Os planos de Coldzera

Uma das lendas do Counter-Strike quer voltar a ser o melhor do mundo

Gabriel Oliveira Colaboração para o START Lucas Seixas/UOL
Divulgação

Marcelo "coldzera" David

Jogador de Counter-Strike da FaZe Clan

Depois de uma temporada em baixa, a busca pela retomada. Eleito duas vezes o melhor pro-player de "Counter-Strike: Global Offensive" (CS:GO) do planeta, o brasileiro Marcelo "coldzera" David quer deixar para trás as polêmicas que mancharam 2019 e retornar ao topo do cenário competitivo. Para isso, faz planos: desenvolvimento individual e coletivo e exploração da própria imagem estão no horizonte do cyber-atleta para 2020.

Aos 25 anos, coldzera tem uma carreira de sucesso no CS:GO, o First-Person Shooter (FPS) mais popular do mundo. Ele começou a se destacar na Dexterity Team, em 2014, e chamou a atenção da equipe que seria a base da Made in Brazil (MiBR) de hoje. Entrou para o grupo em 2015 e saiu em 2019, após resultados ruins em campeonatos internacionais e desgaste no relacionamento com os companheiros.

Nesses quatro anos, coldzera conquistou diversos títulos, entre eles dois "majors", o tipo de torneio mais importante do CS:GO, e se tornou duas vezes o melhor pro-player do mundo, em 2016 e 2017, de acordo com o site especializado HLTV. Em 2016, foi eleito o jogador do ano no The Game Awards, e recebeu o prêmio das mãos do nadador norte-americano Michael Phelps.

Atualmente na europeia FaZe Clan, coldzera mora em Belgrado, na Sérvia, e diz ter reencontrado a felicidade depois do período desanimador e turbulento que encerrou sua passagem pela MiBR.

Encerrando o ano de 2019, o astro conversou com o START em uma cafeteria em São Paulo, onde passava parte das férias, e comentou sobre altos e baixos, popularidade e críticas, dramas e esperança. Coldzera quer olhar para frente e batalhar para reviver os tempos de glória.

Para entender coldzera

Divulgação/HLTV

Melhor do mundo

Coldzera conquistou diversos títulos, entre eles dois "majors", o tipo de torneio mais importante do Counter-Strike. Foi eleito duas vezes o melhor pro-player do mundo, em 2016 e 2017, em ranking do site HLTV.

Reprodução

Eternizado no mapa

A Valve adicionou um grafite em uma parede do mapa de_mirage, no local onde o brasileiro fez uma jogada espetacular ao eliminar, com um rifle sniper e pulando, quatro adversários da norte-americana Team Liquid.

Divulgação/FaZe

Frieza na mira

De onde veio o nick? "É 'cold' porque eu tenho um coração muito frio, eu não me importo muito pra nada, em momentos de pressão, essas coisas, eu não sinto. Sou um jogador meio que sem coração mesmo".

Lucas Seixas/UOL Lucas Seixas/UOL
Divulgação/HLTV

Tempos de glória

2016 a 2017

Coldzera entrou para a line-up comandada pelo capitão Gabriel "FalleN" Toledo em julho de 2015, quando a equipe deixou a Vivo Keyd para defender a organização norte-americana Luminosity Gaming. O time disputou 13 competições sem conquistar títulos e começou a melhorar quando, em novembro daquele ano, Lincoln "fnx" Lau e Epitácio "TACO" Pessoa chegaram ao elenco, composto ainda por Fernando "fer" Alvarenga.

Como Luminosity, a equipe passou a papar títulos e boas colocações nos campeonatos internacionais e chegou ao topo do ranking em maio de 2016, um mês depois da conquista do MLG Columbus, o primeiro mundial daquele ano. Pela europeia SK Gaming, os brasileiros continuaram em alto nível e venceram outro major, o ESL One Cologne, em julho. Foi a consolidação de uma ascensão meteórica de FalleN e companhia.

A jogada histórica de coldzera

A desenvolvedora Valve tem a tradição de criar grafites nas paredes dos mapas de Counter-Strike para homenagear grandes jogadas. Uma delas foi de coldzera em 2016, quando jogava pela Luminosity Gaming.

  • MVP, parte 1

    No primeiro major conquistado pela equipe brasileira, o MLG: Columbus (2016), coldzera recebeu o prêmio de Most Valuable Player (Jogador Mais Valioso, em português). Ele matou 235 vezes e morreu 151 em 262 rounds disputados em nove partidas, alcançando o índice de 1,32. A média é 1.

