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Balanço GDC 2007: evento marca estréia da nova geração

Criador de "Fable", Peter Molyneux marcou presença na GDC 2007 -
Criador de 'Fable', Peter Molyneux marcou presença na GDC 2007

THÉO AZEVEDO<br> Enviado especial a San Franc

09/03/2007 20h54

A Game Developers Conference 2007 foi o primeiro grande evento da nova geração de videogames - na E3 e Tokyo Game Show, em 2006, apenas o Xbox 360 estava disponível - e deixou bastante claro que o estereótipo do garoto com olhos vidrados na TV e joystick na mão ficou definitivamente para trás. Jogar, agora, mais que entretenimento, é uma atividade social.

Nesse panorama, cada fabricante tem a sua estratégia: a Nintendo investe em canais interativos para o Wii; a Microsoft consolida Live como o coração de sua central de entretenimento (mais conhecida como Xbox 360); e a Sony, até então aparentemente perdida no mundo online, aproveitou a GDC para revelar a PlayStation Home.

A comunidade virtual do PlayStation 3 foi, com toda justiça, a principal novidade do evento e parece ser uma fonte promissora de recursos, para produtores e jogadores. A idéia, de forma geral, não é novidade, afinal sistema de conquistas e jogos casuais, por exemplo, o Xbox 360 já possui há muito tempo; o diferencial do serviço da Sony é a interface 3D, que lembra bastante "Second Life".

A questão é saber se o público do PlayStation 3 está realmente interessado em uma interface 3D, para chat, ponto de encontro e outras funções, o que parece ser um chamariz mais atraente ao público casual - e, convenhamos, quem paga US$ 600 em um videogame sabe o que quer e está interessado mesmo em tecnologia, não em entretenimento corriqueiro.

Em relação à conferência da Nintendo, a quase total falta de novidades poderia ser considerada uma decepção não fosse o fato de que, no palco, estava Shigeru Miyamoto, que dispensa apresentações. Aplaudido de pé (como de costume), o criador de franquias como "Super Mario Bros." e "Zelda" parecia se divertir mais que o próprio público.

Ao ouvir as palavras de Miyamoto-san sobre a visão criativa da Nintendo, e a sua própria, chega-se à conclusão que ele, ao menos hoje em dia, não faz mais jogos pensando no dinheiro enquanto prioridade - e, ironicamente, das três fabricantes de consoles, a Big N é que mais precisa faturar com os games, já que Sony e Microsoft tem várias outras divisões.

Como a Microsoft não fez a sua "keynote" (ou seja, uma das palestras principais), a impressão é a de que ela exerceu papel de coadjuvante no evento. Na verdade, a Microsoft está tão interessada na produção de jogos quanto qualquer outra empresa, mas desta vez parece ter optado por divulgar a sua ferramenta XNA, ao invés de fazer algo mais "vistoso", por assim dizer.

Oportunidades únicas

É preciso ter em mente, que, diferentemente de feiras como a E3, o público dominante da GDC é o de produtores de jogos, que vêm de todas as partes do planeta. Muitos deles, provavelmente, sequer conhecem os três consoles da nova geração. Para a imprensa, não ser o foco do evento é curioso e, ao mesmo tempo, um alívio, já que há mais tempo e calma para apreciar um evento que tem nas palestras oportunidades únicas.

Afinal, em que outro lugar seria possível ver Peter Molyneux falar sobre cães em "Fable 2" ou admirar Koji Kondo, em sua primeira aparição pública nos Estados Unidos, explicando o processo de criação das trilhas sonoras de "Mario" e "Zelda"? E, após as paletras, por que não, trocar idéias e cartões com tais ícones da indústria.

O pavilhão de exposições, é verdade, teve menos jogos se comparado ao da edição anterior do evento, mas, mesmo assim, não faltaram presenças de peso, como "God of War 2", "Crysis" e "Super Paper Mario".

Foram ingredientes que fizeram da Game Developers Conference 2007 a mais relevante de todas. Certamente, se houvesse uma "keynote" da Microsoft, as comparações com a reformulada E3 seram definitivamente inevitáveis. Por ora, é bom não misturar as coisas e deixar a GDC com sua identidade inconfundível, enquanto essencial ponto de encontro para as mentes responsáveis pelo entretenimento eletrônico.
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Cobertura UOL da Game Developers Conference