Entrevista: executivo fala sobre "Allods Online" e mercado de games russo
Desenvolver MMOs de sucesso é uma tarefa hercúlea que apenas poucos países, como Estados Unidos, Coreia do Sul e China, são capazes cumprir. Eventualmente, um ou outro território fora desta Santíssima Trindade consegue emplacar um título, mas a esmagadora maioria das iniciativas naufraga - o Brasil mesmo se deu mal com "Erinia" e "Taikodom" ainda tenta mostrar a que veio.
Este cenário só contribui para tornar mais admirável o sucesso de "Allods Online", desenvolvido em Moscou - isso mesmo, na Rússia - pela Astrum Nival. Talvez você não esteja familiarizado com este nome, mas no passado, quando se chamava Nival Interactive, a empresa chegou a desenvolver "Heroes of Might and Magic V", publicado pela Ubisoft.
Mas a empresa, hoje controlada pelo Mail.ru, maior conglomerado de mídia da Rússia, só decolou quando resolveu tirar "Allods Online" do papel. Hoje o RPG conseguiu espaço em mercados disputadíssimos, incluindo os três países citados no início do texto. E agora "Allods Online" acaba de desembarcar no Brasil, pelas mãos da Level-Up! Games.
No estúdio da Astrum Nival, em Moscou, UOL Jogos conversou com Dmitry Devishev, executivo da empresa, que falou sobre o mercado de jogos local - que, por sinal, tem muitas semelhanças com o do Brasil, como os altos índices de pirataria -, além dos planos em torno de "Allods Online". Leia:
UOL Jogos: "Allods Online" é o game mais ambicioso já desenvolvido na Rússia - e, não por acaso, aquele com o maior budget também. Como surgiu a ideia de desenvolver o MMO?
Dmitry Devishev: Desenvolver um MMO sempre foi um grande sonho do nosso estúdio desde a sua abertura, em 1996. Prestávamos atenção no mercado de games on-line, mas investir em títulos como os MMORPGs coreanos não estava nos planos do nosso publisher na época. Passamos, então, a trabalhar em RPGs convencionais com modo multiplayer e, em seguida, exploramos outros gêneros, inclusive com "Heroes of Might and Magic V", que foi distribuído pela Ubisoft. Quando o mercado de MMOs começou a crescer, conseguimos obter dinheiro de investidores russos para fundar uma nova empresa e desenvolver um RPG on-line.
O mercado de games on-line oferece uma melhor perspectiva na Rússia, já que aqui o índice de pirataria é alto. É possível ganhar dinheiro, claro, mas não muito. Com games on-line é mais fácil e oferece um retorno alto, principalmente ao explorar mercados maiores como a China e a Coreia. Pessoalmente, acredito que os games on-line serão dominantes no mercado, especialmente no PC.
UOL Jogos: Pelo visto há semelhanças entre os mercados brasileiro e russo de games. Você pode falar um pouco mais sobre a indústria de jogos na Rússia?
Dmitry: "Ragnarök" e "Lineage" são muito populares na Rússia. Quando a internet começou a se popularizar por aqui, quase todo pequeno provedor de internet lançou um servidor não-oficial de um destes jogos. Logo todos estavam jogando, especialmente jovens, mas pessoas mais velhas também, e até mesmo aqueles que nunca haviam jogado no computador. Não demorou até os MMORPGs se tornarem realmente populares na Rússia.
Cerca de três ou quatro anos atrás, várias operadoras de MMO se estabeleceram na Rússia, incluindo a Astrum Nival. Mensalmente novos jogos chegavam, o que ajudou o mercado a se desenvolver rapidamente.
UOL Jogos: Grandes empresas, como Blizzard e NCSoft, atuam na Rússia, mas ainda assim a Astrum Nival, sendo uma empresa local, é líder de mercado. Como vocês alcançaram tal performance em um mercado tão competitivo?
Dmitry: Na verdade, não é tão competitivo assim. A Blizzard, por exemplo, utiliza uma tática de mercado bastante convencional para promover "World of WarCraft", quase tratando o game como se fosse um título - ou seja, sem investir em banners, redes sociais etc. O que a Blizzard faz se resume a vender o jogo nas lojas.
É claro que a Blizzard têm um bom mercado aqui, afinal, há muitos entusiastas de "World of WarCraft" na Rússia. Já havia muitos fãs do jogo antes do lançamento oficial e, após isso, não houve nenhuma grande mudança. O número de pessoas que jogam após a promoção oficial é quase o mesmo de antes.
Em termos de concorrência, para nós, na verdade, consideramos apenas uma empresa [4game], que a é a responsável pela operação de "Lineage" na Rússia. Embora a empresa aproveite bastante a popularidade da série, não promoveu nenhum outro grande lançamento desde então e, por isso, não cresceu.
Nós realmente não sofremos pressão relacionada à concorrência de outro publisher local.
UOL Jogos: Para Astrum Nival, o quão importante é lançar "Allods Online" em outros territórios?
Dmitry: É muito importante. O mercado na Rússia é bom, mas o mercado estrangeiro é tão bom quanto (risos). Não sei ao certo qual é a representatividade da Rússia em relação à indústria de games como um todo, mas talvez seja 3%. É uma parte pequena.
Quando iniciamos o desenvolvimento de "Allods", tínhamos em mente o mercado global. Acredito que o dinheiro vindo da Rússia seja suficiente para pagar nossos custos de desenvolvimento, mas se conseguirmos emplacar o game em alguns grandes mercados estrangeiros, será muito bom para nós.