    Imagem: Divulgação/HLTV
  • MVP, parte 2

    Na ESL One Cologne (2016), já na SK Gaming, coldzera mais uma vez ficou com o MVP. Seu desempenho foi ainda melhor do que no primeiro major: foram 213 eliminações de adversários e 124 mortes em 238 rounds de nove jogos. O índice de avaliação chegou a absurdos 1.37.

    Imagem: Divulgação/HLTV
Reprodução Reprodução

A festa acabou

2018

Depois de oito títulos em 2016, a equipe brasileira, como SK Gaming, manteve-se no topo em 2017, quando conquistou nove campeonatos, mas nenhum major. No ano seguinte, o time teve desempenhos que foram de medianos para ruins. Nem mesmo a mudança para a lendária marca MiBR, em junho, ajudou na obtenção de resultados expressivos. Foram só cinco troféus.

Na temporada 2018, a equipe sofreu com inconstância e mudanças no elenco. A presença em finais, tão comum nos anos anteriores, passou a ser raridade. A escalação chegou a ter dois estrangeiros, os norte-americanos Jacky "Stewie2K" Yip e Tarik "tarik" Celik, e a contar com o treinador sérvio Janko "YNk" Paunovic. Mas não deu certo e os pro-players retomaram o time 100% verde-e-amarelo.

Quando o TACO saiu, decidimos jogar com uma line-up internacional. Foi bem difícil de acostumar. Falar inglês era um desafio enorme. Tentamos, na época, pegar o s1mple e o flamie para montar um supertime e acabou não rolando. Eu acho que a equipe precisava de um pouco mais de tempo, mas não estávamos nos sentindo confortáveis em falar inglês. Por isso, voltamos à line-up brasileira.
Coldzera, sobre as mudanças no time em 2018

Divulgação/ESL

"Bateu a bad"

2019

Para a temporada 2019, a expectativa da comunidade era que, de novo só com pro-players do Brasil, a equipe voltasse à boa forma. O resultado do primeiro campeonato do ano alimentou a esperança da torcida. A MiBR chegou às Semifinais da Intel Extreme Masters XIII - Katowice Major e perdeu para a campeã, a dinamarquesa Astralis.

Contudo, a partir daí, o time passou a ter desempenhos pífios e novamente promoveu mudanças no elenco para tentar melhorar. O clube contratou Lucas "Lucas1" Teles, renovando o hype do pessoal. Só que, mais uma vez, a confiança se transformou em frustração devido à eliminação precoce na ESL One Cologne 2019, após derrotas em dois confrontos.

Foi depois desse campeonato, em julho, que coldzera comunicou aos companheiros que desejava deixar a equipe, insatisfeito com os resultados nas competições anteriores, mas principalmente por conta do relacionamento desgastado com os demais jogadores. O clima no time era ruim, e coldzera decidiu que era hora de buscar a felicidade em outro lugar.

Divulgação/Dreamhack Divulgação/Dreamhack

Temporadas perdidas

"Eu acho que, em 2018, faltou um pouco mais de força para tentarmos nos reerguer. Começamos o ano com bastante força e fomos nos perdendo. Não esperávamos as derrotas, ainda mais depois de termos tido um 2017 incrível. No início de 2019 mandamos superbem, chegamos à Semifinal do major, mas, depois disso, de novo nos perdemos por agenda, por não termos tido tanto tempo para treinar para os campeonatos. Isso acabou nos sacrificando e o empenho começou a cair. Passamos a ficar um pouco sem saber o que fazer, a ter muitas dúvidas do nosso jogo. Faltou se adaptar um pouco ao meta, jogar mais rápido, abrir mais espaço no mapa. Foi o que trabalhamos no major e por isso tivemos tanto sucesso. Depois que tivemos esse período pequenininho de treino para três campeonatos, esquecemos disso e nos perdemos".

Para coldzera, a equipe brasileira não conseguiu acompanhar a evolução do nível do Counter-Strike mundial. Os times internacionais melhoraram os estilos de jogo, a estrutura e o profissionalismo, deixando o time brasileiro para trás, na visão do pro-player.

