Uma BGS, várias histórias

De streamers famosos a caçadores de brindes: personagens da BGS 2019 contam suas experiências no evento

Bruno Izidro Do START, em São Paulo

Somos mais de 300 mil

A Brasil Game Show reúne os mais variados perfis de gamers, o que resulta em experiências pessoais que vão muito além de só jogar os lançamentos do momento.

Pode ser o youtuber que aproveita para se encontrar com os fãs, a cosplayer que está interpretando o personagem preferido e até a criadora de jogos que está mostrando seu projeto para o público na área destinada aos jogos indies.

O START conversou com algumas dessas pessoas na BGS 2019, que aconteceu entre 9 e 13 de outubro, em São Paulo, que teve expectativa de 325 mil visitantes. Os relatos mostram essas diferentes perspectivas da feira, cada uma com suas histórias.

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Bruno Izidro/UOL

Influenciadores

BGS é a chance de criadores de conteúdo se encontrarem com os fãs

Eduardo Benvenuti, mais conhecido como BRKsEdu, participa da BGS desde 2011, quando o evento ainda acontecia no Rio de Janeiro e o seu canal de gameplays no YouTube tinha pouco mais de 30 mil inscritos.

Hoje, BRKsEDU tem mais de 8 milhões de assinantes, e a BGS passou a ser parte do trabalho. A agenda dele é preenchida com ações publicitárias e atividades com os fãs que realiza em diferentes estandes nos cinco dias da feira. Ainda assim, o lado jogador sempre fala mais alto:

"Uma parte pequena do evento, para mim, ainda é aquilo de superfã que vai conseguir testar os jogos, sabe? Por exemplo, eu joguei o 'Luigi's Mansion 3' e 'Final Fantasy 7 Remake', que pra mim era algo que fiz porque sou fã e foi muito legal. Eu não deixo de valorizar esses momentos"

Eu sinto um pouco de falta (de ser anônimo). Não que eu não goste de atender o público, pelo contrário, é um baita de um privilégio, mas eu sinto falta de ter uma vida normal na BGS. De poder andar de estande pro outro com tranquilidade
BRKsEdu, youtuber

  • Nilce Moretto, do canal Coisa de Nerd

    "A BGS é o melhor lugar para a gente vir e encontrar os fãs, porque aqui encontramos a maior variedade de gente que acompanha o nosso trabalho. É o ponto de encontro da nossa comunidade. E marcamos outros compromissos pra época da BGS, você aproveita a viagem para fazer reuniões, você orbita o evento"

    Imagem: Bruno Izidro/UOL
  • Alê "TheDarkness", streamer na Twitch

    "Em streaming a gente só vê nomes, nicknames, mas aqui eu vejo rostos, eu abraço as pessoas, eu tenho a oportunidade de trocar experiências muito além de um texto escrito. Então, pra mim, acho que pra galera que vem também, é uma parada surreal. E é muito mais inspirador vir pra BGS com esse olhar, de ponto de vista diferente"

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  • Bruno "PlayHard", youtuber de Free Fire

    "Acho que pra todo criador de conteúdo a BGS vai evoluindo. É como um jogo, tem vários níveis. Quanto mais você vai crescendo, a feira vai se transformando em negócio também, mas uma coisa que nunca se perde é: quando chega aqui, tem um monte de inscrito, de fã pra encontrar a gente. Isso é muito legal"

    Imagem: Divulgação
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Público

Pais levam os filhos no Dia das Crianças, e comunidades de jogadores se reencontram

A Brasil Game Show também pode representar o momento de encontro de comunidades, grupos e clãs que se formam em torno dos videogames. É o caso da Comunidade Gamer Feminina, um grupo formado em 2017 só por mulheres. Elas fazem transmissões de jogos, e somam hoje mais de 500 integrantes.

A comunidade tem gamers em diferentes regiões do Brasil. Vanessa Maia, 21, uma das fundadoras do grupo, vem do Maranhão todos os anos só para reencontrar as amigas. É a chance de ver pessoalmente pessoas com quem ela só conversa online.

"Eu venho mais para isso, pra encontrar o pessoal da comunidade, a galera do Xbox que faz streaming na Mixer e conhecer mais pessoas. Nem é tanto pra jogar, eu quase não jogo durante a feira"

A gente decidiu que, todo ano, o encontro oficial da Comunidade Gamer Feminina acontece na BGS, dentro da feira mesmo
Vanessa Maia, da Comunidade Gamer Feminina

  • Ariel Caporalli, caçador de brindes

    "O meu intuito, no primeiro dia de BGS, é mapear todos os estandes para saber em qual vou conseguir ganhar mais brindes. Aí faço um catálogo para priorizar e não pegar filas, porque sempre tem que jogar algo no estande, preencher um cartão e ainda fazer uma tatuagem para concorrer a uma mochila com vários brindes dentro"

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  • Maria Fernanda e Nicolas Mousinho, o "Casal paiN"

    "Como a gente mora longe, em Belém do Pará, é muito difícil ter esse contato mais próximo com jogadores de LoL da paiN. Então a BGS é a única oportunidade de vê-los de perto. Em uma feira assim, eles ficam mais acessíveis do que se fosse em um campeonato. Se a paiN não viesse este ano, a gente talvez até viria, mas não seria a mesma coisa"

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  • Magnus Cardoso e família no Dia das Crianças)

    "Somos de Porto Alegre e viemos só para a BGS. Esse foi o presente de Dia das Crianças deles, o Artur e a Valentina que escolheram. Trouxe para eles verem os youtubers, que são as referências deles e, no segundo momento, jogar alguma coisa também, como Fortnite e Overwatch"

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Criadores de Games

Estejam confinados em uma game jam ou expondo seus jogos, os indies podem brilhar na BGS

Desde 2016, a BGS realiza uma maratona de desenvolvimento de jogos dentro da feira, chamada Brasil Game Jam: 10 equipes de três pessoas cada ficam confinadas em uma espécie de aquário no meio da feira, durante 48 horas, para criar um game. Nesse período, eles dormem, comem e tomam banho na própria BGS, até mesmo quando ela está fechada para o público.

