O game designer José Wilson, 32, ou simplesmente Zé, acredita que jogos são um meio para falar de contextos sociais e de realidades. E é para mostrar um pouco das suas vivências nas periferias que ele está desenvolvendo, junto com o amigo Viktor Eisenmann e em parceria com o estúdio Sue the Real, o jogo de ritmo com batalhas de beatbox "One Beat Min".
Zé conversou com o START no Centro Cultural São Paulo, onde muitos jovens praticam dança de rua e beatbox. Porém, ele cresceu bem longe dali, no bairro Mutinga, no extremo oeste de Osasco.
Foi na periferia da cidade metropolitana que ele conheceu a cultura Hip Hop e até se arriscou como B-Boy por um tempo. Nas tardes dos anos 90, frequentava as locadoras de videogame. Com o tempo, esses dois elementos foram se juntando em seu dia-a-dia.
Eu gostava dos jogos de luta que tinham personagens mais urbanos. Por exemplo, no 'Tekken 3', o Eddy Gordo era bem popular, e no 'The King of Fighters' o pessoal do fliperama se identificava com o Heavy D
José Wilson, criador do game "One Beat Min"
Heavy D, aliás, tem esse nome em homenagem a um rapper Jamaicano, e Gordo era o boneco brasileiro que lutava capoeira. Não por coincidência, ambos são um dos poucos personagens negros em seus jogos.
"Quando eu comecei a estudar design de jogos e olhar a produção com um olhar de desenvolvedor, eu percebi que esses personagens representavam minorias e fui por isso que pensei em criar um jogo que tivesse a temática desse universo que já conheço", diz o desenvolvedor.
Hoje um B-Boy aposentado, ele está utilizando a criação de "One Beat Min" tanto como uma forma de expressar essa cultura típica das periferias em que cresceu, quanto para se reconectar a elas.
Por causa do jogo, Zé voltou a frequentar as batalhas de beatbox e B-Boys que acontecem na periferia, e passou a transportar esses ambientes para os cenários do jogo: das festas até os campeonatos e freestyle que acontecem nas ruas.