O CS de 2016 e 2017 eu posso chamar de amador. Ninguém estudava o outro time e não se preparava para as partidas, não tinha psicólogo. Hoje em dia todo mundo tem tudo na mão, os analistas e psicólogos realizam trabalhos muito bons, então as equipes estão vindo mais preparadas.
Coldzera, sobre as temporadas em que os brasileiros brilharam

Coldzera acredita que a preparação melhor das equipes explica, inclusive, a queda de rendimento individual dele. "Em 2016 e 2017 nós éramos muito bons de skill e ninguém sabia como nos parar. Hoje, a galera já tem as soluções de como parar todos os jogadores. Eu acho que o único time que se destaca nisso é o Astralis. É uma equipe fora da curva, ninguém ainda descobriu uma maneira de pará-la".

Ele diz que a chave do sucesso é ser constante, o que a equipe nacional não teve nas duas últimas temporadas, pois conviveu com altos e baixos.

Lucas Seixas/UOL

Saída da MiBR

Em 12 de julho de 2019, coldzera anunciou sua saída da MiBR pelo Twitter, depois de dias de especulação após a informação de seu desejo de buscar novos ares ter sido noticiada pela imprensa. No comunicado, o pro-player escreveu que estava desanimado e se estressando muito com o jeito com que a equipe lidava com as derrotas, além de não estar sendo mais ouvido ou bem utilizado nas táticas. "Em vez de tentarmos a solução dentro de jogo, a gente procura ainda mais problemas e isso começou a afetar minha performance".

Dois dias depois do anúncio do jogador, a MiBR iniciaria uma sequência de três campeonatos internacionais que culminaria com a disputa do StarLadder Berlin Major 2019. Coldzera se ofereceu para participar competições, mas os companheiros não quiseram e jogaram com o treinador Wilton "zews" Prado, deixando o astro na reserva. O timing da saída irritou os torcedores da equipe.

Essas coisas são difíceis de decidir três meses antes. Ainda estávamos com um time bom e brigando nas alturas. Vão acontecendo problemas e às vezes a decisão vem na hora. Eu queria ter jogado o major? Com certeza. Mas, ao mesmo tempo, não sou uma pessoa que joga por jogar. Eu não acho certo que, se eu quisesse sair, eu escondesse isso durante um mês para jogar o major. Eu não me sentiria bem como pessoa e eles também não depois da notícia.
Coldzera, sobre a decisão de deixar a MiBR, admitindo que pensava em sair desde 2018

Coldzera não crê, ainda assim, que a saída tenha sido traumática e vê benefícios para os dois lados a longo prazo. "Eles, por contratarem o kNg, que é um excelente jogador, e trazerem um pouco mais de harmonia para o time, e eu, por ser um jogador que quer buscar novos desafios e tentar continuar vencendo".

Herói x Vilão

Não me interessa se eu saí como vilão ou herói, porque a minha razão de deixar o time não era ser vilão ou herói. Era para ter uma vida nova, um pouco mais de paz na minha cabeça e um novo desafio.

Coldzera, sobre a saída do time brasileiro MiBR

Lucas Seixas/UOL

Melhor sem ele?

Durante os torneios que a MiBR disputou com o técnico zews, os pro-players declararam várias vezes, nas redes sociais e à imprensa, que o time estava feliz, dando a entender que a saída de coldzera havia melhorado o clima na equipe, o que irritou o jogador.

O astro deu uma dura entrevista à ESPN Brasil em que declarou que os ex-companheiros estavam o desrespeitando e revelou que havia ignorado tentativas de contatos deles por conta disso. "Depois que saí, eles começaram a pegar muito pesado em termos de felicidade, em termos de 'estarmos melhor sem ele'. Eu acho que está sendo muito baixo isso e me deixou bastante magoado ver isso".

Ele elevou o sarrafo da crise ao criticar vários ex-colegas, em entrevista ao canal de YouTube da streamer Giuliana "caju" Capitani, noiva do atleta de "League of Legends" Felipe "brTT" Gonçalves. A metralhadora de farpas pegou bem mal na comunidade. O vídeo da conversa não está mais disponível.

Hoje, coldzera admite que poderia ter se expressado de maneira diferente, mas não se arrepende das declarações, porque precisava desabafar. "Foi o momento que eu soltei tudo o que queria para aliviar minha cabeça e recomeçar minha vida", alega, sobre a entrevista a caju.

Insatisfação em três atos

O jogador deu declarações fortes depois de sua saída da MiBR

Reprodução

Entrevista à ESPN Brasil

Coldzera criticou o comportamento dos ex-companheiros por, em várias declarações, fazerem referência a "felicidade" após a saída dele. "Os jogadores que saíram [antes], ninguém foi massacrado e parece que eles estão me fazendo me sentir mal pela minha decisão, sendo que essa decisão já é pensada há um ano e eles sabiam disso. Fiquei bem chateado".

