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Agora, crítico Roger Ebert diz que games podem ser arte

05/07/2010 20h38

Há cinco anos, uma declaração, e posterior discussão com Roger Ebert, gerou desagrado entre os fãs de videogame. O crítico de cinema alegou na ocasião que os jogos não são arte, e são inferiores às formas tradicionais de arte criadas através de controle autoral, como filmes e literatura.

"Videogames podem ser elegantes, sutis, sofisticados, desafiantes e maravilhosos visualmente", disse ele em resposta a um leitor, mas "a natureza da mídia a impede se mover além da habilidade artesanal para o prestígio de arte".

Na ocasião, Ebert recebeu centenas de cartas de entusiastas que, aborrecidos com sua declaração, defenderam abertamente a categoria. Em abril desse ano, em seu blog, ele reiterou que "nenhum jogador vivo agora sobreviverá tempo suficiente para ver a mídia se tornar uma forma de arte". Posteriormente, ele explicou que nunca encontrou um jogo que "valesse o [seu] tempo" e admitiu que fez a declaração sem jamais ter experimentado qualquer tipo de jogo.

Mas, agora, anos depois de sua declaração original e três após ter reiterado sua opinião, Roger Ebert mudou de ideia. Em uma mensagem publicada em seu blog recentemente, embora mantendo sua posição pessoal sobre jogos, ele reconheceu que não tinha o conhecimento necessário para fazer a declaração, e que não deveria tê-la feito.

"Eu fui um louco ao citar jogos, em primeiro lugar", admitiu. "Eu nunca expressaria uma opinião sobre um filme que eu não vi. Assim mesmo declarei como um axioma que os videogames não podem ser arte. Continuo a acreditar nisso, mas eu nunca deveria ter dito isso. É melhor guardar certas opiniões para si mesmo".

Relativismo

O crítico citou em seu blog como certas pessoas o encorajaram ao longo dos anos a experimentar os jogos. Kellee Santiago da thatgamecompany se ofereceu para lhe enviar uma seleção de jogos e um amigo quis lhe emprestar um PlayStation 3, mas, teimoso, ele se recusou porque "(1) Não tinha vontade de gastar 20 a 40 horas (ou menos) em videogame; (2) se eu o admirava ou não, eu estava em uma posição em que só tinha a perder, e (3) eu era muito cabeça dura", disse ele.

"Meu erro em primeiro lugar foi pensar que poderia fazer um argumento convincente de ordem puramente teórica", admitiu. "O que eu estava dizendo é que os videogames não poderiam, em princípio, ser arte. Isso foi uma posição tola a tomar, particularmente porque parecia se aplicar a todo o futuro dos jogos. Isso foi indicado para mim, talvez centenas de vezes. Como eu poderia discordar? É perfeitamente possível que um dia, um jogo poderia ser uma grande arte ."

"Eu pensei nesses trabalhos de arte que me comoveram mais profundamente. Achei uma coisa em comum na maioria deles: através deles fui capaz de aprender mais sobre as experiências, pensamentos e sentimentos de outras pessoas. Minha empatia foi engrenada. Eu poderia usar essas lições e aplicá-la em mim e nas minhas relações com os outros. Elas poderiam me instruir sobre a vida, amor, doença e morte, princípios e moral, humor e tragédia. Elas podem tornar minha vida mais profunda, completa e gratificante", explicou ele.

"Cheguei à conclusão, sem uma definição que me satisfez", admitiu. "Eu tinha que estar preparado para concordar que os jogadores podem ter uma experiência que, para eles, é arte. Eu não sei o que eles podem aprender sobre outro ser humano dessa forma, não importa o quanto eles aprendam sobre a natureza humana. Eu não sei se eles podem ser inspirados para se transcenderem. Talvez eles possam. Como eu posso dizer? Eu posso estar errado. Mas se [não estou disposto a jogar um videogame] para descobrir isso, devo dizer isso. Tenho livros para ler e filmes para ver. Fui um tolo por citar jogos em primeiro lugar".