Review: Xbox Series S

O pequeno prodígio da Microsoft surpreende, mas é voltado a um perfil bem específico de jogador

Thaime Lopes Colaboração para o START Arte/UOL
Mariana Pekin/UOL

A unidade do Xbox Series S para análise foi enviada pela Microsoft Brasil ao START.

A primeira impressão ao pegar um Xbox Series S é que ele é pequeno e leve. Muito pequeno e muito leve.

O design simples, que se aproveita da ausência de uma entrada para discos, e a cor branca também chamam a atenção, e logo você pensa: "não é possível que ele seja capaz de tudo que falam, mesmo sendo tão pequeno." Mas ele é.

Ao ligar a menor versão de um Xbox já lançado, já recebemos um recado da nova geração logo de cara. Toda a configuração é feita pelo app gratuito no celular: desde conexão de internet às atualizações de software, controlei tudo com alguns toques.

Depois, nos primeiros jogos testados, descobrimos a melhor qualidade do Series S: ele é muito rápido em executar e carregar os jogos.

Para quem, assim como eu, está acostumado com a primeira versão do Xbox One, o novo console vai, definitivamente, provar que tamanho não é documento.

DESIGN

Mariana Pekin/UOL

Se os gigantescos Xbox Series X e PS5 impressionaram pela imponência, o Series S faz o caminho contrário. Compacto, ele mede 27,5 cm de altura (na posição vertical) por 15,1 cm de largura. Ele é quase uma peça de decoração na sala de estar.

Demorei cerca de dois minutos para instalar e conectar o console à minha TV. Sim, simples assim. Ele não tem uma fonte de alimentação externa, então só é necessário plugar um cabo na tomada e o HDMI na TV.

Com menos fios, ele é um pouco maior do que um modem de internet, por exemplo. Isso significa que é fácil trocá-lo de posição e colocar dentro de racks ou prateleiras pequenas. Só aí ele já merece umas estrelinhas de aprovação. Não ser obrigada a comprar um móvel novo para o console já me parece uma vantagem mais do que considerável.

O Xbox Series S é pequeno, um pouco maior do que um modem de internet

A cor branca, por outro lado, é um problema. Quem tem videogame sabe: cores claras significam muita dor de cabeça para manter tudo limpo e evitar aquele "amarelado" que vem com o tempo.

Se você se incomoda facilmente com poeira e quer preservar a aparência do Series S, vai precisar de mais cuidado do que se tivesse um Series X.

O mesmo vale para o controle que, além de branco, tem texturas justamente onde se encaixam os dedos. Apesar de a novidade ser bem agradável no gameplay, fiquei pensando que o espaço minúsculo entre as bolinhas que formam esse padrão vai acumular sujeira —e eu não faço ideia de como limpar isso direito.

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Os padrões nas laterais e em cima do console merecem atenção: pequenos círculos são responsáveis pela ventilação do Series S, e se você tem tripofobia (repulsa a buracos aglomerados), não recomendo olhar com atenção a esse detalhe.

O videogame também é bastante silencioso. Nos testes, deixei-o onde antes estava meu PlayStation 4, com seus sons altos do sistema de ventilação que pareciam alçar voo a qualquer momento.

Já com o Series S, o silêncio era tanto que, por vezes, achei que ele tinha desligado sozinho. E mais: mesmo depois de horas ligado, jogando games que exigiam bastante do Xbox One, como Forza 7 ou Red Dead Redemption 2, ele não sofreu com o calor.

Por fim, é possível colocar o Xbox Series S na vertical sem precisar colocar qualquer tipo de base, como também na horizontal.

HARDWARE

Divulgação/Microsoft

Como um videogame de nova geração, mesmo sendo um modelo de entrada, o Xbox Series S é rápido na execução de jogos atuais.

O tempo de loading (carregamento) dos jogos foi diminuído drasticamente em relação à geração anterior, e a opção de voltar para um jogo exatamente onde paramos e em mais de um jogo diferente (quick resume) é algo que agrada —quase como alternar as abas de um navegador web.

Toda essa rapidez se dá pelo Xbox Velocity Architecture, também presente no irmão maior, o Xbox Series X. Essa arquitetura potencializa ainda mais a velocidade do SSD (que substituiu os discos rígidos) e trabalha junto com as novas GPU e CPU do Series S para torná-lo uma máquina potente.

Isso significa, em termos práticos, que o Series S consegue entregar as mesmas informações que o One, mas bem mais rápido, devido às suas especificações. O resultado é nítido, e o sistema responde bem

A transição entre aplicativos e games é suave, com quase nenhum tempo de espera e sem travamentos.

Porém, é bom deixar claro que o Xbox Series S ainda é menos potente que o Xbox Series X, principalmente em poder de GPU e memória. Até por isso, o console só entrega uma resolução máxima de 1440p, e não 4K, por exemplo.

Um espaço de 500GB

Talvez o maior defeito do Series S seja seus 512GB de espaço de armazenamento interno, que são reduzidos a drásticos 364GB para armazenar jogos, aplicativos e capturas de imagens. Para a nova geração, isso é uma grande decepção.

E vamos lembrar: esse é o modelo do novo Xbox que não vem com entrada para discos, então tudo o que é possível jogar deve ser feito por download

Sabemos que muitos jogos batem na casa dos 100GB (Red Dead Redemption 2) ou ficam perto de 50GB (Assassin's Creed Valhalla), além de outros com constantes atualizações gigantescas (Call of Duty: Warzone). Com 364GB, então, será necessário pensar muito sobre o que você realmente quer instalado em seu console.