Reprodução

Shot da caju

Em entrevista à streamer Giuliana "caju" Capitani, coldzera fez críticas a diversos ex-colegas de equipe e deu mais detalhes sobre o clima ruim na MiBR. "Quando o TACO e o felps decidiram deixar o time por decisão deles, ninguém nunca 'farpou'. Quando eu saí, a galera começou a me 'farpar' muito.É algo que eu jamais faria, mas eles fizeram e vão pagar um preço por isso", disse.

Reprodução

Treta com SHOOWTiME

Ainda em entrevista a caju, coldzera disse que Gustavo "SHOOWTiME" Gonçalves (foto) era o pior jogador com quem havia atuado. No Twitter, o ex-pro-player da Vivo Keyd criticou a postura de coldzera. Ele disse que não havia recebido pedido de desculpas de quando cold declarou publicamente que SHOOWTiME "não sabia o básico de Counter-Strike".

Divulgação/MIBR

Enxurrada de críticas

Coldzera recebeu uma enxurrada de comentários de desaprovação da comunidade e de jogadores profissionais, inclusive do exterior, em razão das declarações e, na época, defendeu sua postura.

O jogador diz que, atualmente, a relação com os membros da MiBR "está muito boa", ecoando o sentimento do ex-colega TACO em entrevista ao START. Coldzera e o antigo time conversaram pessoalmente durante a ESL Pro League Season 10 Finals, em Odense, na Dinamarca. "Sentamos como se fosse uma roda de amigos novamente", relembra coldzera, hoje menos crítico à postura dos antigos companheiros.

"Por mais que o público possa ter julgado que eles estavam falando da felicidade e eu possa ter achado também, para eles pode ter sido outra coisa. Não tem como saber o verdadeiro motivo. Óbvio que chateia, eu não colocaria isso, que estou feliz que alguém saiu do time, mas, ao mesmo tempo, pode ter sido uma coisa que estava os incentivando a continuar a crescer ou trazendo mais confiança para o novo player", comenta coldzera.

Reprodução Reprodução
Divulgação/HLTV

A Retomada

2019 - 2020

Coldzera recebeu propostas de equipes internacionais, mas sempre teve a intenção de fechar com a FaZe Clan, da Europa, principalmente por conta da amizade com o bósnio Nikola "NiKo" Kovac e da vontade de experimentar um novo estilo de jogo. Assim, deu início à fase de retomada na carreira.

O pro-player brasileiro é mais passivo taticamente, enquanto os demais membros do time europeu são agressivos. "É uma soma inteligente para os dois lados".

Desde que entrou para a FaZe, em setembro de 2019, coldzera está morando em Belgrado, capital da Sérvia, de onde treina pela internet com a equipe. Os outros jogadores do time europeu são de quatro nacionalidades e vivem cada um em seu país. Eles só se encontram pessoalmente para períodos de treinamento antes das competições.

Na mudança, coldzera contou com o auxílio do treinador YNk, que é da Sérvia. "Se fosse escolher um país para morar, seria a Alemanha. Mas eu moraria sozinho, é um pouco ruim quando você não conhece muito do país, não sabe das leis. O YNk fez tudo para mim antes de eu me mover. Fui para lá praticamente com tudo preparado. Foi muito mais fácil para mim".

Hora de recomeçar

O ano de 2019 eu posso definir como problemático, pelos problemas que eu tive na MiBR e por ficar três meses parado. Isso acabou afetando um pouco do meu desempenho e da minha alegria. Para 2020 eu acertei minha cabeça para começar com um ano de felicidade.

Coldzera, sobre a nova fase na carreira

Divulgação/FaZe

Vida nova na Sérvia

Mesmo com o início regular na FaZe, coldzera diz ter encontrado a felicidade de jogar Counter-Strike novamente. "Por mais que não estejamos ganhando títulos, o time trabalha bastante e estamos numa pegada boa. Sempre estamos juntos, trabalhando, apontando os erros uns dos outros e buscando estar no meta. Estou muito feliz".

Ele conta que conseguiu se adaptar facilmente à FaZe, principalmente por ter tido experiência anterior de comunicação em inglês e passado três meses estudando o idioma, o que melhora a interação com os companheiros.

"É uma experiência um pouco diferente. Eles são mais fechados, mas têm as aberturas deles. Eles são bons profissionais e somos amigos. O inglês do Counter-Strike não é tão complexo. São poucas palavras, semelhantes aos americanos. É claro que os europeus têm umas diferenças, de nomes de jogadas e posições, confunde no começo, mas eu acho que me adaptei depois de um mês", explica coldzera.