*O jornalista viajou a convite da Level-Up! Games.
Este cenário só contribui para tornar mais admirável o sucesso de "Allods Online", desenvolvido em Moscou - isso mesmo, na Rússia - pela Astrum Nival. Talvez você não esteja familiarizado com este nome, mas no passado, quando se chamava Nival Interactive, a empresa chegou a desenvolver "Heroes of Might and Magic V", publicado pela Ubisoft.
Mas a empresa, hoje controlada pelo Mail.ru, maior conglomerado de mídia da Rússia, só decolou quando resolveu tirar "Allods Online" do papel. Hoje o RPG conseguiu espaço em mercados disputadíssimos, incluindo os três países citados no início do texto. E agora "Allods Online" acaba de desembarcar no Brasil, pelas mãos da Level-Up! Games.
No estúdio da Astrum Nival, em Moscou, UOL Jogos conversou com Dmitry Devishev, executivo da empresa, que falou sobre o mercado de jogos local - que, por sinal, tem muitas semelhanças com o do Brasil, como os altos índices de pirataria -, além dos planos em torno de "Allods Online". Leia:
UOL Jogos: "Allods Online" é o game mais ambicioso já desenvolvido na Rússia - e, não por acaso, aquele com o maior budget também. Como surgiu a ideia de desenvolver o MMO?
Dmitry Devishev: Desenvolver um MMO sempre foi um grande sonho do nosso estúdio desde a sua abertura, em 1996. Prestávamos atenção no mercado de games on-line, mas investir em títulos como os MMORPGs coreanos não estava nos planos do nosso publisher na época. Passamos, então, a trabalhar em RPGs convencionais com modo multiplayer e, em seguida, exploramos outros gêneros, inclusive com "Heroes of Might and Magic V", que foi distribuído pela Ubisoft. Quando o mercado de MMOs começou a crescer, conseguimos obter dinheiro de investidores russos para fundar uma nova empresa e desenvolver um RPG on-line.
O mercado de games on-line oferece uma melhor perspectiva na Rússia, já que aqui o índice de pirataria é alto. É possível ganhar dinheiro, claro, mas não muito. Com games on-line é mais fácil e oferece um retorno alto, principalmente ao explorar mercados maiores como a China e a Coreia. Pessoalmente, acredito que os games on-line serão dominantes no mercado, especialmente no PC.
UOL Jogos: Pelo visto há semelhanças entre os mercados brasileiro e russo de games. Você pode falar um pouco mais sobre a indústria de jogos na Rússia?
Dmitry: "Ragnarök" e "Lineage" são muito populares na Rússia. Quando a internet começou a se popularizar por aqui, quase todo pequeno provedor de internet lançou um servidor não-oficial de um destes jogos. Logo todos estavam jogando, especialmente jovens, mas pessoas mais velhas também, e até mesmo aqueles que nunca haviam jogado no computador. Não demorou até os MMORPGs se tornarem realmente populares na Rússia.
Cerca de três ou quatro anos atrás, várias operadoras de MMO se estabeleceram na Rússia, incluindo a Astrum Nival. Mensalmente novos jogos chegavam, o que ajudou o mercado a se desenvolver rapidamente.
UOL Jogos: Grandes empresas, como Blizzard e NCSoft, atuam na Rússia, mas ainda assim a Astrum Nival, sendo uma empresa local, é líder de mercado. Como vocês alcançaram tal performance em um mercado tão competitivo?
Dmitry: Na verdade, não é tão competitivo assim. A Blizzard, por exemplo, utiliza uma tática de mercado bastante convencional para promover "World of WarCraft", quase tratando o game como se fosse um título - ou seja, sem investir em banners, redes sociais etc. O que a Blizzard faz se resume a vender o jogo nas lojas.
É claro que a Blizzard têm um bom mercado aqui, afinal, há muitos entusiastas de "World of WarCraft" na Rússia. Já havia muitos fãs do jogo antes do lançamento oficial e, após isso, não houve nenhuma grande mudança. O número de pessoas que jogam após a promoção oficial é quase o mesmo de antes.
Em termos de concorrência, para nós, na verdade, consideramos apenas uma empresa [4game], que a é a responsável pela operação de "Lineage" na Rússia. Embora a empresa aproveite bastante a popularidade da série, não promoveu nenhum outro grande lançamento desde então e, por isso, não cresceu.
Nós realmente não sofremos pressão relacionada à concorrência de outro publisher local.
UOL Jogos: Para Astrum Nival, o quão importante é lançar "Allods Online" em outros territórios?
Dmitry: É muito importante. O mercado na Rússia é bom, mas o mercado estrangeiro é tão bom quanto (risos). Não sei ao certo qual é a representatividade da Rússia em relação à indústria de games como um todo, mas talvez seja 3%. É uma parte pequena.
Quando iniciamos o desenvolvimento de "Allods", tínhamos em mente o mercado global. Acredito que o dinheiro vindo da Rússia seja suficiente para pagar nossos custos de desenvolvimento, mas se conseguirmos emplacar o game em alguns grandes mercados estrangeiros, será muito bom para nós.
*O jornalista viajou a convite da Level-Up! Games.
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- Primeiras impressões: com combates em navios voadores, "Allods Online" é nova aposta da Level Up!
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