Por conta disso, o Series S funciona melhor para quem não joga uma grande variedade de games ou, então, que não se importa de ficar no vai-e-vem de "baixar e apagar" para conseguir jogar de tudo.

Mariana Pekin/UOL Mariana Pekin/UOL

Assim como tudo na vida, existe também a solução para o problema de espaço interno do Xbox Series S: a Microsoft lançará um cartão de expansão SSD de 1TB.

Só que, de novo, surge um problemão: a previsão é que o SSD custe mais ou menos a metade do valor do console. Isso apresenta um custo-benefício quase nulo para quem optar por seguir esse caminho, pois somando os dois valores, seria mais fácil comprar logo um Xbox Series X.

Talvez seja justamente aí que mora a decisão de quem está em dúvida entre os dois consoles, e, como dito, é algo que deve ser ponderado de acordo com o estilo de cada jogador.

O Series S funciona melhor para quem não joga uma grande variedade de games

Se a busca por desempenho não é algo tão valorizado por quem está jogando, a segunda solução seria instalar um HD externo, mas dessa forma os jogos não vão se beneficiar de muitas das vantagens que o Xbox Series S tem a oferecer.

SISTEMA OPERACIONAL

Reprodução/YouTube

O sistema operacional do Xbox Series S, por sua vez, não vem com novidades. É o mesmo da geração anterior, o que é bom e ruim.

Bom porque para quem já está acostumado, não é necessário ficar tentando entender onde as coisas estão.

Ruim porque estamos falando de um console novo, com funções novas, e que merecia uma interface que o diferenciasse do Xbox One.

Ainda assim, isso não chega a ser incômodo —como eu disse, já conhecer os caminhos de todas as configurações economiza tempo, que podemos gastar se preocupando com outras coisas (como jogar).

O que muda, e isso considero um ponto negativo, são as configurações de captura.

Dependendo do tipo de TV em que o Series S está conectado, podemos escolher entre capturar em 720p, 1080p ou 1440p, mas limitado a um tempo de um a três minutos.

Ou seja: se você pretende gravar uma gameplay, prepare-se para apertar o botão de captura várias vezes.

GAMES

Reprodução/START

A Microsoft disponibilizou os jogos The Falconeer, Assassin's Creed Valhalla e Tetris Effect: Connected, porém todos eles só estariam disponíveis no dia do lançamento do console e não puderam ser testados para esta análise.

Para testar o desempenho do Series S, joguei uma variedade de games por meio da retrocompatibilidade: Red Dead Redemption 2, The Witcher 3, além de Ori and the Will of the Wisps e Gears 5.

A maioria deles eu já tinha jogado no Xbox One. Por isso, foi fácil perceber a diferença de desempenho entre os dois consoles.

Vale ressaltar que muitos desses jogos receberão atualizações com melhorias para o Xbox Series S, mas muitas delas não estavam disponíveis durante os testes antecipados a que tivemos acesso.

Hora do teste: comparação de gráficos e loading

Já o que mais me chamou a atenção em toda minha experiência com o Xbox Series S foi, sem dúvidas, a diminuição do atraso entre meu comando e a resposta na tela.

O controle do Xbox Series S pode até ser quase idêntico ao do Xbox One em aparência, mas há muitas melhorias internas, e uma delas é o Dynamic Latency Input (DLI), que diminui drasticamente a latência do acessório.

Em termos práticos: a sensação é que nossos comandos são feitos muito mais rapidamente na TV, melhorando a forma de jogar

Percebi isso principalmente nas cenas de tiroteio do Red Dead e em Gears. As ações dos personagens ficavam quase em completa sincronia com o que eu fazia no controle, e me saí melhor nessas missões quando joguei no Series S.

Reprodução/START Reprodução/START

Eu não tenho uma TV 4K com funções como HDR, por isso a diferença visual dos jogos foi pequena entre o antigo e o novo Xbox.

Assassin's Creed I, por exemplo, não mudou em nada entre o One e o Series S. Já em Red Dead, os detalhes eram mais bem nítidos.

O tempo de loading dos jogos foi o ponto alto na minha experiência. Todos eles, sem exceção, reduziram em mais ou menos metade o tempo necessário para carregar entre a tela-título e o início do game.

Esperar um minuto a menos para jogar um título pode parecer irrelevante. Mas essa melhora é a prova da potência do processador do Series S, que mais uma vez confirma que ser pequeno não significa ser fraco.

Vale a pena ter um Xbox Series S?

Mariana Pekin/UOL

A resposta para a pergunta acima depende de quem você é como jogador. Como disse anteriormente e reforço, ele tem semelhanças com o Series X, por um preço mais em conta.

Xbox Series S: pequeno, compacto, silencioso, o melhor design da nova geração e desempenho além do esperado

Por outro lado, o armazenamento é seu maior problema. Só 364GB de espaço é muito pouco para o tamanho dos jogos que são lançados atualmente. Por isso, eu pensaria duas vezes se eu preferiria gastar um valor alto com cartão de expansão SSD ou gastar o mesmo valor com um console melhor, como o Series X.

Se essas questões não forem incômodo para você, então sem dúvidas o Series S é uma boa compra: pequeno, compacto, silencioso, o melhor design da nova geração e desempenho além do esperado.

Como jogadora de Xbox One há anos e, antes disso, tendo passado pelo Xbox 360, afirmo que o Series S me surpreendeu mais do que eu esperava.

Ainda acho que seu custo-benefício poderia ser melhor para ser mais competitivo, principalmente em um mercado como o Brasil. São algumas das razões que fazem o Xbox Series S não ser um videogame nota 10.

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