"Titanfall 2" mostra o potencial da franquia e diverte, mas não inova
Confesso que ao anúncio de uma sequência para "Titanfall" me empolgou. O game foi um dos primeiros que joguei no Xbox One e a ideia de colocar robôs enormes no meio da ação frenética típica de um jogo de tiro foi uma ótima sacada, capaz de fazer o título se destacar diante da concorrência. No jogo de 2014, porém, faltava uma coisa: contextualização.
Afinal, por que o jogador estava no meio de uma guerra entre duas facções? O que cada uma delas queria? Essas foram duas das principais dúvidas levantadas à época e a ausência de um modo campanha fazia o título carecer de uma personalidade mais marcante.
Pois esse modo está presente em "Titanfall 2", game produzido pela mesma Respawn Entertainment, produtora fundada por Vince Zampella e Jason West, ex-funcionários da Infinity Ward, famosa por criar games da série "Call of Duty" - que, curiosamente, passou a adotar elementos de "Titanfall", como as corridas pelas paredes e os pulos duplos em suas últimas edições.
Um piloto e seu melhor amigo
A inclusão da campanha é, certamente, um dos pontos mais positivos em "Titanfall 2". Sim, ela é (bem) curta: são cerca de 6 horas de jogatina, quando o jogador assume o papel do fuzileiro da Milícia da Fronteira, Jack Cooper, que é "promovido" à função de piloto de titã após uma missão dar errado. Juntamente dele, está o titã da classe vanguarda BT-7274.
A ênfase da história é justamente a relação entre Cooper e o titã, carinhosamente apelidado de BT. Ela funciona bem e toda a narrativa é permeada de diálogos divertidos - muito bem dublados em português, por sinal - e tem um surpreendentemente bom andamento. Jogar a campanha de "Titanfall 2" é como assistir um filme aos moldes de "Círculo de Fogo". Ou seja: há poucos momentos para se respirar.
Outro ponto positivo está no fato de que a Respawn conseguiu mesclar bem as porções nas quais se controla o piloto e as que o jogador está no comando do titã, com passagens interessantes em ambos os casos - ou seja, não existe uma parte chata, seja andando a pé ou a bordo do gigante de aço. E há a inclusão de algo que é um tanto raro nos jogos de tiro atuais: batalhas contra chefes de fase. Em geral, são titãs mais fortes do que os encontrados ao longo da campanha, porém cada encontro desses exige uma estratégia diferente, não apenas sobre a forma com a qual ele será abordado, mas também na hora de definir qual configuração de titã é a mais eficiente para o momento.
Além da já citada dublagem, a campanha também tem uma ótima direção de arte e apuro técnico. Gráficos, explosões, efeitos, tudo transpira futurismo e ajuda o jogador a ficar imerso no clima do jogo. Detalhe especial para a tela, em si: tanto no titã como fora dele, a visualização de informações como mira e itens a serem usados tem um aspecto limpo, mas que transmite a sensação de futurismo. A própria mira inova ao oscilar levemente em direção aos inimigos. Tudo funciona bem, a ponto de deixar um gostinho de "quero mais" ao final do modo.
Veloz, mas nem tanto
Terminado o modo campanha, o caminho natural é o jogador se aventurar no multiplayer do game. A comparação com um peso-pesado dos games de tiro, neste caso, é inevitável. Falamos de "Call of Duty: Infinite Warfare", jogo que sai no dia 4 de novembro e que possui semelhanças com as mecânicas encontradas em "Titanfall 2".
A grande diferença é que, ao contrário do game da Infinity Ward, "Titanfall 2" não oferece um multiplayer extremamente veloz. Há espaço para respirar, seja pela movimentação um pouco mais lenta ou pelo formato das arenas, que mesclam bem partes abertas com ambientes apertados. Isso faz com que o jogo se encaixe em um bom meio-termo entre os títulos disponíveis, como "Rainbow Six: Siege" e seu ritmo (bem) mais cadenciado, "Battlefield 1" e seus cenários abertos que exigem uma abordagem cautelosa e a já citada correria de "Infinite Warfare". Pode ser um primeiro passo interessante para novatos no gênero.
Para utilizar um titã, é necessário esperar um contador se encher, o que ocorre com o tempo. Conforme se mata titãs, outros jogadores ou ainda inimigos controlados pela inteligência artificial do jogo, esse tempo é reduzido. Invocar um desses robôs enormes, no entanto, não desequilibra o jogo. É uma vantagem, sem dúvida, mas pilotos a pé têm meios de derrubar um desses grandalhões de metal.
É possível também personalizar os equipamentos que serão levados à batalha, além de escolher cartas de reforços que dão habilidades únicas. Nesse modo, há oito tipos de partidas diferentes, que podem incluir objetivos específicos na partida ou se resumir a um mata-mata entre os participantes. O ponto negativo é que, ao menos nesses dias após o lançamento do game, os servidores brasileiros têm poucas pessoas jogando. Apenas a modalidade "Recompensa" possui um bom número de jogadores, mas ainda assim as partidas demoram um bocado para começar.
A hora errada
Ao incluir um modo campanha, a Respawn finalmente demonstrou o verdadeiro potencial da franquia. Um universo que envolve guerras espaciais e robôs gigantes sempre pode render uma boa história e, mesmo curto, esse modo é uma das grandes adições à série.
O maior problema de "Titanfall 2", porém, está fora do jogo em si e diz respeito ao seu lançamento. Por mais que a EA afirme que o game não disputa o mesmo público de "Battlefield 1", a bem da verdade é que o título não é tão diferente de outros shooters para ter um público cativo, como acontece "Rainbow Six: Siege" ou "Overwatch".
É bem provável que o fã das séries "Battlefield" e "Call of Duty" se divirtam com o game, mas fazer com que ele seja lançado num curto intervalo de tempo entre a chegada das novas versões dessas duas séries ao mercado parece um erro e, salvo alguma surpresa, tende a fazer com que "Titanfall 2" seja ofuscado. O que é uma pena, porque o jogo tem, sim, diversas qualidades.
"Titanfall 2" está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.
Nota: 8 (Ótimo)
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