo consagrado pela série "GTA". E o resultado é ótimo.

A proposta é dar uma pequena amostra do que veremos em "The Phantom Pain", próximo jogo da série, como as mudanças de mecânicas e também no visual do game. Este também é o primeiro game da série que traz Kiefer Sutherland na voz de Big Boss – e o resultado é muito bom e não compromete a experiência, mesmo para quem é fã de longa data.

Há alguns jogos que as pessoas esperam mais de um "Metal Gear". Felizmente, é isso o que acontece aqui. Em nenhum aspecto técnico "Ground Zeroes" deixa a desejar. É um jogo extremamente polido e bem acabado, mas a curta duração da missão principal deixa um gosto de ‘quero mais’ – o que é totalmente compreensível, mais uma vez, tendo em vista a proposta do game.

Introdução

Após alguns anos sem lançar um jogo para consoles, Hideo Kojima, o criador da série “Metal Gear”, apresenta seu primeiro jogo com a promissora Fox Engine, ferramenta de criação de jogos que busca mostrar que a Konami está preparada para o futuro.

"Ground Zeroes", como o criador deixou bem claro, é uma introdução ao que vamos ver em "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain", contando o que aconteceu nos jogos anteriores, principalmente os eventos de "Peace Walker", game que foi lançado para o PSP e depois ganhou uma versão em HD para PS3 e X360.

Pontos Positivos

História curta, mas bacana

A história de "Ground Zeroes", mesmo sendo bem curta, bem curta mesmo (você vai levar quase duas horas para terminar), é muito boa. É Hideo Kojima fazendo o que sabe de melhor.

Big Boss - ou Snake, como alguns personagens o chamam – tem a missão de resgatar Paz e Chico, dois aliados que são mantidos presos no Campo Ômega, uma base norte-americana que fica na ilha de Cuba. Lá, uma força paramilitar conhecida como XOF, atua lado a lado com os marines do Tio Sam.

A missão chega a ser brincadeira de criança para o guerreiro lendário, porém, ver como os elementos são apresentados até o final da campanha deixa você com vontade de continuar jogando mais e mais.

Felizmente, existem cinco missões paralelas que são liberadas depois de completar a principal. Essas tarefas contam um pouco mais sobre o que Chico e Paz passaram no campo de concentração antes de serem resgatados por Snake por meio de fitas cassete espalhadas pela base.

Muito bonito

A Kojima Productions é conhecida por conseguir tirar leite de pedra. O primeiro “Metal Gear Solid”, no PSone, foi um dos games mais bonitos de sua época. O mesmo pode ser dito de “MGS 3” no PS2 e de “Peace Walker” no PSP. E mesmo que estejamos apenas começando a ver do que o PS4 e o XBO são capazes, até o momento esse certamente é o jogo mais bonito que experimentei nesta nova geração.

O cenário principal, por exemplo, traz o Campo Ômega durante a noite e com uma chuva forte. Snake aparece escalando uma montanha e quando ele chega no topo, vemos o rosto dele, marcado pelo tempo, molhado e com cara de poucos amigos. Para mim, essa cena é uma das mais impactantes que vimos nos últimos tempos no mundo do videogame.

Dos efeitos de luz dos holofotes até as gotas de chuva pingando no chão, são efeitos minuciosos que nos mostram a que veio a nova geração de consoles.

Controles dinâmicos

"Ground Zeroes" é o primeiro jogo de Hideo Kojima com mundo aberto e isso se mostrou uma boa forma de rejuvenescer a mecânica de jogo que já se mostrava desgastada em "Metal Gear Solid 4". Big Boss pode percorrer todo o Campo Ômega livremente, sem barreiras artificiais que eram comuns nos jogos da série.

Isso deu uma dinâmica maior para o game, sem falar que as novidades são muito bem-vindas. Uma delas é a habilidade de marcar os soldados da base com o seu novo gadget, o iDroid. Com isso, você fica sabendo o tempo todo onde estão os soldados inimigos, o que deixa mais difícil ser pego desprevenido.

Caso algum soldado o aviste, o jogo mostra outra mecânica: tudo fica em câmera lenta e Snake tem a oportunidade de apagar o sujeito antes dele chamar reforços. Isso mostra o quão hábil é o protagonista – e o porquê ele é considerado um soldado lendário. Claro que essas habilidades podem ser desativadas a qualquer momento ou em dificuldades maiores, para quem é purista não achar que o game ficou muito mais fácil do que deveria ser.

O esquema de controles também foi alterado para ser mais dinâmico. Nos jogos anteriores da série trocar de armas e equipamentos abria um menu que pausava a ação. Isso não acontece mais. A troca de armas agora é feita com o direcional digital e tem atalhos para equipar metralhadoras, pistolas ou outros itens que fazem parte do arsenal de Big Boss.

Bastante conteúdo

Para tentar driblar aqueles que vão reclamar que o jogo é curto, "Ground Zeroes" se mostra um jogo com bastante conteúdo. Todas as missões possuem sub-missões escondidas, como marcar 40 soldados com o iDroid, um time attack com ranking global e amigos e outras coisas similares.

Se você for realmente uma pessoa colecionista vai passar dias e mais dias jogando "Ground Zeroes".

Dublagem de primeira

KIEFER NÃO É NOVATO

Divulgação
Esta não é a primeira vez que Kiefer Sutherland dubla um personagem de videogame: em 2008 ele deu voz ao Sargento Roebuck (o bonitão da foto acima), de "Call of Duty: World at War". Além disso, em 2006 ele reprisou Jack Bauer para o pouco memorável "24: The Game".

A alteração de David Hayter para Kiefer Sutherland na voz de Big Boss é muito boa. Não que o antigo dublador fosse um mal ator, mas o astro da série "24 Horas" traz mais nuances para o protagonista.

Sutherland leva sua experiência de atuação para o rosto de Snake, deixando mais claro o que ele quer dizer através de suas expressões faciais.

A verdade é que, depois de algum tempo, você nem vai notar que houve uma troca de dubladores, tendo em vista que muito dos cacos e expressões que estamos acostumados a ouvir na voz de Hayter foram mantidos no trabalho de Sutherland.

Pontos Negativos

Curto demais

Todos sabíamos desde o início que "Ground Zeroes" seria apenas uma introdução para "The Phantom Pain". Porém é inegável que por ser um jogo com a ‘grife’ “Metal Gear”, Hideo Kojima seria cobrado para mostrar mais.

“Ground Zeroes” é uma pequena parcela do que veremos em "The Phantom Pain", mas, acima de tudo é um jogo independente, que faz parte da história. No final das contas, depois de terminar a missão principal e as missões paralelas, sobra jogar nas dificuldades mais altas ou ainda tentar fazer as sub-missões, o que convenhamos, não é muito atrativo para quem é fã da série.

UOL JOGOS COMENTA AS AVENTURAS DE "GROUND ZEROES"

  •  

Nota: 8 (Ótimo)