Ori and the Blind Forest
Com “Ori and the Blind Forest”, a produtora Moon Studios estreia em grande estilo nas plataformas PC e Xbox One. O game é primoroso, tanto na direção de arte quanto no design de fases e na narrativa, um game de plataforma que não deve nada aos melhores produtores do ramo, como Nintendo, Ubisoft ou a Konami de outrora.
“Ori” é um jogo de plataforma que segue a fórmula típica de “Metroid” e “Castlevania: Symphony of the Night”, com estágios interconectados cheios de segredos e áreas que só podem ser avessadas após conseguir alguma habilidade não disponível inicialmente. Também é uma obra de beleza ímpar, desafiadora e que entrega muito entretenimento sem se tornar arrastada nem curta demais. “Ori and the Blind Forest” é um dos melhores games que você vai jogar em 2015.
Introdução
No game de plataforma “Ori and the Blind Forest”, você acompanha Ori, um espírito da floresta que foi adotado por uma espécie de urso. O pequeno personagem, com jeitão de mascote e movimentos ágeis (mas de uma fragilidade notável) parte em uma perigosa jornada para salvar a floresta.
Essa jornada envolve muitos perigos, exige controle de precisão total e respostas rápidas do jogador diante de cada novo obstáculo. É um jogo recheado de boas idéias, que inova e eleva o gênero de “Metroid” e dos saudosos “Castlevania” em duas dimensões.
Pontos Positivos
Beleza sem igualSó de olhar para “Ori and the Blind Forest”, seja em capturas de tela, trailers de divulgação ou ao ver alguém jogando, você já enxerga um dos pontos fortes do game: é um jogo dos mais lindos. Tanto os cenários cheios de vida e coloridos como uma tela de pintura quanto as animações fluídas dos personagens enchem os olhos do jogador. Essa beleza gráfica é acompanhada por uma trilha sonora marcante, que constrói a atmosfera do game e envolve o jogador na aventura de Ori pela floresta.
Não vou entrar em detalhes aqui para evitar estragar a surpresa de quem vai jogar, mas “Ori and the Blind Forest” é uma narrativa singela e tocante, que pode ser facilmente comparada com roteiros como o de “Journey" (PS3) e de longas de animação da Disney, Pixar e do nipônico Studio Ghibli. A longa cena inicial, que apresenta o espírito Ori, a criatura que o adota e a relação dos dois - e as reviravoltas nos momentos seguintes - envolvem o jogador com o pequeno herói como poucas produções mais caras e elaboradas conseguem fazer. Os mistérios da floresta e seus habitantes são desvendados aos poucos e embora o idioma inventado para os espíritos que narram a aventura não seja das melhores idéias, o jogo é todo legendado em português, o que facilita a imersão dos jogadores brazucas.
Design de fasesSó beleza não põe mesa e a Moon Studios sabe disso: “Ori” é um jogo excelente, com estágios muito bem elaborados e mecânicas criativas, tanto para uso do jogador, quanto contra ele. Avançar no jogo envolve precisão nos controles e aprender rápido os novos movimentos, que são liberados conforme o jogador acumula energia ao eliminar inimigos ou coletar esferas de poder.
As fases apresentam dificuldade crescente em seus obstáculos, inimigos e quebra-cabeças. Muitas vezes você se depara com trechos inacessíveis e sabe que está indo na direção errada. É preciso evoluir e conseguir as peças necessárias para voltar e alcançar os objetivos desejados. Retornar pelos estágios de “Ori" mostra a excelência do design de fases do jogo, com obstáculos que se mostram desafiadores (e muitas vezes exigindo manobras diferentes) quando é preciso atravessá-los na direção contrária. Ou seja, a Moon Studios consegue colocar dois designs excelentes em um só lugar.
Muito importante também é o ritmo que a produtora deu ao jogo. Diferente de outros ‘Metroidvanias’, “Ori” não se arrasta em momento algum. A aventura tem cerca de 10 horas de duração (sem contar as muitas mortes pelo caminho) e cada minuto é preenchido com ação, exploração e deslumbramento (além de uma certa dose de frustração).
Ao longo do jogo, Ori aprende novas habilidades que permitem lutar melhor contras as criaturas da floresta, explorar cantos antes inacessíveis e superar obstáculos cada vez mais difíceis. Desde o ágil pulo duplo (e eventualmente, triplo) até movimentos de catapulta e o poder de planar usando uma folha como parapente, o carismático espírito da floresta se revela cheio de truques.
O próprio game oferece sistemas inovadores, em particular o “save point” controlado pelo jogador. Dominar a arte de salvar o jogo na hora certa é uma das chaves do sucesso em “Ori”, pois teoricamente você pode gravar o progresso a qualquer momento, desde que tenha energia espiritual o bastante para isso.
Assim, ao subir por um penhasco difícil e cheio de espinhos assassinos, você pode salvar o jogo antes de encarar o próximo obstáculo e morrer algumas vezes até descobrir como passar. Muito bom, até a hora em que você não tem energia para criar um “save point”, mas continua avançando por terrenos desafiadores e superando inimigos. A mesma energia usada para salvar o jogo é usada para explodir objetos pesados e atacar inimigos mais fortes, então o uso do sistema de “save point” é dos mais estratégicos, ainda mais quando você só pode acessar a árvore de habilidades e aprender novos poderes nesses pontos do jogo.
Pontos Negativos
Muita coisa na telaDurante os combates, a beleza visual de “Ori and the Blind Forest” se volta contra a necessidade de precisão exigida pelo game. Explico: os ataques de Ori são feixes de energia disparados contra as criaturas malignas, mas entender o alcance desses raios é uma coisa que você só adquire jogando. Os inimigos em geral atacam cuspindo coisas ou disparando projéteis (alguns são mais físicos e podem até ser usados para abrir caminho aqui e ali).
O problema é que entre os disparos de Ori e os tiros dos inimigos, que também não obedecem padrões dos mais exatos, os obstáculos e o esplendor visual da floresta tornam a ação meio confusa em alguns momentos - nada absurdo, mas acredite, você pode perder um pouco a noção do que está acontecendo ou se está tomando dano, se um inimigo muito pequeno ainda está vivo ou não - e isso pode custar o retorno para o último “save point”.
Cada fase de "Ori and the Blind Forest" é composta de vários estágios interconectados e todas terminam em um grande evento, onde você salva a floresta mas precisa se mandar rapidinho, fazendo o caminho contrário ao que fez para chegar lá. É uma corrida alucinada, que sempre exige todo o conhecimento e habilidade que você adquiriu ao longo do game. É emocionante? Sim. Mas também é bem frustrante pois nessas horas, o sistema de "save point" não funciona.
Você vai morrer a cada novo obstáculo e precisará voltar para o começo da cena, até conseguir fazer toda a sequência de fuga sem falhar nem uma vez. A satisfação de sobreviver e chegar ao final é uma recompensa em si mesma, mas é frustrante o jogo aumentar a própria dificuldade modificando sem aviso uma de suas principais mecânicas.
Por mais bonito e criativo que “Ori” seja, o game da Moon Studios não está livre de falhas técnicas, os irritantes ‘bugs' tão frequentes nos lançamentos atuais. O problema mais frequente envolve tratamentos no jogo ao abrir outro aplicativo no Xbox One (no PC, os problemas são menos comuns). A Moon Studios já está ciente dos problemas encontrados em “Ori” e trabalha em uma correção. Mesmo com algumas falhas técnicas, a experiência de jogar “Ori and the Blind Forest” é muito acima da média das grandes produções mais recentes.
Nota: 9 (Excelente)
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