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Videogames são para crianças, diz colunista do Times

12/02/2008 13h59

Duas semanas atrás, Kay Hymowitz, colunista do jornal Dallas Morning News opinou que homens entre 20 e poucos anos e 30 anos deveriam largar seus controles e crescerem. Agora, Kate Muir, da seção dedicada às mulheres do Times, fez coro à colega, dizendo que videogames são brinquedos.

Em seu artigo, intitulado "Idades Médias" ("The Dark Ages", no original), Muir diz que esses "homens-adolescentes" que se refugiam nesses mundos de fantasia oferecidos pelos videogames são pessoas desconfortáveis com o mundo real. No entanto, não critica filmes, livros ou novelas, mas apenas os games.

"Em minha aula noturna na semana passada, dois homens inteligentes, bem vestidos, de trinta e poucos anos - advogados ou gerentes a julgar pelos seus endereços de e-mails - estavam falando sobre seus novos Xbox 360 e do divertimento transcendente que vinha deles. Eu prestei mais atenção. Aparentemente, em 'Gears of War', os mínimos detalhes das maiores batalhas são muito nítidos, em widescreen! Achei que eles estavam discutindo sobre os jogos de computador de seus filhos. 'Xboxes' são brinquedos, afinal de contas", opinou.

Muir parece estar presa ao estereótipo da era dos 8 bits, na década de 80, quando, de fato, os jogos tinham um apelo mais infantil - ou, no mínimo, a tecnologia precária não era capaz de projetos mais ambiciosos. Não que todos os títulos fossem infantis: os mais antigos devem se lembrar de obscuros "adventures" em texto, alguns com roteiros bem elaborados.

Hoje, no entanto, os videogames são muito mais sofisticados, e mesmo que a grande parte dos jogos seja para o público geral, há cada vez mais títulos destinados a jogadores mais velhos, como o próprio "Gears of War", considerado "inadequado a menores de 17 anos", segundo a classificação americana, uma obra que é a prova viva da evolução dos games, com visual realista e a emoção de um bom filme de ação.

Nos comentários referentes ao artigo, muitos opinaram que a visão de Muir é, no mínimo, antiquada, e que o ato de jogar videogames nada interfere em seus trabalhos ou vida pessoal. A grande parte dos que colocaram seus pontos de vista eram homens, mas isso não impediu de as mulheres de criticarem o artigo. "O título é adequado... seu ponto de vista é da Idade Média", disse a internauta Rebecca, de Dallas. "Tenho 29 anos, sou casada, trabalho e jogo games. Onde me encaixo nessa equação?", indaga Paula, da Finlândia.

Talvez, essa mentalidade de que games são "coisas de criança" esteja por trás das críticas às quais os games com violência e sexo estão sujeitas. Muitos opinam que, games assim, de fato, devem ser restritos, e por isso a indústria desenvolveu métodos de classificação etária para jogos, assim como acontece com filmes.

Recentemente, no Brasil, uma decisão proferida pelo juiz Carlos Alberto Simões de Tomaz da 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais proibiu a venda do game "Counter-Strike" em todo território nacional. Para o juiz, os jogos (além de "Counter", o RPG "EverQuest" também foi proibido) "trazem imanentes estímulos à subversão da ordem social, atentando contra o estado democrático e de direito e contra a segurança pública, impondo sua proibição e retirada do mercado".