Este ano, a estudante de ciências da computação Renata Vinhaga, 21, participou pela primeira vez tanto da BGS quanto de uma game jam.

"No começo eu achei meio estranho, mas depois a gente acaba encontrando formas divertidas de utilizar aquilo que a gente tem. Por exemplo: a gente fez um jogo da velha no vidro, e eu ficava interagindo com as pessoas de fora, então a galera entrava para ver o nosso jogo por conta disso. Mas, sim, é meio estranho, parece um Big Brother, porque a gente tava dormindo com gente que nunca tinha visto na vida, o tempo inteiro"

Senti falta de curtir integralmente a feira? Talvez, mas por experiência em outros eventos desse tipo que fui, você acaba ficando muito em fila, como na CCXP, e acaba cansando
Renata Vinhaga, 21, desenvolvedora de games

  • Gabriella Dias, do jogo Psikodelya

    "Quando você vem como visitante, não pensa que as pessoas estão trabalhando todos os dias e estão cansadas. Mas a gente, como indie, tem que aproveitar ao máximo a feira. A gente marcou o máximo de reuniões possíveis para tentar tirar tudo o que a BGS pode proporcionar e crescer o estúdio, abrir mais portas"

  • Kleverson Vieira, do jogo 171

    "A gente sempre ouve falar da BGS pela TV, mas você vir pessoalmente, assim, é outro nível. Eu fiquei a maior parte do tempo no estande mesmo, e a minha BGS foi praticamente só o corredor em que estavam expostos os jogos Indies, porque sempre tinha gente jogando o nosso game"

  • Gabriel Oliveira, do jogo Eternal Hope

    "No começo eu pensei que seria muito mais tranquilo, que iria poder aproveitar mais a feira, mas foi o contrário. A BGS foi intensa pela quantidade de gente circulando na área indie e por sempre estar conversando com pessoas, ter um contato com o público, poder conhecer até outros desenvolvedores"

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Cosplayers

Heróis de filmes, quadrinhos e games se multiplicam pelo evento

Não era difícil andar pela BGS 2019 e se deparar com uma Ellie, de "The Last of Us", Lara Croft, de "Tomb Raider", ou D.Va, de "Overwatch". Assim como muitos evento de cultura de pop, os cosplayers eram presença constante entre os pavilhões. Segundo a organização da BGS, este ano foram mais de 1800 cosplayers registrados.

Um acontecimento triste e aparentemente isolado marcou os cosplayers na BGS 2019, quando Michael Giordano, que estava caracterizado de Coringa, disse ter sido agredido e torturado por seguranças do evento. Apesar disso, os demais cosplayers foram uma atração à parte nos corredores da BGS.

Por estarem o tempo todo caracterizados, os cosplayers veem a feira como uma constante sessão de fotos. Sara Antolini, 22, foi em todos os dias da BGS 2019, cada dia com um cosplay diferente: da vilã Arlequina, das HQs do Batman, até 2B, a protagonista de "Nier: Automata". Foi caracterizada como a personagem do jogo de ação que ela falou sobre sua experiência na feira:

"Quando você faz os cosplays que são mais famosos do público, você não consegue aproveitar a feira. Essa é a verdade. Quando se é cosplayer e vai em uma feira, você vai pra ser cosplayer. É muito difícil andar por aí, aproveitar, porque o tempo todo você para pra tirar foto"

A BGS junta muita gente do meio cosplayer do Brasil inteiro e você consegue muitos contatos, de fotógrafo, cosplayers veteranos, grupos para futuros cosplays. É um ótimo networking, e se divulgar usando o nome da BGS é um objetivo de grande parte dos cosplayers que estão aqui
Sara Antolini, 22, cosplayer

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  • Silvio Akihito, cosplay de Genji, de Overwatch

    "Você acaba dando mais atenção ao público e tem menos a visão do evento, até porque é preciso parar o tempo todo para tirar foto. Mas é legal pelo espaço que dão para mostrar o nosso trabalho. Eu gostei bastante também porque o ar condicionado daqui é bom e a gente que usa um material desse, uma roupa totalmente fechada, fica pior"

    Imagem: Bruno Izidro/UOL
  • Thamiris Araújo, cosplay de Jinx, de League of Legends

    "Eu vim em um dia em que consegui jogar bastante, até. Eu fiquei na Nintendo jogando games do Mario. Fiquei 'mó cota' lá e de cosplay, mas o resto da BGS foi mais andando mesmo. Tirar muitas fotos a aparecer na mídia. Acabamos ganhando mais seguidores em redes sociais, por exemplo, e isso é importante pra gente que faz cosplay"

    Imagem: Bruno Izidro/UOL
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