Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Free Fire olha para as favelas e faz acontecer
Você certamente já leu diversas vezes neste espaço sobre o potencial do Free Fire para mudar vidas, fazer diferente nos games e estourar a "bolha" que cerca os esportes eletrônicos - muitas vezes repleta de privilégios e de uma realidade que está longe de ser a verdadeira do país em que vivemos. O mais importante disso é quando vemos a teoria sendo colocada em prática, e o sonho virando realidade. E é o que temos observado na LBFF (Liga Brasileira de Free Fire), a elite do cenário competitivo nacional do Battle Royale da Garena, em suas três divisões.
Uma das premissas da Garena para fazer com que o Free Fire seja o fenômeno que é no Brasil é justamente a de dar oportunidades. Estender a mão a quem vê nos games uma chance de futuro não só para si, mas também para sua família, e provar que pode fazer diferente. Que há um caminho para distribuir chances. Hoje, NewXGaming e Sintonia, equipes pertencentes à Série B da LBFF, abriram espaço para, respectivamente, Gusta e Diniz - atletas que fizeram parte da Divineia, time vencedor da Taça das Favelas em dezembro do ano passado.
- O sentimento é de autorrealização. O objetivo de mostrar que a favela também tem jogadores de esportes eletrônicos incríveis foi cumprido. Imagino que as próximas edições serão ainda melhores, principalmente na qualidade técnica das seleções! Com certeza muitos novos talentos serão descobertos. O potencial é infinito. Ainda existem milhares de favelas e jogadores incríveis que ainda não tiveram sua chance na competição. As mil seleções que disputaram em 2020 foi apenas o começo - afirmou Marcus Vinícius Linhares Athayde, diretor de inovação da Central Única das Favelas (CUFA).
Colocar esse projeto em prática significa realizar o sonho de jovens e provar que é possível quebrar estereótipos, preconceitos e ir muito além do que se imagina por meio do esporte eletrônico. A favela está repleta de talentos. Nós nos formamos o país do futebol dessa forma, e nos games não tem por que ser diferente. A periferia tem muito a nos ensinar no que diz respeito à persistência e à capacidade de dar a volta por cima todos os dias.
- Vários times vieram procurar jogadores das Taça das Favelas. Fui chamado para vários testes e olharam minha jogabilidade. Eu sempre quis ser jogador tanto de futebol ou de esporte eletrônico, e desde o começo me dedico muito pra não faltar a nenhum treino. O que eu projeto para o futuro são melhorias dentro e fora do jogo - disse Gusta.
Elogiar a Garena, neste caso, não é criticar outras publishers, mas apenas provocar todas para que sigam um caminho semelhante neste sentido. Inclusão é fundamental o tempo inteiro. Pensar em quem tem menos chances é uma obrigação de quem vive em um espaço privilegiado. O esporte tradicional mudou as vidas de muitas famílias, não só no Brasil, mas ao redor do mundo inteiro, e assim tem sido ao longo dos últimos tempos. O eletrônico não deve proceder de outra forma. Nesse sentido, que a trajetória seja a mesma.
"Fazer acontecer" é o termo. Buscar alternativas. Lapidar talentos. Mostrar que é possível fazer diferente. Quebrar barreiras. Ajudar quem precisa. O Free Fire nos ensina todos os dias. Que os concorrentes, especialmente no campo dos dispositivos móveis, também saibam trabalhar de uma forma inclusiva e que alimente sonhos, gere empregos e fure a bolha. A nós, jogadores, uma certeza: ouvir e aprender é muito melhor do que formular regras. Sempre.
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