Outro fator de satisfação é a possibilidade de morar sozinho, depois de quatro anos em uma gaming house. "Querendo ou não, a privacidade conta um pouco, né, conta ter mais liberdade. Eu sentia que estava preso na MiBR em relação a isso. No FaZe, estou vivendo mais minha vida, me concentrando no que eu preciso. Eu só sento e jogo".

Sobre as diferenças entre países, ele não reclama da Sérvia. "É muito legal o país. É semelhante ao Brasil. É calmo, as coisas são baratas. Então, o custo de vida é bem tranquilo. O clima é definido: ou é muito quente ou muito frio. Mas é bom. É uma coisa boa viver perto de pessoas que já moram no país e são do meu time."

Lucas Seixas/UOL Lucas Seixas/UOL

Um clutch impossível

Em Counter-Strike, "clutch" é quando um jogador está em minoria e consegue reverter a situação. Coldzera é um dos mestres no quesito

Coldzera por

Divulgação/ESL

Bruno "bit" Fukuda, pro-player

"Pelas entrevistas e postagens que eu leio dele, acredito que o primeiro passo já foi dado. Estar em um local em que esteja feliz e novamente desafiado poderá levá-lo de volta à melhor fase. Ele é um jogador dedicado ao extremo e competitivo. Ver as streams dele deixa isso claro: qualquer partida é levada 100% a sério, sempre visando melhorar e sair da mesmice."

Saymon Sampaio/BBL

Pablo "XRM" Oliveira, narrador

"É o melhor jogador brasileiro que eu já vi e tem tudo para voltar a figurar entre os melhores do mundo em breve. Um cara muito versátil que consegue ter impacto em diversas funções e armas diferentes. Esse período que ele jogou na FaZe em 2019 é apenas o início de uma nova fase, e precisamos dar tempo pra ele se acostumar a jogar com estrangeiros."

Divulgação/BLAST

Resoluções para 2020

Coldzera quer que 2020 seja o ano de retomada do sucesso internacional e, para isso, planeja trabalhar em diversas frentes: performance individual, desempenho coletivo, mentalidade fora do jogo e exploração da imagem pessoal. Ele sonha em ser o melhor pro-player de CS:GO de todos os tempos e quer dar muitos títulos para a FaZe.

O brasileiro tem se dedicado para retomar as performances individuais que o tornaram o melhor cyber-atleta de CS:GO do mundo em 2016 e 2017. "2020 é um ano em que eu vou focar bastante no meu individual. Eu me cobro muito do que eu posso melhorar e ajudar o meu time com coisas novas".

Questionado se voltaria a jogar por uma equipe brasileira, coldzera respondeu que não sabe, porque está há apenas três meses em um time estrangeiro. Na resposta, em que disse que precisava pensar se isso daria certo ou não, citou a possibilidade de aposentadoria.

"Eu ainda quero dar uns dois ou três anos para esta equipe. Pode ser que sejam os meus últimos de carreira. Não sei até quando eu pretendo jogar Counter-Strike. Estou com 25 anos, mas é cansativo. São muitos campeonatos, as viagens, estão matando um pouco a alma".

Perguntado especificamente sobre planos para pendurar o mouse, o astro contou que pararia de competir se conquistasse mais um ou dois títulos mundiais. "Com a FaZe quero vencer o máximo de campeonatos possível".

O que esperar do novo coldzera?

Divulgação/BLAST

Trabalho coletivo

A FaZe está buscando diversificar táticas e estilo de jogo, alternando as estratégias passivas e agressivas para se tornar mais competitiva. "É como eu vejo a Astralis fazendo", diz coldzera, citando o time dinamarquês, dono do 1ª lugar no ranking da HLTV.

Divulgação/FaZe

Fora do jogo

Na visão do brasileiro, o relacionamento entre os jogadores é essencial para o sucesso da equipe. "Quando você está bem consigo mesmo e o time está bem, o ânimo de jogar vem", explica. "O seu psicológico fica tão forte que você acha que é imbatível."

Lucas Seixas/UOL

Imagem pessoal

Coldzera foi criticado em 2019 pela saída da MiBR e pelas declarações que fez. Agora, com a cabeça mais frias, quer trabalhar a sua imagem em 2020. "Com a FaZe eu pedi essa abertura para tentar explorar um pouco mais da minha imagem e ter mais voz no Brasil."

Topo